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Saiu Cinepanettone, Super Christmas Holidays: a colagem de filmes de 1983 até hoje

Em cartaz a partir de 14 de dezembro a fotografia de uma parte da sociedade italiana de 1983 até hoje, contada através de esquetes e piadas dos maiores comediantes do cinema local.

Saiu Cinepanettone, Super Christmas Holidays: a colagem de filmes de 1983 até hoje

Not In My Back Yard, aplicado ao cinema italiano, traz de volta a atitude que dá
tempo que boa parte da crítica de cinema teve em relação a um determinado tipo de produção. A expressão
indica aquela sensação de diferença, de estranho, de algo mais que não nos pertence mas que costuma acontecer ao nosso lado.

Referimo-nos aos "cinepanettoni", àquela longa série de filmes, já com mais de vinte anos
que costumam sair no período natalino e que sempre tiveram grande sucesso de público.

La Recensione da semana é dedicado a Super Vacanze di Natale, dirigido por Paolo Ruffini, que está em cartaz há poucos dias. É uma síntese possível, um provável "melhor que", uma seleção de fior da fiore de uma saga que começou já em 1983 com Christmas Holidays de Carlo Vanzina, inspirada em Winter Holidays de 1959 com Vittorio De Sica e Alberto Deaf.

Desde então, todos os títulos que se seguiram alcançaram simultaneamente uma série de receitas recordes e críticas contundentes. Não muito diferente do que aconteceu em outros momentos, mesmo com precedentes ilustres, em veias de igual sucesso (citamos um por todos, o de Fantozzi). Não é de estranhar que este filme comece a colagem com uma homenagem ao grande Albertone, que surge numa das festas de Natal de 1991, com a conhecida mordaça “vamos trazer tripas a estes senhores”.

Há, quase todos os comediantes italianos para representar um belo apanhado de personagens que, no entanto, marcaram a história do cinema italiano contemporâneo.

Da mesma forma que Gomorra narra, fotografa, um certo tipo de crime organizado mas não todo e não no mesmo lugar, da mesma forma este tipo de filme, e o filme de hoje em particular, narra uma parte do país, a nossa, na sua transformação, na sua evolução para estilos de vida, linguagens e comportamentos generalizados e consolidados ao longo dos últimos trinta anos. Todo o belo (pouco) e todo o feio (muito) assim como tudo o que é bom (???) e tudo que é mau (!!!) que nos rodeia, que está à nossa volta, perto, tão perto que é fácil não ver.

Super Vacanze di Natale é uma síntese, um flashback em 85 minutos não tão cômicos, de toda aquela parte da Itália que se reconheceu na degradação de expressões e relacionamentos, em vulgarizar o que até o país é capaz. Essa síntese, para esse filme, deixa de fora boa parte da complexidade, beleza e riqueza que ainda existe, é real e também é contada no cinema com outros roteiros, com outras câmeras.

Este não é o lugar para escrever sobre a natureza social e cultural, mas também política, dos italianos (este filme menciona isso), mas não podemos esquecer como esse tipo de representação, de visualização que a tela grande opera, nada mais é do que do que uma espécie de "foto de família".

Conta um episódio ocorrido com Ettore Petrolini: durante uma de suas apresentações teatrais, um espectador começa a perturbar. A certa altura, o grande ator o interrompe e se dirige a ele: "Veja, não estou com você por me incomodar, mas com aqueles que sentam ao seu lado e não o jogam escada abaixo".

Da mesma forma, pode-se dizer desse tipo de filme: é difícil culpar quem os faz, mas seria apropriado (necessário?) , de imagens tão sarcásticas quanto vulgares e grosseiras.

Também nada de novo para este feriado de Super Natal, tanto em termos de conteúdo quanto na forma como se propõe para esta temporada de filmes de inverno. O verdadeiro tema para reflexão, talvez, é que mesmo essa tendência corre o risco de secar para dar lugar, talvez, até a algo pior.

Retomemos um conceito contido no último Relatório do CENSIS sobre o estado de saúde do nosso país: “... temos assistido à afirmação do consumo mediático e das agendas informativas todas jogadas na presença e representação individual, com uma linguagem muitas vezes vulgarizada.. .".

Pode não gostar deste tipo de filme, gostar de muitas partes da história que nos preocupam e interessam, mas não deixa de ser a nossa história e as personagens que, embora em forma de caricatura, são representadas não são muito diferentes das que vemos. todos os dias, não apenas no Natal. Você pode não gostar, mas pode ser útil saber.

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