Os resultados da Alphabet, empresa controladora do Google, na noite passada ofereceram uma imagem eloquente do conflito entre os grandes nomes da economia digital e Bruxelas. No segundo trimestre, o buscador conseguiu um forte aumento de receita (+21% para 26 bilhões de dólares) e um bom resultado operacional (6,9 bilhões de dólares contra 5,9 bilhões de um ano atrás), mas, devido multa emitida pela União Europeia, o lucro líquido caiu para 3,5 bilhões: -28% , o menor desde 2008.
Wall Street, após a divulgação dos resultados da bolsa fechada, puniu a ação com uma queda acentuada, em torno de 2,5%. O efeito pontual da multa (absorvido em um único trimestre) não pesa tanto quanto o fato de os pressupostos que motivaram a sanção, segundo Bruxelas, permanecerem. A Alphabet, aliás, continua a reunir as atividades do YouTube, Maps e Android, trio formidável que garante ao buscador, junto com o Facebook, o quase monopólio da publicidade no mundo digital.
Quanto aos outros números do balanço, o lucro por ação caiu de US$ 5,01 para US$ 7, ainda acima das previsões dos analistas de US$ 4,46 por ação. Mais uma vez, as vendas geradas pela publicidade no Google foram a força motriz, subindo 18,4% para 22,67 bilhões.
Algumas medidas cuidadosamente monitoradas pelo mercado não saíram como esperado: o custo total de aquisição de tráfego aumentou mais do que o esperado. O custo por clique também caiu 23%, mais que a queda de 14,6% esperada pelos analistas. Os cliques pagos (aqueles pelos quais um anunciante paga cada vez que um internauta clica em um anúncio) aumentaram 52% no segundo trimestre de 2017 em relação a 2016, acima dos +35,2% esperados pelo mercado.