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Covid, o Brasil vai se sair melhor do que o esperado

Apesar de uma gestão superficial da emergência, Bolsonaro está consolidando sua popularidade e o FMI melhorou suas estimativas do PIB para 2020: de -9 para -5,8%.

Covid, o Brasil vai se sair melhor do que o esperado

Surpresa: a economia do Brasil entrará em colapso menos do que o esperado e a popularidade do presidente Jair Bolsonaro permanecerá quase intacta. Apesar de uma gestão objetivamente superficial da emergência sanitária, que se encontra no maior e mais populoso país da América do Sul causou 150.000 mortes em 5 milhões de infectadosDe fato, parece que a situação econômica não é tão ruim quanto o esperado. É o que atesta o Fundo Monetário Internacional, que divulgou estimativas sobre o PIB de algumas economias latino-americanas: há um mês e meio o Brasil projetava -9,1% para 2020, em linha, por exemplo, com a retração italiana; mas a previsão atualizada quase reduziu pela metade o tamanho da queda, parando o vermelho em -5,8% para este ano.

Già prevê-se mesmo uma ligeira recuperação na segunda metade do ano, sendo que o valor do primeiro semestre é pior, em torno de -7%. E sobretudo já em 2021, como acontecerá em quase todos os lugares, espera-se uma recuperação, mesmo que apenas de 2,8%. No entanto, segundo o FMI, os sinais não são totalmente animadores: o país continua dilacerado por tensões e desigualdades sociais, que se acentuam durante a crise. Além disso, para manter o PIB nesse patamar e implementar as necessárias medidas de proteção social, Bolsonaro tem feito um forte saque dos cofres públicos (o gasto público chega a 18% do Produto Interno Bruto), o que fará com que o déficit chegue a 12 % este ano, com a dívida pública a atingir os 100% do PIB, um limiar perigoso.

Parece, portanto, paradoxal, especialmente visto da Europa, que o consenso para Bolsonaro ainda seja tão sólido. De fato, de acordo com as pesquisas das últimas semanas, o presidente no cargo desde 2018 mais do que consolidou sua popularidade: eleito há dois anos com 51% dos votos, agora é creditado com 52%, depois de ter caído para menos de 40% no início da pandemia. Agora, porém, o povo foi entretanto reconquistado graças às enormes ajudas económicas de apoio às camadas mais pobres, que finalmente foram libertadas após as promessas iniciais. E aí Bolsonaro optou recentemente por uma comunicação menos agressiva: mesmo que o governo ainda não implemente medidas resolutas para conter o vírus, o presidente não sai mais por aí alegando que “é resfriado”. E de fato uma pesquisa realizada pelo Datafolha constatou que 47% da população não responsabiliza o governo para o número de mortes por coronavírus.

A economia mais atingida na América Latina, novamente de acordo com o FMI, será a de México, que é a segunda maior depois da brasileira. Ainda que também aqui as previsões sejam menos pessimistas que as anteriores, o país governado por López Obrador, uma espécie de “populista de esquerda” que prega austeridade mas pisca o olho aos Estados Unidos de Donald Trump, indica uma quebra do PIB de 9%, muito pior que o Brasil e pouco melhor que os 10,5% estimados anteriormente. No México, a pandemia registrou até agora 800.000 casos e cerca de 83.000 mortes, com 12 milhões de pessoas que perderam seus empregos. A Covid atrapalhou os planos do presidente, que contava colher os frutos do novo acordo comercial com EUA e Canadá em 2020.

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