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Sacos na saúde também em 2018 até chegar a inflação

De "O VERMELHO E O PRETO" de ALESSANDRO FUGNOLI, estrategista da Kairós - Apesar dos temores de que o feitiço acabe, os mercados financeiros ainda têm um ano promissor pela frente, pelo menos até que a inflação se manifeste: até então nenhuma queda generalizada visão

Sacos na saúde também em 2018 até chegar a inflação

Existem duas maneiras de olhar para 2018 e lidar com ele nos mercados. A primeira é a Bola Excelsior, a narração presunçosa das fortunas magníficas e progressivas de um mundo que voltou a crescer fortemente e sem inflação. Apesar desse desdobramento triunfante das forças produtivas, governos e bancos centrais, que pelos livros didáticos já deveriam ter começado a trazer de volta as bebidas alcoólicas que serviam para aquecer o ambiente para a cozinha e o porão, podem continuar (exatamente porque não há inflação) distribuir coquetéis fiscais expansivos e champanhe monetário eufórico com impunidade.

Da qui a sensação de um 2018 destinado a replicar 2017, com títulos estáveis, spreads de crédito ainda mais compressivos, lucros crescentes, múltiplos de ações ainda em expansão e bolsas de valores subindo com confiança para níveis novos e mais altos do que nunca.

A segunda maneira de olhar para 2018 é a subida do rio na floresta, o Congo de Conrad, o Mekong de Coppola, o Orinoco do Aguirre de Herzog. A natureza é luxuriante e obscenamente rica, basta estender a mão para ter tudo o que se deseja, mas também é cheia de armadilhas, sussurros, sussurros tão perturbadores quanto silêncios repentinos. E no coração dos marítimos a lembrança do mundo seguro atrás deles se esvai lentamente e a ansiedade, o medo do desconhecido, a sensação de solidão e a consciência de um fim de viagem que, por mais distante que seja, será inevitavelmente dramático.

Tivemos um exemplo da prevalência da primeira narrativa nos primeiros dias deste novo ano, quando uma sensação de euforia, pela primeira vez em mais de dez anos, tomou conta dos mercados e também contagiou as mentes que passamos a frequentar. conhecido como sóbrio e equilibrado. E assim, entre uma surpresa macro positiva e outra, ouvimos de gestores de valor solidamente observadores como Buffett ou Tepper afirmam que o mercado não está tão supervalorizado quanto parece e que, calculando os lucros esperados ainda crescentes e o corte de impostos, não é mais caro, em termos de valor, do que há um ano atrás.

A segunda narração, ao contrário, influenciou as últimas sessões, quando os mercados deixaram de usar os olhos para ver os fatos reais e passaram a prestar atenção aos sussurros e murmúrios que vinham da floresta. Parece que a China quer reduzir suas compras de títulos do Tesouro. Parece que Trump está prestes a se retirar unilateralmente do NAFTA. Ele também parece ser louco. Um pedido de impeachment baseado na XNUMXª Emenda (incapacidade física ou mental) aparentemente está em preparação. Parece que o Grande Inquisidor Mueller tem material suficiente para precipitar as coisas e se prepara para interrogar Trump.

Parece que Merkel, cem dias depois da votação, está encontrando obstáculos mais sérios do que se pensava para formar um governo com o SPD. Ao que tudo indica, o BCE quer endurecer o guidance de juros já nos próximos meses.
E se a China comprar menos títulos do Tesouro, as taxas sobem. E se as taxas sobem, os múltiplos de ações se contraem e os mercados de ações caem. E se o NAFTA dissolve o Canadá e o México entra em recessão, o extremista Obrador se torna presidente do México, as multinacionais fogem para o norte do Rio Grande, onde os custos de produção são muito mais altos, então a inflação sobe e os lucros caem. E se Trump for colocado em xeque e Washington se tornar ingovernável, a confiança criada pela reforma tributária se dissolve em um instante.

E se Merkel não conseguir e voltarmos às urnas, corremos o risco de pular o plano de Macron para a Europa, que tem um cronograma apertado e deve ser implementado antes das eleições europeias de 2019. China nega intenção de comprar menos títulos do Tesouro (tudo bem enviar advertências a Trump, mas por que se machucar e fazer com que os dois trilhões de reservas chinesas investidos no governo dos EUA percam valor?). E se Trump anunciasse a retirada americana do NAFTA, ele teria que aprová-lo pelo Congresso (difícil) e ainda esperar seis meses para torná-lo executivo.

Seis meses durante os quais as negociações continuariam até uma muito provável revisão do tratado, que é o verdadeiro objetivo de Trump. Quanto à Europa, o teatro da política alemã ainda levará mais algumas semanas, mas no final, quase com certeza, teremos um governo que vai começar da melhor forma. E quanto ao BCE, vão fazer-se algumas acrobacias linguísticas, como em Sintra em julho passado, para dizer que o crescimento é forte e melhor do que o esperado, mas o programa estabelecido no QE não será alterado (no máximo será indicou como menos provável o final do último trimestre hipotetizado por Draghi).

O ponto é um e apenas um, a inflação. Enquanto não subir, a normalização será lenta e não consistirá na volta das taxas reais positivas. No máximo, as taxas reais poderão subir para zero. No último período, falou-se muito de uma inflação assustadoramente crescente e aqui e ali até vimos alguma coisa. Honestamente, ainda é muito pouco.

Notamos também, em todas as pesquisas de empresas na América, Alemanha e Japão, uma dificuldade crescente em encontrar pessoal. Ao mesmo tempo, porém, notamos que as empresas não perseguem os candidatos oferecendo-lhes salários mais altos e tentam se contentar com o pessoal que têm disponível ou, possivelmente, com automação e aumento de produtividade. Concordamos, a água é sempre mais quente, mas o ponto de ebulição, a inflação total, ainda não está sendo alcançado. Por outro lado, a prevenção, ao elevar as taxas antes do que já foi anunciado, corre o risco de derrubar o nível dos ativos financeiros e esfriar o clima de confiança muito cedo.

Em suma, 2018 se aproxima com uma narrativa dupla. Por um lado, os dados reais, muito bons até que se prove o contrário, por outro, a escuta ansiosa de qualquer ruído que se assemelhe remotamente a uma prova em contrário. O resultado é um aumento gradual da volatilidade (a passagem de uma narrativa para outra e vice-versa), um possível aumento lento das taxas reais, a expectativa de inflação de longo prazo e do prêmio de prazo dos títulos e uma possível parada (e indício de reversão da tendência ) no processo de expansão dos múltiplos de patrimônio. Tudo combinado com uma modesta depreciação adicional do dólar. Por outro lado, isso não leva a nenhuma queda generalizada, significativa ou duradoura dos ativos financeiros, pelo menos para este ano ou até que a inflação de fato ocorra

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