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Japão, as mãos da Yakuza na economia

A poderosa máfia japonesa controla muitos setores da economia do arquipélago - Na última semana, uma série de assassinatos revelou como os tentáculos do crime chegam às grandes redes de restaurantes e show business.

Japão, as mãos da Yakuza na economia

Prostituição, extorsão e jogos de azar. Mas também especulação financeira e infiltração na atividade empresarial. A Yakuza, a extremamente poderosa máfia japonesa que comete quinhentos assassinatos por ano, é presença assídua na vida econômica do arquipélago japonês. Uma presença não muito escondida, já que muitos de seus membros - ostentando as raízes feudais da "sociedade honrada" - não têm problemas em se mostrar e suas tatuagens chamativas em público. Um sistema paralelo que funciona de forma quase discreta, mas na última semana uma série de acontecimentos com forte repercussão midiática revelam a extensão de sua influência nos setores industrial e de serviços do país.

Na sexta-feira, Tadayoshi Ueno, 70, chefe de um sindicato de pescadores, foi encontrado morto na rua de uma cidade no sul do Japão. De acordo com o relatório da polícia, ele foi baleado e morto. Ueno, cuja família administra uma empresa de construção, escapou de uma emboscada em 1997. Seu irmão foi morto no ano seguinte. Segundo a polícia, o homem se recusou a fraudar alguns contratos. Este é o segundo assassinato em dois dias.

Ainda ontem, o assassinato do presidente de uma das maiores redes de restaurantes do Japão. Os investigadores ainda não encontraram uma ligação com a Yakuza, mas a mídia fala insistentemente no envolvimento da máfia japonesa, responsável por quase todas as mortes por armas de fogo em um país pouco acostumado a crimes de sangue.

Em 2012, a polícia registrou um total de 17 homicídios, em comparação com uma média de cerca de 100 por ano nos Estados Unidos. A última vítima foi esta manhã. Takayuki Ohigashia foi encontrado morrendo em Kyoto, em frente à sede de seu grupo Ohsho Food Service, que opera 665 restaurantes.

No início da semana, a influência e os métodos brutais da máfia local foram denunciados publicamente pela jovem vencedora de um prestigioso concurso de beleza. Ikumi Yoshimatsu, que havia conquistado o título de Miss Internacional no ano anterior, não pôde participar da competição deste ano. Segundo a miss, os organizadores do concurso cederam à pressão de organizações criminosas, que há meses tentavam convencê-la a entrar em uma das agências de promoção por eles controladas.

Segundo o especialista em crime organizado japonês Jake Adelstein, entrevistado por Les Echos, inúmeros artistas de variedades e cinema seriam obrigados a trabalhar com agentes ligados à Yakuza e poucos meios de comunicação denunciam essa situação por medo de perder os convidados dessas estrelas e, portanto, ver diminuir a audiência.
Essa tolerância com o fenômeno agora parece ser questionada pelo Governo, que se organiza para fortalecer seu arsenal de leis a fim de diminuir a influência econômica das organizações criminosas, sempre muito presentes no setor da construção.

Durante a semana, todos os executivos da prestigiosa associação de golfistas profissionais do Japão foram forçados a renunciar depois que a polícia revelou contatos regulares entre dois altos executivos e os chefes de um grande clã da máfia na ilha de Kyushu, no sul.

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