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Eleições, mídia estrangeira em uníssono: "Vitória populista, Itália ingovernável"

Os jornais internacionais, mais do que procurar um vencedor (alguns falam das 5 Estrelas, outros de Salvini, outros escolhem definições mais genéricas como "anti-europeus" ou "anti-imigrantes") apontam o dedo para a incerteza que emerge da o voto italiano e sobre o "Parlamento Enforcado": "Levará semanas para formar um governo".

Eleições, mídia estrangeira em uníssono: "Vitória populista, Itália ingovernável"

“As eleições italianas deixam o Parlamento em suspenso”. Foi isso que a maioria dos meios de comunicação estrangeiros noticiou após a votação italiana: ao invés de expressar uma opinião ou proclamar um vencedor (o que, em termos de distribuição de assentos, na verdade não existe), jornais internacionais têm se concentrado bastante na incerteza, aliás amplamente anunciada por uma lei eleitoral que dificilmente teria garantido a alguém a maioria absoluta.

Acima de tudo, os jornais franceses e espanhóis escolhem esta linha, que destacam a notícia na abertura de seus sites: "As forças radicais estão crescendo na Itália, em um cenário sem uma maioria clara", titula o El Pais. "Populismo contra populismo: o voto de protesto leva a Itália à ingovernabilidade", é a manchete do El Mundo. “Não há maioria clara na Itália, de acordo com os resultados iniciais”, titula cautelosamente o francês Le Figaro, escolhendo uma foto de Berlusconi. Em vez disso, o Le Monde faz esta escolha: "Eleições legislativas na Itália: não há maioria, os partidos antieuropeus obtêm votos completos".

O New York Times também aposta na derrota do europeísmo, que dá pouco espaço ao voto italiano, mas escolhe a chave de interpretação do futuro da Europa: "Na Itália será um governo que investirá significativamente menos no projeto de uma Europa unida" , com fotos de Salvini. "Hung Parliament" abre a CNN que celebra a derrota do establishment e título: "Surgimento populista na Itália com eleitores apoiando partidos anti-imigrantes e anti-establishment”, também neste caso escolhendo a foto de Beppe Grillo. “Vai demorar semanas a formar governo”, recorda o jornal norte-americano, voltando ao tema da incerteza.

“As eleições italianas são outro golpe para o establishment europeu”, escreve o Washington Post, que analisa o seguinte: “Os outrora partidos populistas marginais obtiveram quase metade dos votos, e um governo estável não está à vista no horizonte. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, é avisado: existe um potencial caos político”.

Mesmo na frente britânica, regressada da experiência do Brexit, a temática europeia é particularmente sentida, ainda que em geral tanto nos jornais ingleses como nos alemães a notícia seja colocada em segundo plano, atrás da noite dos Óscares. “A vitória dos partidos eurocéticos e populistas choca o establishment”, titula o Telegraph na segunda linha, escolhendo uma foto de Matteo Salvini. O alemão Frankfurter Allgemeine vai mais especificamente, que também abre com o Oscar e depois manchete com uma seca: “O Movimento 5 Estrelas triunfa na Itália”, com fotos de Beppe Grillo e Luigi di Maio.

“Os eleitores italianos estão abandonando o centro e pegando uma onda populista”, escreve o britânico The Guardian. “Eleições na Itália: grandes sucessos para partidos populistas e de extrema-direita, mas sem vencedor claro”, é, pelo contrário, o título do jornal The Independent, segundo o qual a ausência de uma maioria governista vai exigir “semanas de conversações para formar o novo executivo”. Em suma, o que mais parece preocupar a imprensa estrangeira, e provavelmente também os mercados financeiros, é a ingovernabilidade.

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