Imediatamente medidas "mais eficazes e credíveis". É este o sentido e a letra do apelo dirigido à nossa política pelo Presidente da República, Giorgio Napolitano, no final de um dia em que se assistiu à clara rejeição por parte dos mercados daúltimo rascunho da manobra instituída pelo Governo.
Tudo aconteceu: o spread com os títulos alemães voltou a subir acima dos 370 pontos, apesar do apoio do BCE; Trichet e, acima de tudo, Draghi deixaram claro que esse apoio não será eterno. E, entretanto, Merkel não hesitou em associar a fragilidade da Itália à da Grécia. Será que o apelo do chefe de Estado será suficiente para reverter uma situação que definir desfavorável é apenas um eufemismo? Dependerá de como os destinatários do recurso se comportam.
A manobra (mas com que medidas?) pode ser aprovada pelo Senado até sábado: a oposição já deu a conhecer que está disposta a reduzir ao mínimo as suas emendas. Mas disponibilidade no método corresponde a igual firmeza no conteúdo, razão pela qual o voto contra também é dado como certo pela área centrista. Quanto à maioria, as últimas notícias confirmam que a tentativa de Tremonti de convencer Bossi e a Liga a estarem mais dispostos a intervir no sistema previdenciário não foi bem-sucedida.
E então há também a ser considerado a greve geral da CGIL que organizou manifestações em muitas praças italianas para hoje. Depois há um problema mais geral da credibilidade do Governo, da sua política económica e do Primeiro-Ministro. Credibilidade perante o país, mas como vimos também perante os mercados internacionais. Porque também se pode dizer, como fez com excesso de indiferença o secretário do Pdl Alfano, que a política não deve ser feita pelos mercados, mas é igualmente verdade que um país devedor desses mercados como o nosso deve prestar contas se quer que eles apóiem nossos títulos do governo.
Em suma, o problema da credibilidade pode não ser apenas o conteúdo da manobra, mas também quem terá que primeiro fazer com que esses conteúdos sejam aprovados e depois implementados. Nos últimos dias tem-se falado muito (em Roma, Bruxelas e Cernobbio) da hipótese de um governo de unidade nacional com todas as grandes forças políticas nacionais e presidido por uma figura institucional de alto nível. Seria (sim) um forte sinal de credibilidade nacional para os mercados e não só. Mas o PDL, que também conta com um novo secretário e no qual não faltam quem se posicione tendo em vista o pós-Berlusconi, continua a mobilizar-se em torno do primeiro-ministro.
Um primeiro-ministro que há 17 anos explicou sua descida ao campo como um serviço ao país. Mesmo que para servir o país, às vezes pode ser igualmente útil deixar o campo no momento certo. E isso também é uma questão de debate político.