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Descontos na Bolsa de Valores: títulos do governo na China e pechinchas no Brasil

A China tem decepcionado as expectativas de crescimento do PIB, mas por isso mesmo torna-se interessante investir em títulos do governo. Oportunidades não faltam no Brasil, mas é melhor ficar longe de Türkiye. Aqui estão algumas dicas para aproveitar (criteriosamente) os saldos do mercado de ações

Descontos na Bolsa de Valores: títulos do governo na China e pechinchas no Brasil

O último será o primeiro? Depois de um ano agitado para a generalidade dos índices accionistas, vale a pena revisitar os mercados que desiludiram as expectativas dos operadores e que, por isso, apresentam agora valorizações com desconto. Especialmente no caso de China, o gigante da economia mundial que, segundo previsões para o início de 2021, parecia destinado a colher primeiro e com mais força a recuperação pós-Covid. As coisas, você sabe, foram diferentes. O índice Csi 300 de Xangai e Shenzhen apresentou queda de 5,3% em dólares. A Bolsa de Valores de Hong Kong foi ainda pior, fechando o ano com generosas perdas de 14%. E, no entanto, não foram poucos os que apostaram que Pequim defenderia os patamares da ex-colônia britânica, local de desembarque obrigatório, entre outras coisas, para os grandes nomes da tecnologia amarela forçados contra sua vontade a fazer as malas em Wall Street.

 Isso não aconteceu. O presidente Xi Jingping impôs um forte aperto aos gigantes que cheiram a excessiva independência do poder central. O Alibaba pagou o preço, desbancando as dez empresas mais capitalizadas, mas também a Didi, a Uber de Pequim que não esperou o sinal verde do partido para se candidatar a Wall Street. Enquanto isso, explodiu a tão ameaçadora crise imobiliária, que promete vir de longe. As notícias desta manhã sobre o nova suspensão das ações do Evergrande que também anunciou no fim de semana que estava pronta para retornar à plena atividade. Em suma, não só a China ficou desapontada, como numerosos sinais indicam que a desaceleração da economia do Dragão também continuará em 2022. Portanto, Crescimento do PIB continuará modesto, provavelmente abaixo dos 6% indicados pelas previsões oficiais. 

Dada a política de tolerância zero contra o Covid-19, restrições continuarão pesando sobre a atividade econômicaespecialmente no setor de serviços. O governo interveio para apoiar o setor de energia depois que vários apagões desaceleraram sua atividade. No entanto, a pressão sobre as reservas de carvão deve permanecer, pelo menos no inverno. Como resultado, os produtores estão enfrentando custos de energia mais altos em um momento em que a demanda de exportação parece desacelerar. Ficar longe de Pequim? Também não diz porque a maioria dos fatores negativos já foi incorporada aos preços. Hoje, as contas dos principais grupos de carros elétricos (Nio, Li Peng e Li Auto) oferecerão a oportunidade de medir a força da recuperação. Não somente. Pequim também adotou novas medidas de estímulo enquanto as autoridades se preparam para a apoteose do congresso de outubro, ocasião para uma reconfirmação triunfal do presidente. Do ponto de vista dos mercados, diz Louisa Lo da Schroders “a correção do mercado de ações chinês em 2021 dá origem a inúmeras oportunidades em vários setores. No geral, acreditamos que as avaliações são adequadas e oferecem mais proteção contra riscos negativos em um ambiente macro ainda desafiador em 2022.” Além de uma revisão do aperto nas ações de tecnologia, os mercados serão apoiados por ações de consumo impulsionadas pelo aumento da renda disponível graças a reformas e estímulos.

Mas as melhores oportunidades poderiam ser encontradas em renda fixa, o verdadeiro buraco negro para os investidores que, na ausência de alternativas, ainda compram Bunds, que ainda oferecem um rendimento negativo mesmo na presença de uma inflação alemã acima de cinco por cento. Os títulos de Pequim são uma boa alternativa: rendimentos atrativos, inclusão em índices internacionais e a manutenção da moeda em busca de afirmação como moeda de reserva são alguns dos motivos que sugerem preste atenção aos títulos do renminbi.

Não está só a China entre as grandes desilusões de 2021. Uma aposta (ligeiramente) de alto risco preocupa Brasil. O índice Bovespa da Bolsa de Valores de São Paulo fechou 2021 com perda de quase 14%, se expresso em euros. É um dos piores desempenhos do mercado de ações do mundo. Para achar pior tem que olhar na Bolsa de Valores Turquia caiu 25% em euros, devido ao colapso da lira turca que abre o ano com a sexta queda consecutiva. Em suma, o efeito do anúncio das medidas extraordinárias feitas há alguns dias pelo presidente Recep Tayyip Erdogan já desapareceu. Mesmo que os rendimentos dos títulos sejam muito altos, o risco de perder a moeda ainda é grande.

As acrobacias do sultão de Istambul criaram mais estragos do que a má gestão da pandemia do atual presidente Jair Bolsonaro, cuja popularidade está em queda livre.

Agora, por razões sazonais, o Covid-19 está a abrandar. Não se sabe até quando, até porque as crónicas cariocas falam da explosão da febre do Carnaval, sem máscara mas com numerosos desfiles mascarados. Certamente será um ano turbulento pela frente votação de outubro que vê o ex-presidente Ignácio Lula em clara vantagem. 

Vale a pena apostar nesta Bolsa capaz de atingir uns espetaculares +2016% em 76, expressos em euros? A aposta, que não deve ser aconselhada para os fracos de coração, não é temerária, ainda que a economia carioca esteja recuperada de um ano ruim, prejudicada na agricultura pelo fraco desempenho das safras de soja, algodão, milho e cana-de-açúcar e, como no que diz respeito à indústria, pela crise energética e pelas dificuldades de exportação dado o estado da logística. Com todos os seus problemas, porém, em 2031 o Brasil poderia se tornar a oitava potência econômica do mundo contornando a Itália. E por enquanto os preços estão em equilíbrio: um índice P/L médio do índice Bovespa em torno de 6,7 vezes e um Dividend Yield em torno de 8%, valores muito atrativos quando comparados com a média mundial: o índice MSCI World "roda" com um P/L de 21,50x e um Dividend Yield de 1,70%.

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