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Emergindo, como se defender do crack "turco"

Após a reviravolta no Banco Central e o colapso da lira turca, veja como avaliar o risco Países emergentes: cuidado com a exposição em dólares, o índice Msci vai bem

Emergindo, como se defender do crack "turco"

Os poupadores que adoram procurar rendimentos atraentes nos mercados tiveram a confirmação esta manhã de que por trás dos altos retornos há um forte risco. Tão forte que muitas vezes não vale a pena, como lembram dezenas de milhares de clientes de bancos italianos que na época tiveram a infeliz ideia de colocar títulos de tango argentino. Desta vez, o raio do nada foi lançado pelo presidente/sultão da Turquia, Reccep Tayyp Erdogan, que não hesitou em destituir na hora o governador do Banco Central que, com uma política severa, havia obtido sucessos significativos contra a inflação. Mas quando o banqueiro Naci Agbal decidiu aumentar as taxas em até 19% para defender a moeda frente ao dólar, moeda na qual as empresas do país estão fortemente endividadas, Erdogan não teve dúvidas em iniciar a reviravolta. Independentemente das consequências: -12% na segunda-feira de manhã a lira, novamente acima de 8 em relação ao dólar, o índice da Bolsa de Valores de Istambul -9,4%, ainda pior -17,5% do ETF em Türkiye negociadas na Nasdaq.

Uma piada de mau gosto para os tesoureiros do banco, que aprenderam a confiar no governador Naci Agbal que em poucos meses trouxe para a Bolsa turca pouco menos de 5 bilhões de dólares investidos por gerentes impressionados com o excelente desempenho da economia, graças à política do banqueiro que Erdogan havia nomeado em novembro para evitar o colapso. Foi ainda pior para os poupadores japoneses. Sim, desta vez parece que eles foram vítimas da súbita reviravolta nas finanças turcas, a julgar pela liquidação que atingiu o Nikkei esta manhã. Não é à toa que os japoneses, um pouco como os italianos, ostentam as finanças públicas mais baixas do planeta (mais de 220% do PIB contra cerca de 160% do nosso) e uma poupança privada mais robusta, cerca de um quarto do total. Não surpreende, portanto, que particulares do Sol Nascente, exasperados com as taxas negativas pagas por bancos e seguradoras, tenham tentado fazer o dinheiro funcionar em um país que oferece retornos de dois dígitos. Infelizmente para eles, o horizonte dos mercados emergentes é novamente perturbado por pressão ascendente sobre as taxas de juros dos EUA o que está colocando em risco o equilíbrio dos países mais endividados com a moeda norte-americana. 

Em suma, um está se aproximando cenário semelhante ao de 2013, diante do tapering (ou seja, o aumento seletivo) das taxas americanas, os países emergentes entraram em crise. Desta vez, na verdade, as coisas poderiam correr melhor: um dólar mais forte, de fato, poderia favorecer as exportações para os EUA, explorando a liquidez no bolso dos consumidores. Mas, para não ter surpresas desagradáveis, é melhor recorrer a países menos atrelados à dívida em dólares. Resumindo, o México é melhor que o Brasil também protagonista de um rali forte nos últimos meses. Ou, melhor ainda, focar em fundos e ETFs vinculados ao índice MSCI Emerging Markets, que inclui 26 países (incluindo a Turquia), mas que tem dois quintos vinculados à China, seguido por outros mercados sólidos, como Taiwan e Coréia do Sul. o desempenho da data é de cerca de +3,5%, graças ao apoio de Hong Kong +9%, Seul +5%, Mumbai +8%. A contribuição da bolsa brasileira foi negativa: -5%. 

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