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Imobiliário: dos NPLs às hipotecas, os efeitos da Covid no mercado

Durante os três dias da conferência digital "Imobiliário: o ponto de interrogação para o futuro" surgiu um panorama claro-escuro do mercado imobiliário e dos efeitos que a crise desencadeada pelo Coronavírus está a ter no imobiliário - Leilões e investimentos em alta, aumento do risco de Npl

Imobiliário: dos NPLs às hipotecas, os efeitos da Covid no mercado

A crise económica desencadeada pela Covid-19 atingiu também o setor imobiliário que, após anos de crise, começava a dar os primeiros sinais de recuperação. Em 2019, por exemplo, os investimentos corporativos no setor imobiliário italiano atingiram um novo recorde, chegando a 12,3 bilhões de euros investidos, dos quais 75% no exterior. Até fevereiro, as perspectivas também pareciam positivas para 2020. Depois veio o coronavírus que teve um efeito “flash-back” no setor imobiliário, retrocedendo 5-6 anos.

Esta é a imagem que emerge da conferência digital de três dias “Real Estate: The Question Mark For The Future”, organizada pelo Credit Village e pela agência de comunicação corporativa TWIN – The World Is Now. 

INVESTIMENTOS

De acordo com os dados fornecidos pelos especialistas, a quebra de investimentos marcada no período de confinamento, com investimentos de apenas 2 mil milhões de euros, tem sido acompanhada nas últimas semanas por alguns sinais de recuperação, em particular no segmento residencial. E se os especialistas não esperam que haja um impacto significativo nos próximos trimestres para a venda de casas, a preocupação é sobretudo para os escritórios, sobrecarregados com a oportunidade de smart working. 

Como explica Marco Grillo, da Abitare In, “o mercado residencial se beneficiou da crise principalmente nas grandes cidades, com alta de 7,1% nos preços no primeiro trimestre de 2020. Para os bancos, financiar a compra de uma casa é um investimento perfeito, seguro e favorável ao capital. Vemos que os bancos estão aprovando e renovando linhas de crédito com taxas fixas de até 30 anos”.

HIPOTECAS E LEILÕES

No primeiro trimestre de 2020 foram anunciados menos 80 leilões imobiliários do que no período homólogo de 2019, um decréscimo que em termos percentuais corresponde a -62%. Em números, no primeiro trimestre de 2019 foram 131 mil leilões, nos três primeiros meses de 2020 foram 49 mil e ainda há muita confusão na Justiça tanto no que diz respeito à gestão emergencial quanto aos tempos de suspensão dos imóveis. leilões.

O efeito do bloqueio também foi sentido nas hipotecas, que estão se recuperando apenas ligeiramente há algumas semanas, e nos empréstimos inadimplentes.

De acordo com o Crif, no que respeita às moratórias do crédito à habitação, em maio de 2020 foram desembolsados ​​mais de 300 mil contratos (6,4% do total) com um valor médio da prestação suspensa de 611 euros e um valor residual médio de 121.700 mil euros.

NPL

A Nomisma explica que, devido à crise desencadeada pela emergência da Covid-19, já se formaram 15,6 mil milhões de euros de crédito malparado decorrente de prestações hipotecárias não pagas, com 100 mil famílias em risco de insolvência nos próximos trimestres e 160 mil famílias que já tem uma propriedade executada. A Equita, por outro lado, prevê 184 mil milhões de euros de potenciais novos NPLs pós-Covid. Apesar disso, segundo especialistas, não haverá uma nova crise, já que em comparação com a recessão de 2008, a Itália tem bancos mais capitalizados, uma indústria de serviços mais estruturada e um mercado imobiliário em recuperação, apesar da forte queda durante o bloqueio.

TECNOLOGIA NO MERCADO IMOBILIÁRIO

O papel da tecnologia será cada vez mais importante para manter o mercado imobiliário em funcionamento: as imobiliárias, também impulsionadas pela pandemia, iniciaram visitas virtuais e negociações à distância, numa abordagem cada vez mais consultiva e de atendimento ao cliente. Uma forte mensagem surgiu entre fundos de investimento, bancos, servicers e operadoras da cadeia imobiliária e startups proptech: o fator humano mantém enorme importância na leitura e gestão de dados que, embora automatizados graças à inteligência artificial e ao machine learning, devem ser interpretada por profissionais competentes nos setores de referência.

Apesar disso, em termos de proptech, ou seja, a tecnologia aplicada a ativos imobiliários, a Itália continua na retaguarda na Europa, segmento de mercado em que os especialistas presentes na conferência estimam um atraso em relação à Grã-Bretanha de cerca de 5 a 6 anos:

Para Giovanni Bossi, fundador da Cherry, “as finanças tradicionais não são conservadoras, pelo contrário, buscam soluções inovadoras com retornos superiores. Os conservadores são pessoas, e as pessoas fazem a diferença. Inovar é mudar, e mudar é assustador porque quebra hierarquias e empurra quem tem mérito, não quem tem um cargo. Infelizmente, a mudança e a abertura à tecnologia é uma mentalidade que ainda hoje não pertence – ou apenas marginalmente – aos envolvidos no desembolso de crédito”.

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