Equivale a 44 bilhões de euros a conta paga pela UE à Rússia durante estes últimos dois meses de guerra pelo gás, petróleo e carvão. Um número muito alto que permitiu a Moscou receitas duplas resultantes da venda de combustíveis fósseis. Mas isso não é tudo porque, paradoxo dentro de um paradoxo, enquanto as receitas cresciam graças ao aumento dos preços das matérias-primas o volume das exportações diminuiu. Traduzindo: a Rússia exportou menos gás, petróleo e carvão, mas ganhou mais. Uma realidade com a qual a União Europeia se confronta tendo em vista novas sanções (que desta vez também pode envolver petróleo) expectativas para a próxima semana após o interrupção de fornecimento imposta por Moscou à Polônia e à Bulgária.
Gás, petróleo, carvão: uma conta pesada para a UE
De acordo com uma análise de movimentos e cargas marítimas do Centro de Pesquisas em Energia e Ar Limpo (Crea) citada pelo Guardian, nos últimos dois meses – que coincidem com a invasão da Ucrânia pela Rússia e as consequentes sanções impostas pelo Ocidente – Rússia arrecadou 62 bilhões de euros com exportações de combustíveis fósseis, 44 dos quais de países da União Europeia.
Durante todo o ano de 2021, Moscou recebeu 140 bilhões de euros, ou cerca de 12 bilhões de euros por mês. Calculadora na mão, mensalmente a conta para a UE aumentou 83,3% de 12 para 22 bilhões por mês.
Dinheiro líquido, essencial para a Rússia conter o efeito das sanções impostas pelo Ocidente, mas também para financiar o custo da guerra na Ucrânia.
“As descobertas demonstram como a Rússia continuou a tirar proveito de seu controle sobre o suprimento de energia da Europa, mesmo quando os governos tentaram freneticamente impedir que Vladimir Putin usasse petróleo e gás como arma econômica”, comenta o Guardian.
Embarques de petróleo reduzidos em 30%
Nesta conjuntura, enquanto as receitas subiram indo inflar os cofres do Kremlin, embarques de petróleo embarques da Rússia para portos estrangeiros diminuíram. Segundo dados do CREA, nas três primeiras semanas de abril a queda em relação às taxas de janeiro e fevereiro, antes da invasão, foi de 30%.
Gás e petróleo: quanto a Itália paga à Rússia?
Nos últimos dois meses Alemanha foi o maior importador de combustíveis fósseis da Rússia. De fato, Berlim pagou uma conta equivalente a 9 bilhões de euros.
“Dois meses depois que Putin invadiu a Ucrânia, a Alemanha ainda está financiando o fundo de guerra da Rússia para um montante de 4,5 mil milhões de euros por mês. Berlim é o maior comprador de combustíveis fósseis russos”, disse Bernice Lee, diretora de pesquisa do think tank Chatham House, ao jornal britânico. “O mundo espera que a Alemanha mostre força e determinação em relação à Rússia, mas, em vez disso, eles estão financiando a guerra e bloqueando um embargo europeu ao petróleo russo.”
Mas a Alemanha está em boa companhia. No ranking dos países que mais importaram da Rússia. logo atrás dele está Itália que desde o início da guerra derramou nos cofres de Moscou 6,8 bilhões de euros. Um valor que se soma aos mais de 3,5 mil milhões de euros que, segundo dados do Istat, o nosso país pagou nos primeiros dois meses do ano para comprar gás, petróleo e carvão. O Instituto Nacional de Estatística calculou um aumento de custos de 520% se considerarmos apenas o valor de fevereiro (em 2021 foram 339 milhões), e de 256% nos primeiros dois meses. Em números, desde o início do ano A Itália passou à Rússia um cheque de mais de 10 bilhões de euros.
