Pelos dados oficiais teremos que esperar dez dias, mas enquanto isso uma coisa é certa: 2011 não foi um grande ano para o champanhe. No entanto, fala-se de números consistentemente excelentes, ainda crescendo apesar da crise, mas abaixo do esperado.
Segundo estimativas, as garrafas vendidas no ano passado deverão rondar os 324 milhões, após 320 em 2010 (+1,4%), mas as previsões iniciais falavam em 330 milhões. Fornecer esses números é Lanson-BCC, o segundo grupo do setor atrás do líder Lvmh: “O início de 2011 foi bom, mas a partir de agosto o mercado caiu”, explica o presidente Bruno Paillard. Com efeito, fala-se de um sensacional resultado negativo no mês de dezembro, geralmente o mais lucrativo para bolhas francesas, calendário e feriados em mãos.
Decepcionado também Paul-François Vranken, patrono de Vranken-Pommery, número 3 do setor: “Nenhuma empresa pode ostentar resultados brilhantes: foi definitivamente um ano misto”. Onde precisamente o excelente primeiro semestre não foi alcançado por um segundo semestre igualmente positivo, travando o crescimento entre 1 e 2%, face a 9% em 2010 sobre 2009.
A tendência é analisada pelo Civc (Interprofessional Center for Champagne Wines), que reúne vinícolas e enólogos: “As grandes marcas têm aproveitado o crescimento muito forte dos principais mercados de exportação, inclusive os dos países emergentes. Mas a demanda de compradores tradicionais, principalmente Grã-Bretanha e Alemanha, tende a estagnar, enquanto a interna até tende a diminuir”.
Entre as razões da quebra das exportações para o Reino Unido, para além da evidente crise, está também, por exemplo, a boom dos vinhos ingleses: o aquecimento global está de fato relançando a viticultura em todo o Canal, que após o recorde do ano passado (4 milhões de garrafas) visa, se não minar a tradição francesa das bolhas, certamente apoiar a demanda doméstica.
E quais serão as consequências para a grande indústria do norte da França? As principais vítimas, segundo o Civc, são os distribuidores de champanhe por menos de 12 euros e os que vendem diretamente nas vinhas. “São cada vez menos os franceses que vão de carro para se abastecer ao viticultor de confiança: agora preferem o centro comercial”, explica novamente Paul-François Vranken.
No entanto, a situação não é tão dramática como em 2008, quando a súbita queda no consumo deixou excesso de estoque e fez com que as vendas caíssem 9,1% no ano seguinte. “O mercado – confidencia Vranken – está muito mais tranquilo hoje”.
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