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Referendo na Grécia: NÃO triunfa, agora é a vez da UE

O NÃO ganha por larga margem: 61,3% contra 38,7% - Alta participação - Tsipras: "A democracia não pode ser chantageada" - Varoufakis renuncia para facilitar as negociações - França abre, enquanto da Alemanha chegam duras reações - Reunião Hollande-Merkel hoje, Europa cimeira amanhã - Grandes expectativas para os movimentos do BCE de Draghi

Referendo na Grécia: NÃO triunfa, agora é a vez da UE

No final, a separação foi clara. O referendo na Grécia sobre as propostas de acordo recebidas de credores internacionais, fechou com um vitória esmagadora do NÃO, que alcançou 61,3% das preferências (equivalente a 3.558.450 votos), contra 38,7% do Sim (2.245.537 votos). A participação chegou a 65%, bem acima do quórum de 40%.

"Mostrámos que a democracia não pode ser chantageada", afirmou o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, apelando a "uma Europa solidária". A vitória dos NÃOs, acrescentou, “não é uma ruptura com a União Europeia” nem um pedido de saída do euro. “A Grécia quer sentar-se novamente à mesa das negociações – acrescentou – e queremos continuá-las com um verdadeiro programa de reformas, mas com justiça social. Agora a dívida também terá que entrar na negociação”.

A RENÚNCIA DE VAROUFAKIS

Apenas para facilitar as negociações, o demissão surpresa a demissão do ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis. “Estou saindo para ajudar Tsipras nas negociações – escreveu o economista em seu blog -. Pouco depois da divulgação dos resultados do referendo fui informado de uma certa preferência de alguns membros do Eurogrupo e diversos 'parceiros' pela minha… 'ausência' da sua liderança máxima, ideia que o primeiro-ministro considerou potencialmente útil para lhe permitir chegar a um entendimento. Por esta razão, deixo hoje o Ministério das Finanças. Considero meu dever ajudar Alexis Tsipras a explorar como bem entender o capital que o povo grego nos garantiu com o referendo ontem e suportarei orgulhosamente o desgosto dos credores.”

OS LÍDERES ESTÃO CHEGANDO

Neste ponto, o foco muda para Bruxelas, onde o Eurogrupo se reunirá esta semana. Já a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, se reunirão hoje em Paris justamente para discutir o caso grego. Entretanto, o Presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, convocou para terça-feira um encontro de dirigentes da zona euro, solicitado por vários países, entre os quais a Itália, na frenética ronda de telefonemas que se seguiu à vitória do Não no referendo grego.

Esta manhã, o Presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, fará uma teleconferência com o presidente do Eurosummit, o presidente do Eurogrupo e o presidente do BCE, enquanto na terça-feira fará um discurso no Parlamento Europeu em Estrasburgo.

O FECHAMENTO DA ALEMANHA A ABERTURA DA FRANÇA

Mas sinais não muito encorajadores já chegaram de Berlim: "Novas negociações com a Grécia são dificilmente imagináveis", disse o vice-chanceler alemão Sigmar Gabriel, segundo quem Tsipras destruiu a última ponte para um acordo entre a Europa e a Grécia. Ainda mais difícil é Merkel, que à noite acusou Tsipras de "enviar a Grécia contra a parede". A reação em Paris foi de sinal contrário: o ministro da Economia francês, Emmanuel Macron, manifestou-se pela reabertura imediata das negociações com Atenas.

A POSIÇÃO DA ITÁLIA

Quanto à Itália, o primeiro-ministro Matteo Renzi, que convocou o ministro da Economia, Pier Carlo Padoan, para esta manhã às 9.30hXNUMX no Palazzo Chigi, pretende nos pressionar a deixar o formato franco-alemão, para chegar a uma decisão coletiva sobre o futuro da Grécia .

O PAPEL DO BCE

A primeira e decisiva partida será disputada esta manhã no BCE. Caberá a Mario Draghi decidir se e como estender a ajuda aos bancos gregos. Para o Banco Central, depois do não de Atenas, será difícil resistir aos argumentos de Jens Weidmann, governador do Bundesbank, segundo o qual as garantias dos bancos gregos para garantir os empréstimos já perderam todo o valor há algum tempo.

Mario Draghi, no entanto, poderia evitar pedir o reembolso dos empréstimos da Ela por enquanto, um ato que teria o efeito de acelerar o Grexit. Tal como já aconteceu em 2012, o banqueiro vai perguntar aos responsáveis ​​das várias instituições europeias se pretendem ou não encarregar-se das garantias de Atenas. 

A próxima data-chave agora será 20 de julho, quando 3,5 bilhões em empréstimos da UE a Atenas expirarão. Se não houver acordo até essa data, a Grécia entrará em default, mas não será expulsa do euro por isso. Atenas entrará numa espécie de limbo, caracterizado pela dupla circulação monetária, com a introdução de uma moeda de uso interno.

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