comparatilhe

Poupança, como investir? Cuidado com as “armadilhas mentais”

EDUCAÇÃO FINANCEIRA - Diante de uma escolha, nosso cérebro funciona de maneiras que nós mesmos desconhecemos e que muitas vezes vêm do instinto: mecanismos que explicam, por exemplo, por que tão poucas pessoas optam por aposentadorias complementares, mas também como isso tornou Steve Jobs vendem tantos iPads – VÍDEO.

Poupança, como investir? Cuidado com as “armadilhas mentais”

Quando decidimos como investir, podemos sempre ter certeza de que estamos escolhendo racionalmente? A resposta é simples: não. Muitas vezes nosso cérebro segue caminhos que nós mesmos não conhecemos. Ele favorece o instinto, mesmo quando pensa por muito tempo. Ele se ilude de estar avaliando os prós e os contras com lucidez, mas secretamente se deixa seduzir pela barriga. E a barriga corre o risco de nos desviar, principalmente quando se trata de dinheiro.

«Se uma raquete e uma bola de ténis juntas custam 110 euros e a raquete custa 100 euros a mais do que a bola, quanto custa a bola? Todos, por instinto, são levados a responder 10 euros. Mas está errado: a resposta correta é cinco». A explicação é de Diego Rizzuto, da empresa de formação e comunicação científica Táxi 1729, que na sexta-feira realizou uma conferência intitulada na sede do Consob em Roma Escolha o que eu quero, organizado no âmbito das iniciativas de Mês da Educação Financeira e destinado a um público de alunos do ensino médio.

PRECONCEITO DO STATUS QUO

O que está em jogo não é apenas calcular, mas nossa capacidade de julgar e tomar decisões, ameaçada com mais frequência do que pensamos por armadilhas mentais. Um exemplo é o "status quo bias", que nas finanças comportamentais indica uma tendência exagerada de deixar as coisas como estão.

«Foi feita uma experiência num supermercado inglês – continua Rizzuto – Primeiro foram colocados num suporte seis frascos de compota, depois 24. Quando havia seis compotas, 40% das pessoas paravam para provar e 30% compravam uma. Quando as latas subiram para 24, 60% dos clientes se permitiram provar, mas apenas 3% compraram. Isso mostra que o excesso de oferta complica o processo de tomada de decisão e faz com que as pessoas desistam. Escolher cansa: significa suportar a ideia de que talvez tenhamos tomado a decisão errada». E com 24 alternativas a probabilidade de errar é muito alta.

AVERSÃO À PERDA

Outro mecanismo é o que intervém quando se trata de fundos de pensão. Em tese, a previdência complementar é uma escolha racional que nos protege de dificuldades futuras: por que, então, a maioria das pessoas não quer saber disso? «Neste caso entra em jogo a aversão à perda – explica Rizzuto – A ação de guardar dinheiro hoje para quando tivermos 70 ou 75 anos é vivida pelo cérebro como uma perda, razão pela qual a maioria das pessoas a rejeita primeiro. E mesmo quando você está convencido, geralmente os mecanismos de inércia e adiamento são acionados».

Para superar esse obstáculo, os economistas Richard Thaler e Shlomo Benartzi propuseram "Economize mais amanhã”, um programa segundo o qual não se começa a poupar de imediato, mas com o primeiro aumento salarial. Basicamente, você deixa algo de lado antes de tê-lo: assim a decisão é mais fácil e o custo psicológico inferior.

OS EFEITOS DE “ANCORAGEM” E “COMPARAÇÃO”

Dois grandes clássicos das finanças comportamentais são os efeitos “ancoragem” e “comparação”. A primeira ocorre quando temos que para determinar uma quantidade e deixar-se influenciar por qualquer número colocado diante de nós. A segunda, ao contrário, intervém quando somos chamados a pesar uma quantidade e fazemos isso através de uma comparação.

Um exemplo ilustre é fornecido por Steve Jobs, que combinou esses dois efeitos no discurso de apresentação do iPad realizado em San Francisco em 27 de janeiro de 2010. No início, o fundador da Apple diz que "segundo os especialistas" o tablet da Apple deveria custou “menos de mil dólares: são 999 dólares”. Então, momentos depois, a revelação: o preço real do iPad é de US$ 499. Parece um acordo, certo? O crédito vai para Jobs, que antes ele ancorou nosso cérebro em $ 999, levando-nos a precificar o produto nessa ordem de grandeza, então nos surpreendeu com um preço muito mais baixo. Aviso: não baixo em si, mas em comparação com a estimativa que nossos cérebros foram solicitados a criar.

Armadilhas mentais e erros cognitivos desse tipo são usados ​​todos os dias por quem quer nos vender algo. “Por isso as competências metacognitivas são fundamentais – conclui Rizzuto – Quando se tem de tomar decisões financeiras é importante conhecer não só as finanças, mas também a si próprio”.

Comente