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Cinema: aqui está Barry Seal, o criminoso inimigo dos Narcos

O diretor Doug Liman guia Tom Cruise enquanto ele conta a história de um dos criminosos mais notórios da América. Com um passado como piloto civil da Trans World Airlines, Barry Seal começou a trabalhar para narcotraficantes latino-americanos, transportando drogas, armas e guerrilheiros. O filme é envolvente e o roteiro viável, embora talvez excessivamente dramático.

Cinema: aqui está Barry Seal, o criminoso inimigo dos Narcos

"Barry Seal, uma história americana" acaba de chegar aos cinemas italianos antes de estrear nos Estados Unidos. Vamos começar acrescentando algo ao título: uma história verdadeira, dramática e não apenas americana. A história é tão simples quanto complexo o período em que se passa: estamos entre o final dos anos 70 e o início dos anos 80. O presidente dos Estados Unidos é Ronald Reagan e seu mandato, de 81 a 89, marca época na economia e na política internacional. O assim chamado "reaganômica” desenvolve-se num liberalismo desenfreado enquanto, no cenário internacional, mantém uma linha sólida de intervencionismo direto e indireto em áreas ou países onde os EUA têm interesses estratégicos.

Barry Seal viveu esses anos e a história contada no filme é real: começa como piloto civil na TWA e depois partir para voos ilícitos, primeiro a soldo da CIA e depois da traficantes de drogas que, por sua vez, traficava com várias formações guerrilheiras que operavam na América Central. Transportando tudo, drogas, armas, guerrilheiros, ele acumula uma fortuna e, dessa mesma fortuna, torna-se vítima. Isso é tudo, dramaticamente, muito simples. O filme conta-nos, por vezes até de forma ligeiramente caricatural, mais uma vez como talvez só os realizadores norte-americanos saibam fazer, factos e malfeitos das operações secretas que, sem o nosso conhecimento, decorrem nas relações internacionais.

O diretor Doug Porta, mostra-nos da fechadura a sala dos fundos destes eventos onde o espectador astuto e de boa memória tem facilidade em recordar os muitos buracos negros da história moderna dos Estados Unidos e as temerárias operações de apoio a sujeitos políticos de credibilidade duvidosa. Nesta história, o apoio aberto aos guerrilheiros Contra na Nicarágua leva facilmente a experiências semelhantes em outras partes do mundo. O filme, à sua maneira, flui suavemente ao contar a história de Seal e daqueles que, direta ou indiretamente, o usaram até ser útil. A certa altura, preso por vários policiais, ele é imediatamente libertado por um certo governador do Arkansas, um jovem Bill Clinton, um democrata.

Em Hollywood, eles são, sem dúvida, bons em reabrir capítulos incômodos da história americana e não hesitam em lançar na tela grande os nomes e rostos daqueles, reais ou presumidos, que foram responsáveis ​​por eventos dramáticos e, muitas vezes, ainda envoltos nas sombras de mistérios. Conversamos sobre "reaganômica" e me vem à cabeça uma semelhança com "O Lobo de Wall Street" (Scorzese, 2013) onde DiCaprio se parece muito com Tom Cruzeiro de Barry Seal no jeito, no estilo, na representação pública da ânsia de sucesso, de enriquecimento fácil típico daquele neologismo.

O filme é certamente um sucesso: não falta ritmo, o argumento é credível e as imagens são sugestivas. Também seria engraçado acrescentar, não fosse o fato de se referir a um mundo, o do narcotráfico, que é dramático demais para merecer tal adjetivo. O diretor tenta aliviar a carga emocional da história, às vezes consegue, mas não o suficiente para nos fazer esquecer seu real significado.

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