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Itália sob estresse e o BCE acelera o fim do Qe

O spread voa mais de 250 bps e, juntamente com o zeramento dos ganhos do mercado de ações de 2018, sinaliza a preocupação dos mercados com a estabilidade financeira da Itália e os movimentos do BCE não são boas notícias para o novo governo – em vez disso, o Nasdaq está galopando e o a corrida por refúgios seguros, como os T-bonds americanos, continua

Itália sob estresse e o BCE acelera o fim do Qe

Itália, mas não só, para agitar as águas dos mercados. A elevação do spread, após a estreia do primeiro-ministro Giuseppe Conte, que obteve ontem a confiança do Senado, sinaliza a preocupação dos operadores com a estabilidade financeira de Bel Paese e consequentemente da Zona do Euro. Como consequência, a corrida por "portos seguros" recomeça, começando pelos títulos dos EUA.

Mas a indiscrição de Bloomberg chegou ontem à noite para viabilizar a recuperação do euro: na próxima reunião do conselho do BCE, marcada para 14 de junho em Riga, os membros da diretoria vão discutir o fim da política monetária ultraexpansiva. O anúncio do fim do Quantitative Easing já poderia estar no press release ao final da reunião, mas mesmo que não fosse formalizado, Mario Draghi deve dar indicações precisas sobre a próxima parada para compras de títulos durante a coletiva. A reação do euro foi imediata, saltando para 1,172. Mas o fim das intervenções, embora amplamente esperado, certamente não é uma boa notícia para as contas italianas.

TECNOLOGIA DE VOO: AMAZON +82,5% DESDE SETEMBRO

Mais uma vez a tecnologia se encarregou de banir a incerteza das tabelas de preços. O Nasdaq estabeleceu um novo recorde histórico (7.637,86, alta de 0,41%), enquanto o Dow Jones (-0,06%) e o S&P500 (+0,07%) ficaram atrás. O índice FANG (Facebook, Apple, Netflix, Google) subiu pelo quarto dia consecutivo, atingindo o nível mais alto de sua história. Segundo dia recorde para a Apple (+0,7%), que ontem apresentou seus novos produtos na conferência de desenvolvedores.

O Twitter voa (+5%) na onda da sua entrada no índice das 500 empresas mais representativas de Wall Street, o S&P500, que subiu 0,1% ontem à noite. Mas o desempenho mais impressionante diz respeito à escalada da Amazon, +1,9% ontem: em setembro valia 932 dólares por ação, 8 meses depois estamos em torno de 1.700. Um progresso de 82.5%. Não em uma ação de nicho: ao contrário, um colosso que passou de 450 para 820 bilhões de dólares em capitalização em 8 meses.

A GUERRA ADUANEIRA PESOU SOBRE O REAL E O PESO MEXICANO

Na frente geopolítica, apenas alguns dias após a cúpula de Cingapura entre Kim e Trump, as disputas comerciais continuam. Os rumores sobre uma próxima saída dos Estados Unidos do NAFTA, o acordo comercial com os países da América Latina, derrubaram as principais moedas da região, a começar pelo real brasileiro (3,81 em relação ao dólar) e o peso mexicano.

Em troca, há uma possível melhora com a China. Washington e Pequim chegaram a um acordo de princípio: a chinesa ZTE poderá voltar a comprar produtos e serviços de alta tecnologia de empresas norte-americanas, sujeita ao pagamento de multa de 1,7 bilhão de dólares.

LISTAS DE PREÇOS ASIÁTICOS POUCO MOVIDOS. RECUPERAÇÃO DE ÓLEO

As bolsas asiáticas movimentaram-se pouco esta manhã: a Bolsa do Japão subiu 0,2%, a de Hong Kong 0,3%, a da Índia 0,2%. A bolsa de Cingapura caiu (-0,2%) e o índice CSI 300 das bolsas de Xangai e Shenzhen (-0,2%).

O petróleo recuperou esta manhã para 75,63 dólares o barril. Na Piazza Affari Saipem +0,1%; JP Morgan aumenta o preço-alvo para 4,30 euros de 3,80 euros, classificando Overweight de Neutro. Tenaris inalterado. Eni -0,8%, Saras +2,5%.

RECUPERAÇÃO EUROPEIA DESACELERA: PMI NO MAIS BAIXO DESDE NOVEMBRO DE 2016

Mais um dia de contrastes para os mercados europeus a partir de Milão. A estreia do governo liderado pelo primeiro-ministro Giuseppe Conte não tranquilizou os operadores nem na gestão das finanças públicas nem nas relações com a Europa. As listas de preços europeias não reagiram de forma particular ao caso italiano. A queda dos índices PMI do Velho Continente, que atingiram o nível mais baixo desde novembro de 2016, não ajudou.

CAMISA PRETA DO MILAN REDEFINI OS RESULTADOS DE 2018

O principal índice de Milão fechou em baixa de 1,18%, a 21.750 pontos, nas mínimas do dia, após atingir a máxima de 22.194 da manhã em volumes discretos (3,09 bilhões) mas inferiores aos alcançados na semana passada.

