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A Europa, os problemas dos outros: Hollande em dificuldade, o caso do Deutsche Bank e na Espanha…

A Itália chora, mas os outros também não riem: na França, Hollande é cercado pela imprensa e pela opinião pública após os casos Cahuzac e Augier; o caso do Deutsche Bank irrompe na Alemanha; na Espanha, o trono do rei Juan Carlos treme após o escândalo da Infanta Cristina.

A Europa, os problemas dos outros: Hollande em dificuldade, o caso do Deutsche Bank e na Espanha…

O mundo inteiro é país. Enquanto a Itália ainda está procurando por si mesma e por um novo governo, parece que nem todos na Europa estão rindo disso também. Mesmo aqueles que têm um governo, teoricamente sólido porque foram eleitos há menos de um ano e sem as armadilhas de Porcellum, como a França, onde o presidente Hollande viu a imagem de seu executivo naufragar em poucos dias (renúncia do ministro da Fazenda Cahuzac depois de ter admitido ter contas no estrangeiro) e do seu próprio partido, com a história revelada hoje pelo Le Monde segundo o qual o tesoureiro de confiança Jean-Jacques Augier é acionista de duas empresas offshore nas Ilhas Cayman.

"Nada de ilegal", defendeu-se Augier, mas a história ainda assim faz corar um gauche que baseou boa parte de sua campanha eleitoral na moralização da atividade pública, e que agora vê seus próprios eleitores esfriarem o entusiasmo em relação a um presidente eleito há pouco mais de 10 meses: nem dois em cada três deles (62%) renovariam a confiança em Hollande. Sem contar todos os franceses: menos de 30% dos cidadãos estão atualmente satisfeitos com seu presidente, um recorde negativo sem precedentes na história da República Transalpina.

Mas as coisas não são muito melhores do outro lado do Reno: a rica Alemanha de Angela Merkel (paparadizada durante as férias da Páscoa em Ischia, circunstância que a teria irritado nem um pouco) oferece hoje a versão teutônica do MPS italiano caso ao noticiário internacional, com todas as precauções e devidas proporções. Deutsche Bank, a maior instituição de crédito do país, acabou de fato na mira do riquíssimo Bundesbank: segundo noticiou o Financial Times três ex-executivos teriam ocultado perdas entre 4 e 12 bilhões de dólares em contratos de derivativos complexos no auge da crise financeira global entre 2007 e 2009. Frankfurt nega categoricamente, mas o caso existe e segue uma investigação lançada no final do ano passado pela Securities and Exchange Commission (Sec), órgão supervisor dos mercados americanos.

Por fim, a Espanha, notoriamente companheira de infortúnios da Itália, segundo a tradição mediterrânea. A quarta maior economia da zona euro, acima de tudo, está agora envolvida num escândalo que abala até o trono do rei Juan Carlos, pronto para abdicar em favor de seu filho Felipe após a intimação da Infanta Cristina perante o juiz por seu suposto envolvimento no caso Noos. A sangue-azul de 47 anos poderá, de facto, desempenhar um papel comprometedor na investigação de corrupção aberta no final de 2011 pelo tribunal de Palma de Maiorca, nas Ilhas Baleares, onde terá agora de testemunhar como "suspeita pessoa" no caso envolvendo seu marido Inaki Urdangarin, ex-campeão de handebol que (desajeitadamente?) foi direto ao assunto.

Segundo o judiciário, a Fundação Noos teria organizado diversos eventos relacionados ao mundo do esporte para o governo da Comunidade Autônoma das Ilhas Baleares, justificar o dinheiro público recebido pelo governo regional com notas fiscais falsas ou inflacionadas, no período em análise (2003-2007) num total de seis milhões de fundos públicos. O mesmo tipo de ofensa, entre outras coisas, que na União Europeia se disputa contra o Real Madrid, um dos clubes de futebol mais ricos do mundo e que sempre esteve ligado à dinastia real. Bruxelas suspeita que a empresa de Florentino Perez tenha sobrevalorizado - ao vendê-los à Câmara Municipal de Madrid - alguns terrenos que possuía, inflando o seu valor em 5400%, passando de 421 mil euros para quase 23 milhões.

A Itália se apressa em formar um novo governo: só precisamos ficar para trás.

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