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Moody's adia o boletim, mas a Itália continua sob fogo

A agência de classificação aguarda a nova manobra orçamentária do governo antes de se pronunciar, mas os grandes corretores argumentam que qualquer superação da relação déficit/PIB de 3% pode fazer com que o spread suba para 470 pontos base - Hoje o conselho de administração da Atlantia - Trump rejeita o aumento da taxa – Inflação recorde na Venezuela: 80.000 por cento

Moody's adia o boletim, mas a Itália continua sob fogo

“Não estou nem um pouco entusiasmado com a disposição dele de aumentar os juros. Não, não sou nada." Donald Trump entra assim com a perna direita nas intenções de Jerome Powell e fá-lo dois dias depois da intervenção que o presidente da Fed fará na reunião de Jackson Hole, local escolhido para anunciar os próximos movimentos do banco central. Este é o terceiro aumento do custo do dinheiro em 2018, justificado pelo aumento da inflação (2,9% em julho), pela queda do desemprego (3,9%, para o menor nível em 20 anos) e pela saúde das empresas: em somente no segundo trimestre, foram distribuídos dividendos de 497,4 bilhões em todo o mundo.

Mas Trump não gosta desse movimento porque corre o risco de "nos prejudicar enquanto estamos vencendo a batalha do comércio". A alta do dólar favorece a "concorrência desleal" da China e da União Europeia, que, segundo ele, estão enfraquecendo deliberadamente suas moedas. E quanto ao próximo encontro entre os representantes dos EUA e da China sobre funções marcada para amanhã, o presidente congelou o entusiasmo: "Não espero nada de especial".

POWELL EM JACKSON HOLE PARA RESPONDER AO PRESIDENTE

Qual será o impacto da saída do presidente? Powell, que garante nunca ter sofrido pressão da Casa Branca, vai continuar. O próprio presidente disse em entrevista à Reuters que julgará "Powell em sete anos", porém reivindicando o direito de "julgar o Fed" quando quiser: "Os resultados contam, não a independência". Mas dentro do Banco, como demonstra a saída de Raphael Bostic do Fed de Atlanta, cresce o partido daqueles que temem que três altas em 2018 possam provocar uma desaceleração violenta demais da economia.

O EURO SOBE ACIMA DE 1,15. O YUAN COMEÇA DE NOVO

As palavras do presidente tiveram um eco imediato. O dólar perdeu posições, enquanto o euro voltou a subir imediatamente acima de 1,1544. Mais forte esta manhã os movimentos nas moedas asiáticas. A cruz dólar-iene cai para seu nível mais baixo desde o final de junho em 110,1. O yuan chinês valorizou pelo quarto dia consecutivo em 6,84 em relação ao dólar. A cruz dólar-rúpia indiana também está em baixa, atingindo uma alta histórica na semana passada, acima da taxa de câmbio de 70: esta manhã estamos em 69,6.

PEPSICO STOP PARA BEBIDAS NÃO CARBONATADAS

A entrevista com o presidente, divulgada dez minutos antes do final da sessão, desacelerou a alta de Wall Street, até então flutuante: Dow Jones +0,35%, S&P +0,24%, Nasdaq +0,06%.

No plano empresarial, destacam-se os novos recordes absolutos da Nike (+3%) e da Aestée Lauder (+3,4%), gigante da cosmética liderada pelo italiano Fabrizio Freda.

A gigante dos refrigerantes Pepsico quer adquirir a israelense Soda Stream, líder em refrigerantes caseiros, por 3,2 bilhões de dólares.

A queda do dólar, aliada à expectativa de avanço nas negociações tarifárias, favoreceu a recuperação das bolsas asiáticas, principalmente da China. Índice CSI 300 das bolsas de Xangai e Shenzhen +1,9%, Hong Kong +0,5%. A Bolsa de Valores do Japão ganha 0,5%.

O mercado de ações indiano ficou estável, com o índice BSE Sensex em 38.282 pontos. O Citi aconselha cautela com a Bolsa de Valores de Mumbai, que subiu 18% desde o início do ano e está imune à questão das guerras comerciais: em relatório divulgado esta noite, a corretora confirma sua meta de médio prazo, no final de Em março, a BSE deve ficar em 37,300 pontos, meta que implica uma queda de cerca de 2,5%.

CICLONE MADURO MATA A MOEDA; INFLAÇÃO EM 80 MIL %

O petróleo Brent está pouco movimentado a 72,2 dólares o barril. Nos últimos três dias sempre fechou em alta. A estreia surreal da nova moeda da Venezuela também pesa nos mercados: os salários sobem 3.000%, mas a inflação está em 80.000%, com perspectiva de subir para mais de um milhão por cento. O presidente Maduro atrelou a moeda à sua própria criptomoeda, o petro.

MOODY'S ADIA O RELATÓRIO: O SPREAD PODE SUBIR PARA 470 BPS

A Itália continua no centro das atenções do mundo financeiro. A agência de rating Moody's decidiu adiar a decisão sobre um possível rebaixamento da Itália. A manobra de 2019 do governo Conte e as escolhas em matéria de reformas serão centrais, adverte a agência, que recorda em nota ter colocado o rating 'Baa2' da Itália em observação para uma possível baixa em 25 de maio.

