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O cinema recomeça e Bond volta ao palco, mas há guerra entre cinemas e streaming

Está marcada para 28 de setembro em Londres a estreia de "Sem tempo para morrer", o mais recente filme do lendário 007 que terá distribuição imediata nas salas de cinema de todo o mundo - É um sinal do recomeço da indústria cinematográfica mas entre streaming e bilheteria é um embate escaldante com os grandes protagonistas da Netflix e da Disney

O cinema recomeça e Bond volta ao palco, mas há guerra entre cinemas e streaming

Talvez a espera tenha acabado. Na abertura do CinemaCon, encontro em Las Vegas que reúne distribuidores e donos de cinemas, foi anunciado que a estreia de “No time to Die”, o mais recente filme de James Bond filmado em 2020 ao custo de 250 milhões de dólares será realizado em Londres no dia 28 de setembro. Logo após o filme será lançado nos cinemas de todo o mundo, após três tentativas sem sucesso nos últimos 18 meses sob a pressão da pandemia.

È um sinal significativo de retorno à normalidade, esperando que outros títulos em cassete congelados por mais de um ano chegassem aos cinemas, como i Remake de Caça-Fantasmas e Top Gun, os curingas que os grupos de Hollywood pretendem jogar no outono para fechar a temporada mais negra da indústria, encurralados não só pela pandemia, mas pelo competição de streaming que, sob o impulso da Netflix, questionou a própria existência do cinema distribuído nas salas de cinema, um dos rituais mais típicos do século XX.

A guerra, ainda em curso, está sendo travada nas bilheterias, mas também nas cercas virtuais de bolsas de valores. Para desencadear a ofensiva, Walt Disney se juntou à Warner. Os dois gigantes do entretenimento decidiram disparar seus melhores cartuchos (Viúva Negra com Scarlet Johanson para Disney, Godzilla x Kong para a Warner) tanto nos cinemas quanto, simultaneamente, com seus serviços de streaming. Uma jogada aparentemente suicida, mas que vai ao encontro das sugestões de analistas do setor: o valor das ações de mídia na Bolsa, na opinião de corretores, agora está mais ligado ao número de assinantes de serviços de streaming para uso doméstico do que da exibição no corredor.

E não importa se a bilheteria vai perder, como aconteceu prontamente: The Black Widow arrecadou pouco mais de 80 milhões de dólares em seu primeiro fim de semana, apenas para reduzir sua arrecadação pela metade na segunda semana. Enquanto isso, o Disney+ estava fazendo ótimos negócios com os assinantes: 60 milhões de receitas a mais também graças à taxa extra paga para poder assistir às estreias. A loira explosiva não aceitou bem Johansson processando a casa do Mickey Mouse. O emolumento da diva, aliás, está em grande parte atrelado aos recebimentos nos cinemas, sem que haja previsão de nada para uso via assinatura. “É uma afirmação infundada” comentou de imediato o gigante dos desenhos animados, empenhado em relançar os parques temáticos encerrados durante a pandemia.

Mas a mudança não agradou aos produtores que, no caso de MGM e Universal para 007, cerraram os dentes e suportaram fardos pesados ​​para não ceder à tentação de ceder os direitos de alguma plataforma, gesto que vale uma rendição incondicional ao inimigo. E a associação americana de donos de cinema lançou, da arena de Las Vegas, o desafio para Walt Disney: “Os dados – diz o presidente dos expositores John Fithian – mostram que a mudança não valeu a pena.

A solução mais lógica é explorar o filme nos cinemas primeiro, depois passar para o consumo interno” a não ser que queira estrangular o setor e depois comprar as peças mais barato. Como tentaram fazer os gestores de hedge que, nos meses de fechamento dos corredores, inundou as listas de títulos da AMC com vendas, a primeira cadeia de cinemas do mundo, com o objetivo de obrigar a empresa a levantar a bandeira branca. Mas para defender o colosso dos cinemas, também forte na Europa, interveio a cavalaria dos Robinhooders, os comerciantes individuais que fizeram o preço da AMC disparar. Enquanto isso o novo ceo disparou a arma letal, digno de um super-herói: uma tigela gigante de pipoca grátis no cinema para pequenos acionistas. A julgar pela resposta do mercado às contas (+9%), a jogada funcionou: vendas de pipoca eles já voltaram aos níveis pré-pandêmicos. Claro, enquanto isso a empresa está navegando em um mar de dívidas que não será fácil de secar nos próximos meses. Mas há uma novidade inesperada: em 2021, até o momento, a AMC colocou no mercado um número maior de ações em tesouraria do que os ingressos vendidos nas bilheterias. Nada a dizer: parece enredo de filme, sem ser 007.                

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