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Fundo de recuperação de 750 bilhões, 173 para a Itália: é assim que funciona

The Next Generation EU prevê 500 mil milhões em donativos não reembolsáveis, 250 em empréstimos – O esforço global da UE será de 2400 mil milhões – Von der Leyen: “Estamos numa encruzilhada: ou uma Europa dividida entre os que têm e os que têm- não, ou prosseguir juntos. Um novo pacto para avançar” – 20% do fundo de recuperação pode ir para a Itália – Conte: “Excelente sinal de Bruxelas”

Fundo de recuperação de 750 bilhões, 173 para a Itália: é assim que funciona

Comissão Europeia põe as cartas na mesa e depois de semanas de espera e polémica lança um fundo de recuperação de 750 mil milhões de euros, composto por 500 mil milhões em subsídios a fundo perdido e 250 mil milhões em empréstimos. Na Itália, o país mais afetado pela pandemia de coronavírus que assolou a Europa e o mundo, espera-se o fim de 82 bilhões em doações e 91 bilhões em empréstimos, o valor mais alto de todos os tempos.

O plano que von der Leyen apresentou ao Parlamento Europeu, chamado "Next Generation Eu", supera os números contidos noacordo franco-alemão e parece ignorar o recriminações dos Estados rigoristas do Norte que há dias reafirmou a sua oposição a qualquer tipo de empréstimo não reembolsável. No entanto, segundo muitos observadores, a própria sobrevivência da União Europeia está em jogo e a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, envia uma mensagem clara a todos: o coronavírus não causará o declínio da UE, mas, pelo contrário, deve tornar-se uma oportunidade para reforçar a integração europeia e combater o nacionalismo e o populismo. “A crise tem efeitos contagiosos em todos os países e ninguém se recupera sozinho. – disse von der Leyen – Uma economia problemática, por um lado, enfraquece uma economia forte, por outro. As divergências e disparidades são cada vez maiores e só temos duas escolhas: ou vamos sozinhos, deixando países e regiões para trás, ou seguimos juntos o caminho. Para mim a escolha é simples, quero que sigamos juntos um caminho forte”:

FUNDO DE RECUPERAÇÃO: TODOS OS NÚMEROS

Como mencionado, o fundo de recuperação colocado em jogo pela Comissão Europeia para ajudar os Estados-Membros que enfrentam a crise económica desencadeada pelo Coronavírus ascende a 750 mil milhões de euros. O valor já havia sido antecipado pelo comissário para Assuntos Econômicos, Paolo Gentiloni, que falou no Twitter de um "avanço europeu para enfrentar uma crise sem precedentes". 

O novo instrumento, que ficará associado ao orçamento da UE 2021-2027, vai distribuir 500 mil milhões de fundos que não carecerão de qualquer reembolso, enquanto outros 250 milhões de euros chegarão aos vários estados sob a forma de empréstimos a reembolsar ao longo do longo prazo, provavelmente a partir de 2027, e a taxas baixas. 

completamente Ajuda europeia para a recuperação chegará a "2.400 bilhões" explicou von der Leyen, sublinhando que "as propostas mais corajosas são as mais seguras". Segundo indicou o presidente do executivo da UE, os 750 mil milhões de euros do orçamento plurianual da UE, o QFP, "revisto para 1.100 mil milhões, num total de 1.100 mil milhões" de euros, juntar-se-ão aos 1.850 mil milhões da recuperação fundo. Por fim, a estes valores acrescem os 540 mil milhões das medidas já aprovadas: Mes luz, Seguro para o desemprego e Fundos Bei.

FUNDO DE RECUPERAÇÃO: COMO VAI FUNCIONAR

Um elemento fundamental da proposta do Executivo da UE diz respeito ao mecanismo de financiamento do fundo de recuperação. O dinheiro virá de emissões de títulos geridos pela própria Comissão. Os títulos terão vencimentos diferentes e serão pagos até 2058 e não antes de 2028. 

Os detentores dos títulos serão reembolsados ​​através de novos recursos que a UE irá arrecadar através do imposto do plástico, novos impostos sobre o digital e sobre o ambiente.

FUNDO DE RECUPERAÇÃO: CERCA DE 173 BILHÕES PARA A ITÁLIA

Segundo as previsões iniciais, a Itália poderia receber cerca de 20% da dotação total, como o "país mais afetado" pela pandemia de coronavírus e a recessão resultante. 

Em números estamos a falar de 81,807 mil milhões de euros de subsídios a fundo perdido e 90,938 mil milhões de empréstimos a longo prazo. No total, portanto, chegamos a 172,7 bilhões de euros. Entre as nações que receberão ajuda substancial está a Espanha, que segundo cálculos pode chegar a 77 bilhões em doações e 63 em empréstimos. De qualquer forma, os valores finais dependerão da demanda.

FUNDO DE RECUPERAÇÃO: COMO O DINHEIRO PODE SER USADO

O dinheiro que chegará de Bruxelas pode ser usado para fortalecer o sistema de saúde, relançar e modernizar a economia de cada estado, olhando acima de tudo para o meio ambiente e digital em linha com o EU Green New Deal. Cada país, como antecipa o vice-presidente do executivo da UE, Valdis Dombrovskis, terá de apresentar um plano nacional que será avaliado pela Comissão. 

A BATALHA COMEÇA

A da comissão da UE é uma proposta. A partir de amanhã, o plano terá de ser negociado pelos Estados-Membros e depois submetido ao escrutínio do Parlamento da UE. A nomeação crucial será o Conselho Europeu agendado para 18 e 19 de junho, mesmo que muitos observadores já estejam prevendo uma segunda cúpula em julho. A negociação não será fácil. De facto, prevê-se uma feroz batalha para vencer as reticências dos rigorosos Estados do Norte relativamente aos empréstimos não reembolsáveis, à mutualização da dívida e ao mecanismo de atribuição de fundos.

Não surpreendentemente, já chegou uma primeira reação negativa da Holanda: “As posições são distantes e este é um dossiê que exige unanimidade, então as negociações vão demorar. É difícil pensar que esta proposta será o resultado final dessas negociações”, disseram fontes diplomáticas holandesas.

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