Suíça, paraíso perdido para as multinacionais. Itália, Eldorado dos capitães da Administração Pública. Se além dos Alpes os grandes dirigentes correm o risco de ter seus salários cortados, na Península os números um do público continuam recebendo números recordes, quando comparados aos de seus colegas estrangeiros.
Vamos em ordem. A dúvida de que Berna poderia perder o status de Olimpo de grandes empresas começa a se espalhar, após a proposta de colocar um teto máximo para os salários dos altos executivos. Uma proposta que foi formalizada, colocada no papel e – sobretudo – que será submetida ao voto dos cidadãos suíços no referendo de 24 de novembro.
A iniciativa, promovida pela Juventude Socialista da Confederação, chama-se “1:12”, onde 1 é o salário mínimo da Confederação e 12, em relação, deveria ser o máximo. Dito de outra forma, um chefe de alto escalão não poderia ganhar tanto em um mês quanto o empregado com a remuneração mais baixa ganha em um ano.
Na Suíça, o teto é amplamente excedido, pelo menos em alguns casos excelentes. Em 2012, o principal gerente do processo farmacêutico da Novartis, Joseph Jimenez, arrecadou 266 vezes mais do que o funcionário menos qualificado. Paul Bulcke, da Nestlé, marcou 215 vezes, de forma mais modesta.
Em caso de vitória no referendo, a regra do teto salarial seria inserida na constituição suíça. Na Suíça, no entanto, alguns apontam que os gerentes de alto escalão também são os principais contribuintes do Estado. E que se a proporção de 1:12 for aprovada, há um grande risco de fuga.
Isso provavelmente é muito barulho por nada. De acordo com a última pesquisa da SRG SSR, a emissora suíça, "o consenso para a proposta despencou praticamente em todos os lugares".
Se no início de outubro os prós e contras eram iguais, agora o sim recolhe apenas 36% das opiniões favoráveis, enquanto o não registra uma alta para 54%.
“É uma tendência previsível para iniciativas populares”, explica o cientista político Claude Longchamp. Segundo Longchamp, em três semanas o texto será rejeitado na proporção de dois para um. “É de longe o cenário mais provável”, diz ele.
Os números realmente mudam conforme os idiomas mudam. Na Suíça de língua italiana, 54% dos entrevistados dizem que querem votar sim, enquanto apenas 35% dizem que são contra. Na Suíça francófona, a situação é equilibrada, enquanto na Suíça francófona não prevalece, com 58%.
E se a Confederação Suíça está colocando os holofotes sobre seus altos dirigentes privados, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico está apontando o dedo para os altos dirigentes públicos italianos.
Os gerentes seniores da administração pública italiana ganham três vezes mais do que a média da OCDE. É o que revela a própria Organização, com base em dados de 2011, sublinhando que o salário médio é de 650 mil dólares, mais 250 mil do que o segundo classificado, os neozelandeses com 397 mil dólares. A média da OCDE para em 232 dólares.