comparatilhe

Aposentados, eis os de ouro que recebem mais de 90 euros brutos por ano

São pessoas que arrecadam um rendimento bruto anual de pensões superior a 90 mil euros - Entre os mais famosos contam-se Dini, Amato, Draghi, Gamberale e Geronzi - O recorde é de Santinelli: 3 mil euros por dia - A Consulta rejeitou os levantamentos de solidariedade dos últimos governos – Muitas dessas pensões são fruto de privilégios, outras não

Aposentados, eis os de ouro que recebem mais de 90 euros brutos por ano

Existem cerca de 33 deles e custam cerca de 3,3 bilhões por ano. O Tribunal Constitucional decidiu que não é permitido tocar nos seus cheques de reforma, nem mesmo para uma contribuição temporária de solidariedade. Mas quem são os pensionistas de ouro? 

A nível técnico, trata-se de pessoas que auferem um rendimento anual de pensões superior a 90 mil euros. Sempre falamos de números brutos, é claro. Como escreve hoje o Il Corriere della Sera, tratamentos que variam entre 90 e 150 mil euros totalizam cerca de 1.500 e exigem que o Estado gaste 330 milhões por ano. Já os que ultrapassam os 200 mil euros são 1.200, por um custo de 275 milhões. 

O mais rico dos aposentados italianos é Mauro Santinelli, ex-diretor da Telecom (além de inventor do serviço pré-pago Tim Card, que fique claro), que ganha 3 euros por dia (!), ou mais de 90 por mês. Isso foi revelado por Mario Giordano, que analisa vários casos no livro "Sanguisughe" (publicado pela Mondadori). As mais conhecidas são certamente as relativas aos ex-parlamentares, que, no entanto, têm muito pouco em comum com os cidadãos comuns, pois as anuidades são fixadas independentemente pela Câmara e pelo Senado. 

Recentemente, os 31 mil euros recebidos por Giuliano Amato suscitaram polémica, mas defendeu-se explicando que se tratava de um valor bruto que incluía a anuidade, que foi doada a instituições de caridade pelo ex-primeiro-ministro. O ranking também inclui outro ex do Palazzo Chigi, Lamberto Dini (40 euros brutos por mês), ligeiramente superado pelo CEO da F2i, Vito Gamberale (44). Menos ricas, mas igualmente douradas, são as pensões do atual número um do BCE Mario Draghi (14.843) e do ex-presidente da Generali, Cesare Geronzi (22 euros). Todos os ex-membros da Consulta também viajam mais de 20 por mês. 

Mais do que os próprios números, o problema está na forma como essas pensões são concedidas. Muitas vezes não se trata de cálculos normais com base nas contribuições regularmente pagas durante a vida profissional, mas de simples privilégios concedidos a quem alcançou cargos particularmente importantes. Em suma, como sempre, se não quiser demagogo, há que distinguir caso a caso e a origem do cheque faz a diferença.

A quantia que foi pedida aos pensionistas de ouro certamente não foi decisiva para a manutenção das finanças públicas, pois teria rendido apenas 25 milhões por ano. A questão era outra: tratava-se de lançar um sinal de equidade e solidariedade social num período de enormes sacrifícios para os grupos económicos mais desfavorecidos.

No entanto, a Consulta considerou que a taxa era discriminatória. A medida, introduzida pelo governo Berlusconi e posteriormente reforçada pela equipe de Mario Monti, previa uma contribuição de 5% para a parcela que ultrapassasse os 90 mil euros da pensão. Uma participação que subiu para 10% acima de 150 e 15% acima de 200. Teria durado apenas até 2014, mas segundo os juízes era inaceitável porque afetava apenas os aposentados. Se eram de ouro, ao que parecia, era irrelevante. 

Comente