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Bolsa, Moderna segura Boi, mas Pfizer arrecada 80 bilhões

O cientista Stéphane Bancel fala e esfria o entusiasmo dos mercados: não será tão fácil contrariar a Omicron – mais otimista Pfizer com faturamento recorde. Mas é polêmica com a África do Sul sobre o poder da Big Pharma

Bolsa, Moderna segura Boi, mas Pfizer arrecada 80 bilhões

Além de Biden, que recomenda ter cuidado, mas não ter medo de omicron. Além da OMS, a Organização Mundial da Saúde é muito branda com Pequim. Além da EMA, a Agência Europeia de Medicamentos, segundo a qual as vacinas atuais continuarão a fornecer proteção na pendência de medicamentos específicos. Palavras que saem na hora que encontram: o mercado só acredita Stephane Bancel, o biólogo francês que emigrou para os EUA para desenvolver a Moderna, empresa que, em simultâneo com a Pfizer-Biontech, desenvolveu a vacina da estirpe de investigação de MRNA. E se ele, como fez esta manhã, alertar que pode levar meses para ter vacinas capazes de erradicar a variante Omicron do coronavírus, o touro volta ao estábulo à espera de tempos mais favoráveis: da Piazza Affari em Frankfurt a Wall Street as vendas de futuros voltam a chover, o petróleo cai e o ouro volta a 1.800 dólares.  

Poucos outros no mundo hoje desfrutam de tanta credibilidade quanto Bancel. Quando esta manhã dela apareceu entrevista com o Financial Times a maioria dos operadores europeus e de Wall Street cancelaram seus pedidos de compra. “A eficácia da vacina contra a variante Omicron - disse ele - não é a mesma contra a Delta. Não sei quanto tempo levará para termos dados confiáveis, mas todos os cientistas com quem conversei dizem a mesma coisa: as perspectivas não são boas." Ou seja, levará tempo para encontrar um remédio que blinde as 32 mutações da variante, “tão complexa que, segundo especialistas, não teria aparecido antes de um ou dois anos”. Felizmente, não demorará muito para reagir: em algumas semanas, garante o cientista, a Moderna e a Pfizer poderão desenvolver uma descoberta capaz de fazer frente ao mais recente flagelo. Mas será apenas o começo. “Levará meses para produzir uma vacina Omicron em larga escala; Nem nós nem a Pfizer conseguimos adquirir um bilhão de doses até a próxima semana”. Mas no verão? "Seguro". Em 2022, garante o cientista, a Moderna produzirá de 2 a 3 bilhões de doses. “Seria tolo, porém, focar em uma única vacina quando outras variantes estão em circulação”.    

As palavras de Blancel acompanham o mercados caem. À espera de Wall Street, as bolsas europeias pioram pelo caminho, penalizadas pelo alarme do cientista: o EuroStoxx 50 perde 1,8%. Dax -1,6%, Milão cai para -1,9%, no menor nível desde o início de outubro. ao final da manhã, porém, os índices melhoram mantendo-se no vermelho em torno de -1 por cento, dependendo das praças. Poucos no mundo gozam de tanta credibilidade e estima quanto o cientista francês. Entre essas figura Albert Bourla, CEO da Pfizer, Grego naturalizado nos EUA assim como os cônjuges Ugur Sahin e Ozlem Tureci, os pesquisadores da Biontech que foram os primeiros a desenvolver a vacina graças ao financiamento da Pfizer, têm hoje passaporte alemão. 

Fama merecida se, ao que parece, as vacinas da Pfizer e da Moderna até agora salvou a vida de meio milhão de pessoas. Mas também bem remunerado porque este ano a gigante farmacêutica registrará um faturamento de 80 bilhões de dólares, incluindo 29 bilhões já reservados para vacinas. Pena que, até agora, os países mais pobres mal foram tocados. A variante Omicron tem gosto de vingança contra o egoísmo dos ricos? “Não é nossa culpa – defende Barcel – Por contrato entregamos 60% da produção para o governo americano, eles decidem o que fazer”. E não faltam resíduos. “Pelo menos 70 milhões de doses destinadas a África estão em armazéns, paradas porque faltam os documentos ou não se sabe como armazenar as mercadorias que chegam”. Talvez, mas Fatima Hassan, assessora do governo sul-africano, responde: “Uma empresa privada não pode ter tanto poder. Precisamos de contratos abertos”. Mas enquanto isso o mercado de ações cai. Mas as ações da Moderna sobem 12%.

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