comparatilhe

AS ENTREVISTAS DO FINAL DE SEMANA - Lanzillotta: "Um golpe na ala nas reformas para fazer a Itália correr"

ENTREVISTA COM LINDA LANZILLOTTA, Pd vice-presidente do Senado - "A carta-apelo que enviamos a Renzi sobre as 5 prioridades da agenda de reformas visa fortalecer a força motriz do Governo" - As reformas podem "colocar a Itália em funcionamento" não porque A Europa pede-nos mas porque modernizam o país e os mercados julgam-nos por isso

AS ENTREVISTAS DO FINAL DE SEMANA - Lanzillotta: "Um golpe na ala nas reformas para fazer a Itália correr"

Caro Renzi, não baixe a guarda com as reformas. Seria suicídio. A aproximação das eleições administrativas nos grandes Municípios e do referendo sobre a reforma constitucional do Senado não só deve abrandar o impulso propulsor do Governo no campo das reformas, mas deve, antes, impelir-nos a encontrar um novo impulso. Com cinco prioridades: a revolução no gasto público, maior competição, reforma da representação e negociação sindical, reorganização da justiça e promoção da excelência nas universidades. Esta é a essência de uma carta de apelo enviada no início desta semana ao primeiro-ministro Matteo Renzi por 8 deputados do Partido Democrata, incluindo Pietro Ichino, Irene Tinagli, Giampaolo Galli e a vice-presidente do Senado Linda Lanzillotta que explica seu significado nesta entrevista ao FIRSTonline.

PRIMEIRO on-line – Senador Lanzillotta, depois da cavalgada do governo Renzi em 2015, já se sente há algum tempo a urgência de um recomeço e um impulso na política de reformas: a ideia de uma carta-apelo que o senhor e outros sete parlamentares do Partido Democrata tem mandato para o primeiro-ministro nasceu daqui?

LANZILLOTTA - A carta-apelo ao primeiro-ministro nasceu da consciência de que mais do que um recomeço da política de reformas, que sob Renzi nunca parou, é essencial que a Itália volte aos trilhos: não porque a Europa nos pede, mas porque é essencial para a modernização e desenvolvimento do país e porque é sobre isso que os mercados nos julgam. Felizmente, não estamos começando do zero nessa área, porque 2015 foi um ano extraordinário e porque Renzi venceu onde muitos falharam. O orçamento do ano passado fala por si: basta pensar nas reformas constitucional e eleitoral, mas também na Lei do Emprego, na reforma dos bancos cooperativos, no código de compras e em todas as outras reformas que foram aprovadas: porém, agora não podemos baixar a guarda e devemos dar novo fôlego às reformas.

PRIMEIRO on-line – Qual foi a resposta de Renzi à sua carta?

LANZILLOTTA - Veremos em breve pelos fatos. Não esperamos tapinhas no rosto, mas novas páginas na agenda do governo na área crucial das reformas. A nossa foi uma lembrança e estamos convencidos de que o primeiro-ministro a valorizará, porque nossa iniciativa visa unicamente animar um debate construtivo sobre a ação do governo e fortalecer o extraordinário dinamismo que Renzi manifestou até agora e que deve continuar com renovado vigor mesmo em um ano cheio de grandes eventos políticos como 2016 com eleições locais nos grandes municípios na primavera e o referendo sobre a reforma constitucional em outubro.

PRIMEIRO on-line – Oito assinaturas para a carta de apelo a Renzi são, no entanto, um pouco poucas: isso significa que no próprio Partido Democrata existem grandes bolsões de resistência à política de reforma do governo?

LANZILLOTTA - Não, não queríamos caçar assinaturas e fazer um referendo sobre o ritmo do reformismo no Partido Democrata, mas sim jogar uma pedra na lagoa em vista das próximas batalhas. Por isso partimos de imediato, sem muitos toques de trombetas, mas não faltou valorização nas bancadas parlamentares do Partido Democrático e creio que tudo isto se verificará melhor quando promovermos debates públicos sobre os temas individuais da nossa iniciativa de reforma , aberto não só aos políticos, mas também às forças da cultura e da opinião pública. Mas deixe-me fazer mais um esclarecimento.

PRIMEIRO on-line – De nada.

LANZILLOTTA - Ainda que muitas das assinaturas recolhidas no âmbito da carta-apelo ao primeiro-ministro sejam de parlamentares que se reuniram e que vêm da Escolha Cívica, não temos nem remotamente a ideia de constituir uma corrente de super-reformistas dentro do Partido Democrata Partido, mas apenas de fazer uma batalha sobre o conteúdo das reformas que consideramos prioritárias em 2016 e que devem fortalecer a ação do governo. Se nossa iniciativa repercutir no Partido Democrata, será para fazer entender que não há tantos entraves no maior partido italiano, mas há uma maioria muito grande que pressiona por reformas.

