comparatilhe

Menos bancos significam menos crédito e talvez mais risco

A redução de mais de 700 bancos europeus em 10 anos da Grande Crise pode parecer uma boa notícia à primeira vista mas não é de todo porque foram sobretudo os pequenos bancos que desapareceram mas os que tendem a assumir riscos excessivos são os grandes , que não deixará nunca quebrar após a lição do Lehman - Enquanto isso, a demanda "saudável" por crédito de famílias e empresas corre o risco de ficar seca

Menos bancos significam menos crédito e talvez mais risco

A divulgação pelo BCE de dados atualizados no final do passado mês de março sobre a estrutura bancária da Zona Euro permite fazer um balanço de algumas das mudanças ocorridas nos dez anos desde a eclosão da Grande Crise e, sobretudo, na a fase mais recente.

Em particular, parece que, em comparação com o final de 2008, o número de bancos caiu de 3.928 para 3.154, ou seja, quase um em cada cinco foi perdido (-19,7%). Dado que a crise decorreu do excesso de crédito concedido à economia, podemos concluir que a evolução observada colocou o sistema bancário europeu numa zona menos crítica? Não necessariamente. De fato, o principal problema com sistemas bancários desregulados e liberalizados – e não mudou o suficiente desde 2008 – é que eles criam riscos sistêmicos. Em outras palavras, se um banco excede um determinado tamanho, ele se torna grande demais para (ser deixado) falir: a sigla geralmente usada é TBTF (Too Big To Fail). Experiências não faltam. Mesmo nos EUA, que sempre estiveram mais inclinados a deixar os bancos quebrarem (até porque o mercado financeiro pesa mais sobre eles), depois da quebra do Lehman Brothers, nenhum outro grande banco foi deixado quebrar. E, apesar dos anúncios de bail-in e BRRD, está claro que nenhum grande banco na Europa poderá quebrar também.

O problema com o TBTF é que, sabendo ex ante que seu banco não vai falir, os gerentes dos grandes bancos tendem a assumir riscos excessivos: se cara (ou seja, a aposta vai bem) o banco fica com os lucros, se coroa (a aposta vai bem). ruim) outra pessoa assumirá as perdas. Além disso, também dadas as taxas muito baixas induzidas pelo Quantitative Easing e o tratamento desfavorável que os coeficientes de Basiléia reservam ao crédito em relação aos ativos financeiros, esses riscos excessivos não serão assumidos emprestando à economia, mas apostando nas finanças.

Deste ponto de vista, os dados do BCE não são reconfortantes. Nos nove meses decorridos entre o final de junho de 2016 e o ​​final de março de 2017, o número de bancos diminuiu de 3.261 para 3.154 (-3,3%) mas a redução foi quase integralmente para os pequenos bancos (com menos de 0,005% do total dos ativos bancários área), que caiu de 2.661 para 2.518 (-5,4%). Um cálculo simples que, de forma conservadora, atribui aos grandes bancos o seu valor mínimo (pelo menos 0,5% do total dos activos bancários da zona euro), aos pequenos bancos o seu valor máximo (0,005% do total dos activos bancários) e ao ensino médio, o valor médio (0,0251% ) nos leva ao seguinte resultado. Nos nove meses considerados, os ativos do banco médio na Europa aumentaram de 171,9 para 182,0 mil milhões de euros (+5,9%).

Portanto, as tendências observadas não são favoráveis. É de recear que se acumule cada vez mais risco sistémico e que, ainda por cima, se deixe secar a “saudável” procura de crédito por parte das empresas e das famílias.

Comente