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Fiat, Mirafiori suspenso entre o fechamento e a miragem do 500X

A estreia do 500L em setembro - Mas Marchionne adverte: "Nestas condições de concorrência nas tabelas de preços, seria um erro lançar novos modelos" - Ou trabalhamos para o "cliente americano", ou seja, a Chrysler, ou passamos a cortou pelo menos uma fábrica na Itália – Mirafiori, enfim, suspensa entre a miragem do novo produto e a espada de Dâmocles do fechamento.

Fiat, Mirafiori suspenso entre o fechamento e a miragem do 500X

Mas não era o caso de acelerar a produção do novo Punto em vez de apostar as cartas numa nova versão do 500? Olivier François, diretor de marketing da Fiat, olha para Marchionne e responde: “Acho que posso interpretar o pensamento do meu chefe: este é o momento ideal para não fazer besteira. Desculpe, mas não consigo encontrar um termo mais adequado…”. Marchionne, sentado na terceira fila ao lado de Gian Luigi Gabetti (em sua melhor forma), riu muito. E também aprecia o golpe de teatro final: por alguns segundos, no fundo do palco, pode-se vislumbrar a silhueta do 500 X, o sete portas que, se tudo correr bem, será produzido nas linhas Mirafriori no final de 2013. Mas ao mesmo tempo estado atual aquele carro é o que aparece no palco: uma miragem, ou pouco mais.

É neste contexto que o CEO da Fiat e da Chrysler lança a sua investida, reiterando coisas conhecidas mas com acentos finais porque os tempos são curtos. “Certas coisas – diz – deveriam ter sido feitas ontem”. Enquanto isso, há dois fatos novos:

A) A Fiat exerceu a opção de compra de 3,3% da Chrysler, passando para 61,8%. É apenas o primeiro passo, porque Lingotto pretende exercer as opções restantes e depois proceder à compra da totalidade da Chrysler. Quando? "Definitivamente antes de 2016. Gostaria de ressaltar que a Fiat já tem o dinheiro necessário para a operação".

Enquanto isso, o crescimento da Chrysler continua a toda velocidade: o lucro operacional já este ano ultrapassará 3 bilhões, a meta de 2,8 milhões de carros até 2014 provavelmente será alcançada no próximo ano. “Estamos no limite – explica Marchionne – Mesmo sabendo que o terceiro turno começou em Jefferson North esta semana e teremos as fábricas funcionando a plena capacidade do México ao Canadá”.

B) É aqui que entra a segunda novidade. A Fiat apresentará nesta manhã seu recurso contra a sentença do tribunal de Roma que exige a contratação de 145 membros da Fiom. Além da batalha legal e sindical, “que deixarei para os advogados”, Marchionne faz questão de destacar que: 1) “A oferta de usar fábricas italianas para produzir em nome do cliente Chrysler é mais atual do que nunca. Mas nada será feito até que haja a necessária tranquilidade italiana. O direito de fazer negócios é da Fiat”; 2) na ausência deste acordo entre a Fiat e a Chrysler, "dada a situação do mercado europeu, pelo menos uma fábrica italiana em cada quatro é demais". Poderia ser Mirafiori? "Com esse mercado - responde o CEO da Fiat - não pretendo assumir nenhum compromisso".

A análise do Lingotto no mercado é clara. “A crise da demanda – explica Marchionne – está destinada a durar mais 24-36 meses”. Mas não é só uma questão de volumes, mas de preços. "Nessas condições de competição por tabela de preços, que beneficiam os consumidores, mas são insustentáveis ​​para os produtores, seria um erro lançar novos modelos". Por enquanto, nenhuma medida foi tomada para reduzir o excesso de capacidade de produção na Europa Ocidental. Daí a conclusão: ou trabalhamos para o "cliente dos EUA", ou seja, a Chrysler, ou cortamos pelo menos uma fábrica na Itália.

Mas o "cliente americano" não é outro senão o próprio Marchionne, que não pretende dar descontos à Fiat na Europa, muito menos na Itália. “A Chrysler – insiste – pede para comprar em condições de mercado”. Uma questão de preços, mas ainda mais da fiabilidade das fábricas, que devem ser capazes de garantir ao “cliente” a mesma flexibilidade de produção que o resto do mercado. E não é por acaso que Marchionne se refere ao contrato que os sindicatos britânicos assinaram com a GM para a fábrica de Ellesmere, para onde passará parte da produção da Opel. “Leia esse contrato – insiste Marchionne – São 51 semanas de trabalho por ano, três turnos mais o sábado obrigatório a pedido da empresa. Essas são as condições praticadas no mercado”, que a Fiat não pretende derrogar. “Mas eu – conclui Marchionne – continuo trabalhando para um projeto positivo. Não me faça dizer que quero fechar uma fábrica”.

Mirafiori, em suma, permanece suspenso entre a "miragem" do novo produto e a espada de Dâmocles do fechamento. Ontem, por ocasião da apresentação do 500 L, originalmente concebido para a fábrica de Turim e depois desviado para Kragujevac, na Sérvia (“onde gostámos de uma série de vantagens” reconhece o CEO), registou-se a ausência da festa de John Philipp Elkann, presidente da Exor. Isso não é um sinal positivo: na história da Fiat, quando os momentos mais graves se aproximam, é uma boa prática o acionista controlador se retirar.    

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