comparatilhe

Acordo de livre comércio Japão-UE: é isso que o "Jefta" oferece

O acordo incidirá principalmente sobre produtos alimentares e automóveis e, segundo estimativas da Comissão Europeia, aumentará as exportações das empresas da UE, resultando numa poupança de mil milhões por ano.

Acordo de livre comércio Japão-UE: é isso que o "Jefta" oferece

De um lado, a guerra comercial em nome do protecionismo, do outro, um acordo comercial de livre comércio. Chama-se Jefta (Japão – acordo de livre comércio da UE) e é o maior acordo já assinado entre o Japão e a União Européia.

 

O acordo foi assinado hoje, 17 de julho, pelo presidente da Comissão da UE, Jean-Claude Juncker, pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, por um lado, e pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.

Este acordo representa “uma mensagem poderosa contra o protecionismoou”, disseram Abe e Juncker em um comunicado conjunto. "Hoje é uma data histórica em que celebramos a assinatura de um acordo comercial extremamente ambicioso entre duas das maiores economias do mundo", comentaram os dois dirigentes.

JEFTA: O QUE MUDA?

A parceria, que entrará em vigor em 2019, envolve 600 milhão de pessoas, com efeitos importantes nas exportações europeias, que já ascendem a 58 mil milhões de bens e outros 28 mil milhões de serviços.

A nível geral, o acordo estabelece o cancelamento de direitos aduaneiros em 97% dos produtos importantes da UE e de acordo com as estimativas da União deve liderar um bilhão em economia por ano, ainda que no futuro imediato deva abranger apenas duas categorias de produtos: alimentos e automóveis. Não surpreendentemente, os economistas mais irônicos já o renomearam como "queijo para carros".

Como esperado, o acordo também tem muitos detratores, que defendem que, ao aumentar as receitas graças ao aumento das exportações, o Jefta irá expor as empresas europeias a uma maior concorrência, o que poderá comprometer a sua sobrevivência.

É de sublinhar que, após a assinatura de hoje, o acordo terá de chegar ao Parlamento Europeu onde, na esteira do CETA (acordo UE-Canadá), poderá encontrar mais do que um obstáculo.

ACORDO UE-JAPÃO: O QUE ELE OFERECE

Conforme mencionado, inicialmente o acordo incidirá principalmente sobre i produtos alimentícios – carnes, queijos, vinhos e chocolates – e automóveis, com marcas como Toyota e Honda que, muito provavelmente, deverão espalhar-se ainda mais pelo Velho Continente.

Em detalhe, Tóquio vai cancelar as tarifas de queijos como Gouda e Cheddar (hoje em 29,8%), mas também as de vinho, atualmente sujeitas a tarifas médias de 15%.

As tarifas sobre a carne suína também acabaram (a carne processada e a carne fresca devem reduzir os impostos), enquanto as da carne bovina cairão dos atuais 38,5% para 9% ao longo de 15 anos. Segundo cálculos de Bruxelas, as exportações de carne e queijo para o Japão deverão aumentar 170-180 por cento no futuro, num valor total de 10 mil milhões de euros.

Sem deveres em nenhum dos dois substancias químicas, plásticos, têxteis e cosméticos. Já para o calçado, o imposto cairá de 30% para 21% imediatamente, para então chegar à sua abolição definitiva em uma década. Finalmente, no mesmo período, serão cancelados os impostos sobre produtos de couro.

JEFTA: NOTÍCIAS SOBRE AQUISIÇÕES

As empresas europeias vão poder aceder aos contratos de 48 municípios japoneses habitados por 300-500 mil pessoas, mas também aos contratos do sistema ferroviário nacional.

JEFTA: AS PROTEÇÕES

No entanto, nem todos os produtos serão liberalizados. Tóquio reconhecerá mais de 200 produtos de origem protegida, como o parmesão, e se comprometerá a lutar contra a barganha ou a imitação. Do outro lado da cerca, o Japão continuará a impor tarifas sobre o arroz.

Comente