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Roma, Francesco del Drago e seu senso cromático

«Até a época de Matisse e Picasso, os pintores criavam pinturas que eram feitas para serem vistas pelo olho. Hoje tentamos atuar diretamente na transmissão da retina para a área cerebral, e eu pessoalmente na área recompensadora das sinapses hedônicas”. Assim se expressou Francesco del Drago, o artista de quem o Museu Carlo Bilotti anuncia a primeira grande retrospectiva para o início do próximo ano, a partir de 19 de janeiro de 2017.

Roma, Francesco del Drago e seu senso cromático

Francesco del Drago, nascido em Roma em 1920 e falecido em 2011, percorreu quase um século de história como protagonista, participando ativa e apaixonadamente tanto nas transformações artísticas que se seguiram no século XX como nas mudanças políticas. Realizou inúmeras exposições desde sua participação na Bienal de Veneza, em 1954, e está presente em diversas coleções públicas e privadas, principalmente na Europa e nos Estados Unidos.

Intelectual rigoroso e artista extraordinário, investigou por muito tempo a fenomenologia da cor, chegando à elaboração do "Novo Círculo Cromático". Os contrastes cromáticos e a justaposição de certas formas combinam-se para criar um estado de excitação nas áreas cerebrais responsáveis ​​pela visão.
A sua investigação teórica tem sido objecto de conferências em muitas universidades em todo o mundo, mas também de intercâmbios com inúmeros amigos artistas: entre outros, Guttuso e Birolli em Itália, Picasso, Pignon, Matta e os mestres da cor franceses como Herbin e Dewasne em Paris, para onde se mudou em 1951. A experiência francesa é particularmente relevante em sua carreira, tanto que o historiador de arte Nello Ponente escreveu: "Del Drago carrega todos os desenvolvimentos da pintura contemporânea e, em particular, os da tradição francesa".

A exposição concebida por Pietro Ruffo para o Museu Bilotti apresentará uma seleção de obras abstratas fundamentais, que nos permitirão entrar no pensamento e na prática artística de Francesco del Drago.

Seguindo um caminho inverso, a mostra começará com os últimos trabalhos do artista, empolgantes no esforço de ampliar ainda mais a gama cromática, para depois se concentrar nos imponentes polípticos abstratos, síntese de toda a pesquisa de del Drago.

Di del Drago também destacará a estatura do teórico, seus estudos sobre cores intimamente ligados às mais recentes descobertas matemáticas por meio de uma rica seleção de documentos, filmes e experimentos.

Particularmente interessante é, de facto, a possibilidade de passar dos resultados estéticos às premissas teóricas, num processo que permite aprofundar os problemas da arte abstracta do século XX e, em particular, os da cor. Não é por acaso que a pesquisa de Francesco del Drago influenciou profundamente o uso cromático das gerações seguintes, inclusive no mundo gráfico, publicitário e cinematográfico.

A exposição é promovida pela Roma Capitale, Departamento de Crescimento Cultural - Superintendência Capitolina do Patrimônio Cultural.

Museu Carlo Bilotti – Laranjal da Villa Borghese
Viale Fiorello LaGuardia, Roma
Entrada gratuita

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