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A arte não conhece crises. Com a pandemia, o mercado de vendas online está crescendo

A arte não conhece crises. Com a pandemia, o mercado de vendas online está crescendo

2020 foi um ano que, devido à pandemia e consequente emergência sanitária, assistiu a uma mudança radical no mercado da arte. Até ao ano passado, as transacções eram realizadas exclusivamente através dos vários intervenientes do mercado: leiloeiras com vendas montadas e organizadas nas várias localizações, galerias de arte com pré-estréias que antecipavam o período de exposição-venda de um ou mais artistas, marchands independentes e promotores de artistas aos seus colecionadores ou mesmo curadores de exposições frequentemente engajados em atividades trait d'union. Em suma, tudo agora parece descrever um mundo que já não existe e que terá de se reorganizar para se poder propor a um novo colecionador. Sim, porque a par das necessidades restritivas que surgiram devido ao Coranavirus e à utilização de ferramentas tecnológicas na web, temos assistido à entrada de novas estratégias de venda de obras de arte que estão a criar um tipo de procura diferente. Então hoje o verdadeiro"Mercado" é a rede em que as casas de leilões oferecem, sobretudo, cada vez mais eventos online que requerem participação exclusivamente em plataformas digitais. Estes instrumentos são preferidos por colecionadores que poderíamos definir como o "Nova Geração”, com idades compreendidas entre os 40 e os 50 anos, que possuem uma certa posição económica mas sobretudo conhecem a utilização das novas tecnologias de informação. Ainda que não faltem colecionadores assíduos que, devido à emergência sanitária, se viram obrigados a utilizar a web como meio de conhecimento e ferramenta de busca de novas obras de arte. Este novo mercado online, além de oferecer um número ilimitado de possibilidades, se considerarmos a internacionalização das casas de leilões, permite-nos compreender melhor e valorizar a credibilidade do proponente - como afirma Attilio Meoli, Diretor Único da Art-Rite. E é deste ponto de vista da transparência do operador que as obras irão cada vez mais beneficiar de uma maior garantia de autenticidade e qualidade. Podemos também dizer - prossegue Meoli - que precisamente este período nos permitiu oferecer vendas em realidade virtual com passeios em modo 3D, aproximando-nos assim de um público mais jovem, que começou a dar mais atenção às obras contemporâneas. Adicionalmente, registou-se um aumento do segmento “Private Sale”, ou seja, a venda direta realizada pela leiloeira entre o vendedor e o comprador. Um modelo mais próximo de uma operação de Art Dealer com uma forma diferente de interação que não é necessariamente ou exclusivamente virtual e que diz respeito principalmente a colecionadores que têm maiores possibilidades financeiras e que estão interessados ​​acima de tudo na exclusividade da negociação. Agora é certo que entramos na era digital também para arte e vendas apenas online e transmissão ao vivo. Sotheby's, Christie's, Phillips, só para citar as casas de leilões mais internacionais, registram bom desempenho de vendas online de obras de todos os tipos, de obras-primas de arte a relógios, de design a carros antigos, de vinhos finos a objetos antigos. De recordar – na Sotheby's – a atribuição de 85 milhões de dólares pelo tríptico de Francia Bacon, 15 milhões por uma obra de Jean Michael Basquiat ou a “Natureza-morta”​ (1951) do pintor italiano Giorgio Morandi, que arrecadou 1.6 milhões dólares. Um prêmio interessante de Phillips foi a obra “Lighter” de Amoako Boafo que, com uma estimativa inicial de 40, foi então vendida por 325 dólares. A Christie's há muito registra recordes e sucessos de coleção em leilões online de Nova York a Hong Kong. De recordar os 100% vendidos no leilão londrino dedicado a Bansky onde a obra Menina com Balão – Cor AP (Roxo) foi arrematada por 791,259 Libras. Ao que tudo indica, apesar do temor de uma recessão mundial, o mercado de arte avança na web e conquista novos mercados e diferentes alvos de colecionadores. Mas, como bem sabemos, isso é apenas o começo.

Arte da capa: BANKSY (n. 1974) - Idiotas (Sépia) Estimativa: GBP 20,000 – GBP 30,000 (USD 25,200 – USD 37,800). Preço realizado GBP 60,000

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