A uma pergunta sobre a possibilidade de ultrapassar o limite de 3% déficit/PIB permitido pelas regras europeias, o subsecretário Giancarlo Giorgetti respondeu à margem da reunião em Rimini: "Não descarto nada", porque o desabamento do viaduto na a A10 na passada terça-feira “foi um choque para toda a classe política italiana, bem como para a opinião pública, pelo facto de termos ativos de infraestruturas em grave défice de manutenção. Vai começar uma negociação difícil [com a Europa], sabemos disso, mas é uma negociação que pretendemos fazer porque achamos que estamos certos”.

De acordo com o fundo Aberdeen, o mercado está atualmente descontando uma relação déficit/PIB de 2019% para 2, ante os 0,8% apontados na previsão do governo anterior. Em média, as grandes corretoras esperam que qualquer superação de 3% eleve o spread para cerca de 470 pontos base, se ao invés disso permanecesse em torno de 3% haveria apenas um aumento modesto, em torno de 300 pontos base. Se, por outro lado, o governo se mantivesse abaixo de 2%, poderia voltar para cerca de 200 pontos base. O Goldman Sachs acredita que, se houver espaço para promessas eleitorais na lei de finanças, o déficit do PIB subirá para cerca de 7%.

O BALANCE PLACE INTERROMPE A SEQUÊNCIA NEGATIVA

Neste contexto, a Bolsa de Milão iniciou a semana com uma valorização de 0,27%, para 20.471. A recuperação interrompe uma sequência negativa de sete pregões consecutivos, em que o índice acumula perda de 6,5%.

A perspectiva de retomada do diálogo comercial entre EUA e China favoreceu as demais listas, que subiram (ao contrário de Piazza Affari) ao longo da sessão. Frankfurt brilha (+0,99%). Paris (+0,65%), Madri (+0,54%) e Londres (+0,46%) também tiveram bons desempenhos.

Papel italiano em recuperação no Bund: o spread caiu para 270 pontos, o yield do BTP de 10 anos para 3,02%, ante 3,09% na sexta-feira.

GIORGETTI RECUPERA A CONCESSÃO DE ATLANTIA

A descida do Atlantia continua (-4,68% para 18,44 euros), aguardando a reunião do conselho de administração de hoje. A bolsa que, no entanto, fechou o dia acima das mínimas após as palavras de Giorgetti: “Não vejo os termos” para uma lei que revogue a concessão, disse o subsecretário, acrescentando que porém “é preciso que o acordo seja revisto: as margens de rentabilidade que vejo em comparação com as convenções me parecem desproporcionais". Quanto ao nacionalização de rodovias, explicou que não está “muito convencido de que a gestão direta por parte do Estado seria mais eficiente”.

As ações da outra grande concessionária, o grupo Gavio, também caíram: Sias perdeu 4,2%, Astm 3,6%.

FCA COMEÇA DE NOVO: MAGNETI PODE VALE 7,6 BILHÕES

Forte recuperação da Fiat Chrysler (+3,21% para 14,17 euros) após as recentes quedas que empurraram a cotação para o nível mais baixo dos últimos 15 meses, atingindo na passada sexta-feira os 13,40 euros. De acordo com a Bloomberg, a Magneti Marelli pode valer até US$ 7,6 bilhões, incluindo dívidas, com base na comparação com pares, e pode alcançar uma alta classificação de crédito abrindo o capital. Analistas calculam que o fornecedor de autopeças pode gerar mais de US$ 2 bilhões em dividendos para a Fiat Chrysler, que podem ser usados ​​para reduzir dívidas ou fechar acordos financeiros extraordinários intragrupo. Ferrari (+1,52%) e Exor (+1,99%) também recuperaram.

VOLANTE CAMPARI, SALINI E DIASORIN

Campari destaca-se (+2,84%) depois de estabelecer um novo recorde histórico de 7,88 euros. Desde o início do ano (+20%) é uma das melhores blue chips da Piazza Affari. A tendência de alta é suportada pela força dos resultados. A Campari encerrou o primeiro semestre de 2018 com lucro líquido ajustado de 104,4 milhões de euros, alta de 11,6%, e crescimento orgânico das vendas de 5,4%.

Entre os melhores da lista também Salini (+5,04%). O grupo de construção, através de sua subsidiária americana The Lane, ganhou um contrato para o projeto e construção do I-10 Corridor Express Lanes na Califórnia. A Lane Construction Inc anunciou a venda da Divisão de Plantas e Pavimentação para a Eurovia SAS, uma empresa do Grupo Vinci, por um valor total em dinheiro de US$ 555 milhões.

Diasorin decola (+7,20%) depois que Berenberg aumentou o preço-alvo para 96 ​​de 86 euros.

Os bancos italianos estão fracos: a cesta do setor cai 0,33%. As grandes Intesa e Unicredit marcam queda de 0,62 e 0,25%.

Aedes +7,04% após as recentes quedas. A empresa disse que não tinha conhecimento de nenhum fato ou evento que justificasse o desempenho das ações na semana passada.

A primeira jornada do campeonato, ainda que com volumes decididamente reduzidos, premiou a Roma (+0,78%), enquanto a Juventus (-0,05%) caiu ligeiramente apesar a vitória sobre o Chievo. Lázio -3,42% depois a derrota contra o Nápoles.

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