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A economia está turbinada, o euro e as bolsas estão voando, mas e os títulos?

De “IL ROSSO E NERO” de ALESSANDRO FUGNOLI, estrategista da Kairos – Supercrescita, supereuro e superbourse mas “alguém disse que o maior mercado de baixa de títulos dos últimos trinta anos está se aproximando” – O que devem fazer aqueles que detêm os títulos?

A economia está turbinada, o euro e as bolsas estão voando, mas e os títulos?

Estágio turbo? Mas não se falava em estagnação secular até outro dia? A estagnação secular foi a doutrina oficial do Consenso de Washington (FMI, Federal Reserve, administração Obama) de 2013 até o final de 2016 e ainda inspira muitos dos oponentes de Trump, sobretudo Lawrence Summers, que considera a aceleração do crescimento desde a primavera passada uma droga.

A versão europeia da teoria da estagnação secular tem sido austeridade, na versão prática da desvalorização interna, ou seja, deflação salarial. Em suma, tanto na América como na Europa prevaleceu por muito tempo a ideia (que até Abe também era dominante no Japão) de que o crescimento permaneceria baixo por todo o horizonte previsível.

A opinião pública aceitou essa narrativa por alguns anos, mas a impaciência crescente, a certa altura, levou a uma ruptura. Os deflacionistas deixaram a cena política e em seu lugar ficaram os reflacionistas Abe e Trump, enquanto na Europa a liderança alemã conseguiu sobreviver apenas com um enfraquecimento da austeridade, uma forte desvalorização e uma luz verde para "Whatever it takes" e Quantitative Easing de Draghi.

Os frutos dessa mudança de política são evidentes na aceleração do crescimento global, que há quase um ano é ainda superior ao da era de ouro das três décadas de XNUMX, XNUMX e XNUMX. No fogo desta aceleração Os Estados Unidos de Trump despejam novo combustível todos os dias na forma de desregulamentação, cortes de impostos, repatriação de capitais, desvalorização do dólar, valorização contínua da bolsa e política monetária visando manter as taxas reais em zero.

Entramos, portanto, na fase turbo do crescimento. Ninguém sabe quanto tempo levará até que apareçam sinais sérios de superaquecimento. O que se pode argumentar, no entanto, é que há vontade política não apenas de ir ver esses sinais, mas de recebê-los no dia em que eles chegarem até nós na forma de inflação salarial, inflação geral e escassez de mão de obra. Alguém disse isso o maior mercado de baixa de títulos se aproxima dos últimos trinta anos.

Pode ser, sobretudo se, ao que tudo indica, prevalecer a vontade política de adiar ao máximo a próxima recessão e aumentar a inflação e os juros. Duas observações, no entanto. A primeira é que os episódios de queda dos títulos nos últimos XNUMX anos foram obviamente desagradáveis, mas suportáveis ​​em geral. O verdadeiro grande declínio remonta a quarenta anos atrás, durante a estagflação da década de XNUMX e ninguém hoje, exceto Greenspan, pensa que estamos destinados a reviver essa experiência.

A segunda observação é que a normalização da política monetária será lenta e gradual, quase imperceptível no dia a dia. O que o devedor deve fazer? Ele deve parar de pensar que nos títulos mais seguros, esses dez trilhões que hoje têm rendimentos negativos, haverá outros ganhos de capital. Deve evitar emissões com uma vida residual superior a cinco anos. Tem que aprender (ou reaprender) a conviver com uma certa volatilidade. Você deve tentar tirar proveito dessa volatilidade com negociação. Deve dar lugar a títulos indexados à inflação.

Deve radicalizar suas escolhas e focar nos dois pólos extremos de equivalente de caixa, por um lado, e hibridação com patrimônio (como no caso de conversíveis ou subordinados bancários), por outro, evitando o que está no meio. Deve explorar a fase do dólar fraco enquanto dura assumir riscos em moedas locais e títulos de mercados emergentes de boa qualidade. O rendimento chinês de 4 anos é de XNUMX%. Podemos voltar a comprar dólares? Por enquanto apenas para operações de negociação.

Para investimento é melhor aguardar 1.30, patamar em que o dólar começará a se desvalorizar, principalmente à luz da reforma tributária, que o fortalece estruturalmente. O dólar não está fraco por problemas na economia dos EUA, mas sim pela recuperação da força do resto do mundo. Soma-se a isso a vontade do governo Trump, expressa de fato já em janeiro de 2017, de tirar o dólar de sua evidente supervalorização para dar um novo impulso à economia americana.

Por que o dólar cai quando suas taxas continuam subindo? Por duas razões. A primeira é que os ralis dos EUA há muito estão embutidos nos preços. A segunda é que os Estados Unidos estão tentando evitar o aumento simultâneo das taxas e do dólar. Pela mesma razão Europa concorda em antecipar o fortalecimento do euro enquanto suas taxas permanecem abaixo de zero. Quando as taxas europeias começarem a subir, a resistência a um maior fortalecimento do euro ficará mais forte, justamente para evitar a dupla desaceleração do câmbio e das taxas.

As bolsas de valores vão subir para sempre? Só se a inflação e as taxas ficarem baixas para sempre, mas não é o caso. Estagnação secular, com seu clima intelectual melancólico, foi, à sua maneira, perfeito para justificar um aumento contínuo e ordenado dos múltiplos de ações. Agora, na fase turbo, os múltiplos não vão mais inflar (se o fizerem, podemos legitimamente chamar de bolha) e o peso das altas da bolsa cairá inteiramente sobre os lucros. Felizmente, os ganhos, principalmente na América, terão um excelente 2018 e um bom 2019.

Todo mundo quer entrar na bolsa de valores, mesmo quem já saiu até agora. Todas as crianças americanas sabem o conto de Rip van Winkle, súdito leal de George III que adormece em uma montanha dos Apalaches pouco antes da Guerra Revolucionária e acorda vinte anos depois para descobrir que George Washington está na Casa Branca. Do ponto de vista da gestão, um Rip van Winkle que havia adormecido em 2009 sem ações com o SP em 666 e acordou hoje com o índice em 2840 deveria ajustar imediatamente sua carteira e ainda comprar uma boa cota de ações, visto que a perspectiva de ações ainda é amplamente positiva.

Psicologicamente, porém, quem entra no mercado hoje está de qualquer forma exposto à fase mais volátil de um ciclo ascendente, em que, precisamente porque nos aproximamos do sobreaquecimento, abandonamo-nos periodicamente a sustos temporários de diversa índole (sobre o crescimento, os juros, a inflação). E é aí que as avaliações são altas. Agora, aqueles com preços de livros muito mais baixos estão mais bem equipados para suportar uma correção de 10 a 15% e aguardar a recuperação subsequente.

Quem entra em um mercado já em alta e vê uma correção que traz suas ações abaixo do preço contábil está mais inclinado a
vendê-lo com prejuízo. Para isso, aos convertidos da última hora, recomendamos um certo cuidado. Não há nada pior, do ponto de vista gerencial, do que ser extremamente cauteloso nas baixas e ganancioso perto das altas.

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