Após a queda de ontem, o desempenho do Ftse Mib desde o início de 2018 foi zerado, de +13% em abril, alinhando-se assim com o restante da Zona do Euro.

As outras bolsas europeias também estão no vermelho, embora em menor proporção em relação à lista milanesa, exceto Frankfurt (+0,13%).

Londres e Madri perderam 0,7% e 0,66%, respectivamente, enquanto Paris caiu 0,22%

O SENADO CONFIA CONTE. SALVINI: O IVA NÃO VAI AUMENTAR

À noite, o governo obteve a maioria: 171 senadores votaram a favor, 117 contra, 25 abstenções. Mas depois da confiança, as declarações do vice-primeiro-ministro Matteo Salvini aumentaram, se possível, a incerteza. O Governo não permitirá o aumento do IVA e dos impostos especiais de consumo, conforme previsto nas cláusulas de salvaguarda do orçamento, porque, afirmou o Ministro do Interior e Vice-Primeiro-Ministro Matteo Salvini, "certamente não fomos eleitos para aumentar o IVA, os impostos especiais de consumo e os impostos, e, portanto, o IVA não aumentará”. Além disso, acrescentou, a Alitalia não deveria ser vendida, à custa da intervenção do Estado.

Soa sinistro o alerta de Mario Monti ao Senado: “Não está excluído que a Itália possa ter de sofrer o que evitou em 2011, ou seja, a humilhação da troika. Eu sinceramente espero que não. Hoje o spread é de 213 para a Itália, 98 para a Espanha, 143 para Portugal, e isso no regime Qe. Retire isso, como acontecerá em breve, e este 213 não é muito diferente daquele 575 de que muitos aqui se lembram”.

SALVE MAIS DE 240 PONTOS À NOITE E MAIS DE 250 HOJE

Mas os números listados pelo ex-primeiro-ministro logo foram superados. O spread, nas últimas etapas, aumentou significativamente.

Por volta das 17,20, o diferencial Btp/Bund a 10 anos, que há uma semana alargava para 324 pontos (o mais elevado desde maio de 2013), fechou a sessão a 239 pontos face aos 216 de segunda-feira, após um pico nos 241. Mas esta manhã a spread saltou mais de 250 bps.

A taxa italiana a 3,20 anos, que subiu para 2,75% na passada terça-feira, quando a crise política parecia prestes a evoluir para um regresso às urnas talvez já no verão, fechou a sessão nos 2,57% face aos 2,77% da véspera, após um pico de XNUMX%.

BANCASSURANCE, O EIXO UNICREDIT-GENERALI NASCE NO ORIENTE

O setor bancário pesa fortemente na bolsa, perdendo 1,7% (-1% na Europa).

Sob pressão a Intesa Sanpaolo (-3,8%), que estaria prestes a vender a participação na autoestrada Brebemi ao fundo F2i, e a Unicredit (-3,5%), em negociação com a Generali (-2%). Parece que eles estão negociando uma aliança de bancassurance na Europa Oriental. UnipolSai -0,8%.

LOCAIS PARA A COMPRA DE SIA. COSTAMAGNA SAI DO CDP

Poste Italiane (-2,6%) poderia comprar 35% da SIA da Cassa depositi e prestiti. Entretanto, Claudio Costamagna comunicou a decisão de não continuar com um segundo mandato à frente da Cassa Depositi e Prestiti.

Entre as concessionárias, a Enel (-1,8%) assumiu 73,4% da brasileira Eletropaulo por 1,61 bilhão de euros. O comprador também subscreverá um aumento de capital de 343 milhões de euros. A empresa foi comprada a um múltiplo Ev/Ebitda de 11 vezes. A Enel torna-se a primeira operadora de distribuição brasileira.

Italgas desacelera (-0,65%): a Equita Sim reduziu o preço-alvo da ação para 5,2 euros ante os 5,4 euros anteriores, para refletir o efeito do descolamento do cupom.

Atlântida -1,5%. Abertis lançou uma colocação privada em 4,1% da Cellnex.

STM SUPERSTAR, BANCA IMI AWARDS FERRARI

Destaques entre os industriais: a melhor blue chip foi Stm (+4,43%) que entrou na lista de favoritos do Socgen.

A ação da Ferrari (+3,14%) se destaca no estábulo Agnelli. O Banca Imi elevou o preço-alvo para 135 de 121 euros, confirmando a recomendação de compra. Recuperação tímida também para a Fiat Chrysler (+0,9%) após duas sessões em queda significativa.

Leonardo (-0,3%) deverá participar de uma maxi licitação da Força Aérea dos Estados Unidos em aeronaves de treinamento (ver estratégia turbo).

Compras de luxo: Brunello Cucinelli (+3,3%9 e Moncler (+3,7%) marcam novos máximos históricos.

De destacar ainda o salto da Recordati (+3,65%) na sequência do rali iniciado a 26 de maio.

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