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Líbia, uma tentativa da Al Qaeda de distorcer a Primavera Árabe

ENTREVISTA COM STEFANO SILVESTRI – O ataque de Benghazi ao embaixador dos EUA é “uma tentativa de distorcer a Primavera Árabe para os propósitos da Al Qaeda, que pretende transformá-la num confronto com o Ocidente e não com os velhos regimes autoritários” – Riflessi sobre o campanha eleitoral nos Estados Unidos? "Obama poderia tomar algumas medidas espetaculares."

Líbia, uma tentativa da Al Qaeda de distorcer a Primavera Árabe

Assistimos a um momento de transição, em que os fundamentalistas tentam manter da melhor forma possível os seus privilégios. “É normal que os partidos mais extremistas tentem aproveitar esta situação para aumentar a sua força junto da população”. Uma forma de convencer as massas a segui-los, assim o presidente do Instituto de Assuntos Internacionais (IAI), Stefano Silvestri, interpreta o assassinato do embaixador americano Chris Stevens e seus três compatriotas ocorrido ontem em Benghazi. Ao FIRSTonline explicou quais são os desafios dos novos governos democraticamente eleitos, “estabilidade e orientação política de longo prazo”.

PRIMEIRO on-line – Presidente, parece que o ataque é atribuído ao grupo fundamentalista Amsa Al-Sharia, ligado à Al Qaeda. Podemos pensar em uma reorganização do grupo terrorista?

Silvestri – A Al Qaeda sempre se manteve mais ou menos organizada. Divide-se em grupos destacados que se auto-organizam com cúpula bastante distante dos segmentos locais. Certamente ainda é muito ativo, especialmente na África.

PRIMEIRO on-line – O ataque na Líbia pode ser considerado um caso isolado ou um período de terror recomeçará?

Silvestri – Como em todos os ataques terroristas, há um elemento de planejamento e um elemento de oportunidade. O número de ataques da Al Qaeda em países menos estáveis ​​ou onde há uma guerra civil em curso, como no caso da Síria, tende a aumentar, mas não atinge a intensidade observada no Iraque há alguns anos. Em alguns países observa-se um fortalecimento dos movimentos fundamentalistas, por exemplo no Mali. Mas é difícil generalizar, deve ser analisado caso a caso.

PRIMEIRO on-line – Como você avalia a reação do Egito, devemos temer um efeito dominó? 

Silvestri – Não. Certamente os partidos fundamentalistas tentarão aproveitar esta situação para aumentar sua força na população, reacendendo sentimentos antiocidentais. O verdadeiro problema é conseguir estabilidade e entender a orientação política desses países no longo prazo. 

PRIMEIRO on-line – O ataque ao Embaixador Stevens é um ataque à Primavera Árabe?

Silvestri – Sim, pode ser visto como uma tentativa de distorcer a Primavera Árabe para os propósitos da Al Qaeda, tentando transformá-la em um confronto com o Ocidente em vez dos antigos regimes autoritários.

FIRSTonline – Você prevê que haverá consequências econômicas depois do que aconteceu?

Silvestri – Espero que não. O governo líbio não tem interesse em seguir esse caminho, então não acho que haverá consequências econômicas drásticas, não imediatamente. Mas se o fundamentalismo e o terrorismo não forem controlados a longo prazo, os efeitos nas relações comerciais e na economia podem ser graves. Mas isso não parece um cenário muito realista para mim.

FIRSTonline – Como mudará a campanha eleitoral americana?

Silvestri – Até agora, os republicanos não culparam o presidente Barack Obama pela segurança, mas é provável que comecem a fazê-lo. Portanto, é possível esperar que, para evitar essas acusações, Obama tente alguns ataques contra a Al Qaeda. Podemos ver ações mais espetaculares da Casa Branca nestes últimos meses antes da eleição.

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