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Brasil: o carro popular está de volta, uma oportunidade para a Fiat. E Lula visita a fábrica da Stellantis em triunfo

Dupla jogada do governo brasileiro em apoio ao setor automotivo: o bônus chega para alguns modelos, inclusive os da empresa italiana, e depois o presidente Lula inaugurou em Goiana, recebido pelo presidente da Stellantis Sudamerica Antonio Filosa, a produção do Captador Ram Rampage

Brasil: o carro popular está de volta, uma oportunidade para a Fiat. E Lula visita a fábrica da Stellantis em triunfo

De volta ao básico para Lula. O presidente do Brasil, recentemente reeleito pela terceira vez e agora com 77 anos, não esqueceu seu longo passado como dirigente sindical do setor de engenharia, que o levou à liderança da esquerda por mais de 30 anos, e recentemente fez dois lances para aumentar oindústria automobilística. A primeira, substancial: o governo acaba de lançar o retorno dos chamados "vagão popular”, o automóvel popular, ou seja, um bônus por comprar alguns modelos, com base numa tabela que prevê maiores descontos em função do consumo de energia e do combustível utilizado.

Lula foca em carros populares: Fiat na pole position

As deduções em alguns casos são substanciais, chegamos quase 15% e para beneficiar ao máximo são alguns modelos do marca italiana Fiat, historicamente bem enraizada no mercado brasileiro. Em particular o Tipo Fiat Mobi, um superutilitário produzido no país sul-americano e que hoje se torna o carro mais barato de todos: pode ser adquirido por pouco mais do equivalente a 10.000 euros. Este modelo pertence à mesma família do Uno e do Panda e é líder no segmento A. 

Bônus importante também para o Fiat Argo 1.0, outro modelo muito popular no Brasil (em 2021 entrou no top 5 dos carros mais vendidos do país), que graças à iniciativa pessoalmente desejada por Lula custará agora cerca de 12 euros, 2 menos do que o preço de tabela. O vagão popular também está prestes a dar à luz um derby ítalo-francês, em alguns casos dentro da mesma família Stellaris já que entre as marcas beneficiárias estão principalmente Peugeot e Citroën, além de Renault e Volkswagen.

Mas superbônus do carro no Brasil gera polêmica

No entanto, a medida tem sido muito discutida. Enquanto isso, para a modalidade: os bônus, que também saíram de moda na Itália com os governos pentastelares, principalmente durante a pandemia, continuam sendo uma fórmula que não convence totalmente os insiders. E então há o custo, não indiferente, e que recai sobre todos: a operação custa 1,5 mil milhões de reais, cerca de 300 milhões de euros, e para a financiar o preço do gasóleo foi aumentado em 11 cêntimos de reais. Então, segundo parte da imprensa, é um cachorro correndo atrás do rabo: economizando na compra do carro, mas gastando mais no combustível.

Sem contar que os descontos, por mais significativos que sejam, não são suficientes para tornar o carro acessível a camadas mais pobres da população, a que teoricamente se destinaria a disposição. De facto, o máximo atinge-se nos 10/12 mil euros, enquanto no Brasil o salário mínimo equivale a menos de 300 euros. No entanto, os pobres também pagam impostos e gasolina, refere a imprensa, e, além disso, não há bónus por escalão de rendimentos. Posto assim, parece mais um desconto para cidadãos de classe média quem quer trocar de carro. Entre outras coisas, incentivar a compra de carros particulares ajuda um setor em dificuldade (no Brasil, os emplacamentos caíram 30% de abril a maio), mas contrasta totalmente com o objetivos ambientais, sobretudo porque a tabela de descontos recompensa apenas parcialmente os veículos elétricos ou híbridos, que são em todo o caso uma minoria. Sem falar que o bônus na verdade também diz respeito à compra de veículos mais poluentes, como ônibus e caminhões, e que a gasolina, novamente a mando do governo Lula que impôs uma política de preços diferenciada na Petrobras, tem um preço bastante competitivo, o que certamente não desestimula o uso de veículos particulares.

Lula visita Stellantis em Goiana e inaugura nova picape Ram

Mas a medida está aí, e o tempo dirá que tipo de vantagens ela terá trazido em termos de receita e emprego para as fabricantes, inclusive a Fiat, que também está presente no Brasil como Stellantis. Há dias Lula visitou, simbolicamente, o próprio a fábrica da Stellantis em Goiana, em Pernambuco (estado natal do presidente): polo automotivo que ele mesmo inaugurou em 2010, antes de ser assolado pelo escândalo da Lava Jato, e que hoje emprega 13 mil pessoas em uma das regiões mais pobres do Brasil. Na época, Lula queria torná-la o centro de produção dos "carros populares" da marca Fiat, mas a fusão com a Chrysler mudou os planos e a linha Jeep passou a ser produzida em Goiana. Hoje, recebido triunfalmente pela presidente da Stellantis Sudamerica, Antonio Filosa, Lula participou da inauguração da produção de Captadores topo de linha Ram Rampage, fabricado pela primeira vez fora da América do Norte e envolvendo mais de 800 engenheiros e técnicos no Brasil para desenvolvê-lo. 

Uma recepção triunfante, mas os ambientalistas estão à espreita

Em seu Pernambuco Lula foi recebido em festa, e obviamente Stellantis agradece os novos incentivos. Sobre tudo Fiat, que foi a marca de automóveis mais vendida no Brasil em 2022, com 430 unidades, graças sobretudo ao modelo Strada, e alcançou também o recorde de faturação, com o equivalente a 9 mil milhões de euros. Mas o presidente Lula segue em observação nas questões ambientais: o plano contra o desmatamento da amazonia é melhor que o de seu antecessor Bolsonaro, mas ainda insuficiente, e então no Brasil a concessão que provavelmente será dada à Petrobras para extrair mais petróleo na foz do rio Amazonas está causando muita discussão: um movimento necessário para aumentar a produção , mas simbolicamente devastador para a imagem de um governo que se vende como ambientalista à comunidade internacional.

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