PRIMEIRO on-line – Propor acelerar as reformas poucos meses antes das eleições locais nas grandes cidades pode ser uma aposta generosa: não corre o risco de fazer o Partido Democrata perder votos?

LANZILLOTTA - Nós pensamos exatamente o oposto. Não só porque, se as reformas colocarem em crise corporações e lobbies e exaltarem os interesses gerais, elas podem angariar mais apoio do que dizem os clichês sobre a ligação entre reformas e resultados eleitorais. Mas também porque as próximas eleições administrativas serão jogadas principalmente em questões locais e na qualidade dos candidatos e, portanto, não há razão para atrasar as reformas. Pelo contrário, as reformas reforçam a novidade que Renzi trouxe para a política italiana.

PRIMEIRO on-line – A revolução da despesa pública para reduzir a dívida e os impostos está no topo das cinco reformas prioritárias que sugere ao Governo: isso significa que espera um relançamento da revisão da despesa e que os decretos que vão concretizar a reforma do PA não são suficiente?

LANZILLOTTA - Avaliaremos o texto dos decretos que implementam a reforma da AP no mérito, mas espero que o Governo aproveite plenamente a ampla delegação que recebeu do Parlamento e que também promova forte inovação no setor público. Quanto aos gastos, porém, devemos nos entender e elevar o nível de ambições.

PRIMEIRO on-line – Em que sentido?

LANZILLOTTA - Não se trata de fazer mais alguns cortes aqui e ali ou mesmo de recorrer mais ao Consip, como também é necessário, mas sim de realizar uma ação de profunda reorganização das administrações públicas que tenha como objetivos uma maior eficiência dos serviços para os cidadãos, eliminando bolsões de excedentes e anuidades dos cargos, mas também um processo de requalificação ou recolocação de funcionários que só têm a ganhar com a reforma e um novo plano industrial da AP.

PRIMEIRO on-line – O que exatamente você está propondo quando pede um salto quântico na política de concorrência?

LANZILLOTTA - Pensemos antes de mais no mercado único digital e no entrelaçamento das redes de telecomunicações e dos conteúdos online que podem oferecer grandes oportunidades ao nosso país mas que devem ser regulamentados para evitar novos monopólios e desenvolver a concorrência e a transparência. Mas também terão de ser dados muitos passos em frente nas redes de mobilidade, energia, seguros e medicamentos: a iminente discussão no Senado da lei da concorrência é uma oportunidade a não perder.

PRIMEIRO on-line – Um ponto crucial da vossa iniciativa é também aquele que exorta o Governo a reformar a representação sindical e a estrutura negocial com vista à produtividade laboral: significa que não considera adequada a recente plataforma CGIL, CISL e UIL e que não não confia no confronto entre os parceiros sociais?

LANZILLOTTA - O nosso é um empurrão para fazer. Não podemos esperar anos para redefinir a representação sindical e mudar a estrutura dos contratos, privilegiando a dimensão empresarial que melhor recompensa a produtividade e distribui mais equitativamente os seus benefícios. A Lei do Emprego mostrou que grandes mudanças podem ser feitas mesmo no campo minado do mercado de trabalho e é correto continuar rapidamente nesse caminho.

PRIMEIRO on-line – A carta-apelo que você enviou a Renzi também pede atenção prioritária à reorganização do judiciário e da Universidade, mas evita questões politicamente sensíveis e altamente atuais, como sindicatos e bancos: por quê?

LANZILLOTTA - Foi inútil intervir nas uniões civis, quer porque já existe um forte empenho do primeiro-ministro, quer porque temos apostado nas reformas económicas e sociais. Deste ponto de vista, os bancos são certamente uma questão prioritária, mas antes de propor uma nova lei, penso que temos de esperar pelos resultados da comissão parlamentar que se avizinham no horizonte sobre os 4 bancos em crise e sobre os últimos 15 anos de bancarização, mas que é também necessário, em articulação com as orientações europeias, redefinir um novo modelo bancário sobre o qual ainda há muito por onde aprofundar e reflectir.


Anexos: ENTREVISTAS DE FINAL DE SEMANA – Vaciago: “A Itália teve que responder primeiro à crise bancária”https://www.firstonline.info/a/2016/01/03/le-interviste-del-weekend-clo- oil-starts- at-/f2667265-0bb2-488f-9b49-8a40ebca76ab

Comente