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Luxo, China não é tudo

MORNINGSTAR.IT – O setor de luxo sofreu fortes liquidações na Bolsa de Valores após a desvalorização do yuan, mas o efeito nas contas corporativas é limitado. A bolsa reagiu de forma desproporcionada às movimentações chinesas mas agora as cotações voltaram a estar baratas para as empresas que operam num setor com excelentes perspetivas de crescimento

Luxo, China não é tudo

Luxo e China é um casamento à prova de desvalorização. Os títulos do setor vêm pagando pela desvalorização da moeda chinesa nas últimas semanas, mas o mercado parece ter reagido de forma desproporcional. Em primeiro lugar porque esta operação era previsível e continua a ser pequena em todo o caso, em segundo lugar porque o impacto nas contas das empresas do setor é limitado e não compromete o enorme potencial do mercado chinês.

DESVALORIZAÇÃO PREVISÍVEL E LIMITADA

“A decisão do banco central de desvalorizar o renminbi para reanimar a economia do Dragão pegou os comerciantes de surpresa, mas foi um movimento totalmente previsível considerando os fundamentos da moeda chinesa. Esperamos que essa tendência continue nos próximos meses também”, diz Scilla Huang Sun, gestora do fundo JB Luxury Brands. “O Banco do Povo continuará a atuar sobre a taxa de câmbio de forma gradual, pois uma forte desvalorização da moeda levaria a uma perda de poder de compra dos consumidores chineses, pelo que é legítimo esperar que a procura de bens de luxo não sofra alterações significativas mudanças, mas que no máximo a desvalorização do yuan induz um deslocamento dos consumidores para outros países mais baratos como Japão, Europa ou Coreia do Sul”.

COMO LER AS CONTAS DA EMPRESA

O efeito real da desvalorização do yuan nos balanços das empresas de luxo, com contas em mãos, também é limitado. Na análise da Morningstar, nota-se que varia de baixos 10%, no caso da American Coach e Ralph Lauren, até 38% da Swatch e mais de 40% da Richemont, diz Paul Swinand, analista de ações da Morning Star. “Isto significa que uma desvalorização de 1% do yuan, para uma empresa que faz 10% das suas vendas na China, se traduz numa perda máxima de 0,1% do volume de negócios total. Querendo usar os números atuais, teremos que neste momento a manobra do Banca del Popolo (ou seja, uma desvalorização da taxa de câmbio de 3%) pesa nas contas da Richemont em aproximadamente 1,3%. (líquido de variações em outras taxas de câmbio)”.

"A isso se acrescenta que a maioria das empresas agrupa os dados de vendas por área geográfica e não por país, o que dificulta a avaliação real da variação cambial". A Swatch, por exemplo, informou em suas contas de 2014 que 38% de seu faturamento foi produzido na China. Mas isso também incluiria Hong Kong, que não é afetado pela desvalorização da moeda. O mesmo se passa com Macau, cujo peso nos balanços das empresas analisadas pela Morningstar varia entre 3% e 6%. A ênfase dada à desvalorização do renminbi é, por isso, excessiva, até porque nos últimos nove meses as empresas do sector tiveram de enfrentar ameaças muito maiores como a quebra do fluxo turístico em Hong Kong e Macau e as medidas anti-corrupção tomadas pelo governo de Pequim (que pesam na compra de joias e relógios).

A VENDA CRIOU OPORTUNIDADES

Nas últimas duas semanas, os títulos do subfundo registraram perdas superiores a 10% na Bolsa (LVMH -16%, Salvatore Ferragamo -15,18%, Burberry -14,56%; retornos em euros em 22 de agosto). Isso é uma má notícia para os acionistas, mas abre novas oportunidades de investimento para os interessados ​​em se posicionar em um dos setores mais defensivos, com excelentes perspectivas de crescimento e caracterizado pela alta rentabilidade empresarial. As vendas de bens de luxo são afetadas de forma limitada pelo ciclo econômico, e o crescimento da classe média em países emergentes como Índia, China e Brasil promete criar novas oportunidades para as empresas no médio prazo.

O bom desempenho das receitas no primeiro trimestre do ano, impulsionado pelas vendas nos países emergentes e na Ásia, e (para as empresas do Velho Continente) a evolução favorável da taxa de câmbio fizeram com que o preço das ações subisse acima do valor justo calculado da Morningstar, mas as avaliações agora estão baratas novamente. A recomendação dos analistas é focar em ações de empresas que possam ostentar forte posição de vantagem competitiva (Fosso Econômico), fruto do alto valor de suas marcas, que conseguem aliar história e prestígio como LVMH, Prada, Richemont, Burberry e amostras.  


Anexos: Fonte: Morningstar.it

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