comparatilhe

Pensões, Consulta – O governo Renzi fez a coisa certa

O reembolso pontual apenas dos pensionistas mais fracos decidido por Matteo Renzi foi uma escolha incómoda às vésperas das eleições regionais mas é a única conforme a sentença do Tribunal Constitucional que evita arruinar as finanças públicas - As oposições de a direita e a esquerda latem para a lua com o paradoxo de defender pensões de ouro

Pensões, Consulta – O governo Renzi fez a coisa certa

Pode ser também um jovem caudilho, um talento rude e tudo o mais que se possa dizer mal dele (o escritor nunca faltou ao exercício do direito de criticar o primeiro-ministro), mas desta vez também – no caso das pensões – Matteo Renzi tem mostrado que leva vantagem sobre seus rivais e adversários, que, mesmo após o anúncio do decreto-lei, continuam latindo para a lua, como se não só fosse possível, mas também razoável reembolsar todos os aposentados ( beneficiários de benefícios no passado superiores a três vezes o valor do mínimo) o corte da equalização automática em 2012 e 2013 com o consequente arrasto também nos anos seguintes. Podemos ser um país de velhos (destinado a ser ainda mais), mas não está escrito em lado nenhum que os direitos dos reformados (como as prerrogativas dos porcos da "Quinta dos Bichos") sejam mais sacrossantos que os dos outros cidadãos. 

Não se pode esquecer que um ''pequeno tesouro'' de mais de 2 mil milhões, inicialmente destinado à inclusão social e ao combate à pobreza, vai ser desviado, com o decreto anunciado pelo Governo (é bom aguardar o texto) , em benefício de alguns milhões de reformados que certamente não são pobres. E não se diga que, em período de crise, os direitos previdenciários são os únicos que não podem ser minimamente questionados. Acresce que a sentença n.70/2015 teve o cuidado de não declarar a ilegitimidade de qualquer medida de adulteração da equalização automática. 

Se o tivesse feito, a Consulta teria negado sua própria jurisprudência. Em vez disso, na fundamentação da sentença n. vezes o valor do mínimo. Uma operação que pesou para aqueles aposentados por 70 bilhão (nunca mais voltou) e que ajudou a financiar a questionável superação da chamada escadaria referida na reforma Maroni (lei n.2008/1,4). 

No caso do n.º 25 do artigo 24.º do decreto Salva Italia, a sanção de inconstitucionalidade prendeu-se com o nível das pensões salvaguardadas, considerado pelos "juízes das leis" demasiado baixo. Em essência, segundo a Corte, para que o sacrifício exigido dos aposentados fosse considerado razoável e proporcional, teria sido necessário proteger um maior número deles, movendo o cursor de isenção para cima. O Governo, portanto, agiu da única forma possível, ressarcindo – pontualmente – apenas uma parte dos pensionistas. E fê-lo de acordo com a disposição do Tribunal. 

Teria sido paradoxal, porém, que uma sentença da Consulta (que visava proteger as pensões médias-baixas injustamente afetadas - na opinião dos juízes - em seu poder de compra pelas medidas de equalização) tivesse resultado também em um benefício a favor dos cheques médio-altos e altos, sobre os quais, ainda no entender do próprio Tribunal, é legítimo intervir. Isso é o que teria acontecido se o governo tivesse optado por um reembolso total. Pode-se dizer que se safar de um desembolso “único” – ainda que fracionado em relação ao valor dos cheques – é uma forma de proceder casual que dará origem a diversos recursos. 

Estamos, no entanto, dispostos a apostar que, se o dispositivo chegasse ao exame da Consulta em algum momento, só poderia reconhecer sua legitimidade justamente com base nos fundamentos da sentença n. 70/2015. Vale ressaltar também que o executivo agora queria tomar uma decisão incômoda. Pode ser devido ao Ministro Padoan que persuadiu Renzi a não rodeios; ou a insistência de Bruxelas poderia ser atendida. No entanto, o primeiro-ministro acabou por decidir ir às eleições dentro de duas semanas, sujeitando-se ao julgamento dos eleitores também pela forma como descascou a "maçã envenenada" recebida de presente do Tribunal. Esses charlatães de seus oponentes pensam que podem marcar nota máxima com a pretensão de dar "tudo a todos". 

Eles perceberão à sua custa que os italianos são mais maduros do que aqueles que afirmam representá-los. As forças da oposição, bizarras e plebeias, como as que ocupam as bancadas do Parlamento, não podem ser responsabilizadas e reconhecer que a solução adoptada pelo Governo quanto à aplicação da sentença n.70/2015 da Consulta foi a única realista e, portanto, possível. Mas pelo menos eles devem ser consistentes consigo mesmos. Vamos adiar, pelo bem do país, o caso do Forza Italia. 

É verdade que o PDL na legislatura passada votou - obtorto collo - a reforma Fornero, mas este partido (mesmo na legislatura atual) tem mostrado que tem memória curta. E para fazer reviravoltas sensacionais com um rosto de bronze recorde. Além disso, os Azzurri são os únicos que podem ostentar algum título de representação (e defesa) das classes excluídas do alargamento do perímetro de proteção (com relativa comparticipação pontual) que o decreto-lei deveria prever. 

Mas as outras partes? Acrobatas de espetáculos secundários reais. Tornaram-se – com o lema de “dar tudo de volta a todos” – os campeões das pensões média-alta, alta, dourada. Mas não passa um dia sem que o Fdl-An proponha um teto aos cheques, enquanto o M5s assume, em seu projeto de lei, o corte das chamadas pensões gold entre os itens que devem dar cobertura financeira à renda básica. Quanto à Liga e ao SEL, certamente nada lhes falta se houver demagogia a ver com as pensões.  

Comente