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As razões para a falta de desvalorização competitiva na Ucrânia

A adoção de medidas de estabilização macroeconômica é o principal tema de discussão com o FMI, com o qual a Ucrânia suspendeu a cooperação? Segundo a SACE, deve-se antes olhar para um objetivo político: as eleições de 2015.

As razões para a falta de desvalorização competitiva na Ucrânia

A partir do segundo semestre de 2012, conforme indicado no foco SACE, a queda das exportações e dos investimentos, tanto públicos quanto privados, levou a Ucrânia a uma recessão, marcada pela tentativa de contenção do défice orçamental e pelas perspetivas negativas de crescimento futuro. Esta quebra das exportações (-4% nos primeiros seis meses de 2013) está associada ao queda na demanda dos principais mercados-alvo, em particular no que diz respeito aos países da CEI e da Ásia (respectivamente 35% e 25% das exportações ucranianas, em particular aço, produtos químicos e agroalimentares). Por sua vez, as crescentes importações de bens energéticos da Rússia (25% das importações totais) contribuem substancialmente para o déficit em conta corrente, equivalente a 7% do PIB em 2012. Neste contexto, o persistência da fragilidade das exportações ucranianas e a não obtenção de um acordo com a Rússia para a redução dos preços de abastecimento de gás estes são os elementos subjacentes às previsões de um novo alargamento do défice corrente, que se prevê este ano para -7,9% do PIB. Este déficit da conta corrente tem gradualmente esgotado as reservas em divisas fortes do Banco Central, devido à manter a paridade da moeda ao dólar. As reservas internacionais em 2012 totalizaram cerca de US$ 24 bilhões, uma queda de 20% em relação ao ano anterior. Apesar de algumas medidas adotadas pelo Banco Central para reduzir a saída de divisas, a tendência manteve-se durante o primeiro semestre de 2013, período em que as reservas também foram afetadas pelo pagamento de parte da dívida externa vincenda, caindo para 22,8 XNUMX bilhões

A situação não melhora se você olhar para o crescente déficit orçamentário público (-4% em 2012 e esperado -5% em 2013), associados, por um lado, à redução das receitas fiscais devido ao abrandamento do produto e, por outro, ao aumento progressivo da despesa corrente com salários, pensões e subsídios ao preço do gás no consumidor, através de transferências para a estatal Naftogaz que em 2012 registou um défice na ordem dos 2% do PIB. O nível da dívida pública cresceu cerca de 15% nos últimos cinco anos, atingindo assim cerca de 35% do produto interno. Para lidar com a situação o governo mantém uma alta dependência de empréstimos em moeda forte (em 2012 cerca de metade da dívida pública estava denominada em moeda estrangeira) principalmente através de emissões de Eurobonds. No primeiro semestre de 2013, o país conseguiu uma primeira emissão de títulos de 1 bilhão em fevereiro e outra de 1,2 bilhão em abril, ambas com prazo de 10 anos. A resposta dos mercados às emissões esperadas na segunda metade do ano será então essencial para o refinanciamento dos títulos de dívida com vencimento em 2013 (equivalentes a cerca de 10 mil milhões). No entanto, a dependência dos mercados financeiros expõe o país ao risco de deterioração do apetite dos investidores, dada anovos empréstimos previstos pelo governo para o pagamento dos títulos, além do uso de reservas internacionais. Com a preocupação ainda de um cenário em que, até há dois anos, era o Chipre que se destacava entre os principais países investidores na Ucrânia.

Por sua vez, o volatilidade da taxa de câmbio é mais um elemento de risco para o país. Formalmente, a Ucrânia tem uma taxa de câmbio flutuante, embora o Banco Central mantenha a moeda nacional atrelada ao dólar em torno de 8 UAH/USD, acarretando um custo significativo para o país em termos de reservas cambiais. E isso dificilmente será sustentável no curto prazo. O impacto de uma desvalorização do Hrvnya na posição externa (o país tem um défice comercial igual a 11% do PIB e uma dívida externa igual a 67% do PIB) seria substancial, pelo que as autoridades monetárias atrasaram até ao momento uma correcção ação nesse sentido, que no entanto pode ser provável no segundo semestre de 2013. 

Aqui estão então as escolhas de Economia Política dos próximos seis meses será fundamental, também para efeito de retomada das negociações com o FMI. Para além das necessárias reformas estruturais para relançar a produção e as exportações, já que é a falta de crescimento que alimenta a dívida e não o contrário, é precisamente a adoção de medidas de estabilização como desvalorização cambial, contenção das despesas correntes e desalavancagem será o principal tema de discussão com o FMI, com o qual o país suspendeu a cooperação desde 2011 devido à não adoção das medidas acima mencionadas. Um ponto sensível para a atual classe dominante e sua própria benefícios da posição, dada a impopularidade óbvia de tais medidas em vista das eleições de 2015. A menos que seja o peso da própria recessão que atinge ainda mais fortemente a população, com consequências extremamente "impopulares".

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