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Brexit mais difícil, lei eleitoral mais distante: as Bolsas fazem as contas

May renuncia após votação no Reino Unido: negociações com Bruxelas se complicam desde ko - Alibaba empurra Nasdaq para as estrelas - Na Itália voto em risco: BTPs voam, bancos comemoram.

Brexit mais difícil, lei eleitoral mais distante: as Bolsas fazem as contas

A super quinta não decepcionou as expectativas. De fato, a sensacional rejeição surpresa da lei eleitoral no final da manhã, pouco antes da conferência de imprensa de Mario Draghi em Tallinn após a reunião do BCE, acrescentou uma nota amarela a um roteiro já cheio de emoções. Resta refazer a crônica de um dia que afetará por muito tempo o destino dos mercados. E não só.

RUMO À RENÚNCIA DO PREMIER: BREXIT MAIS DIFÍCIL

A notícia mais sensacional e perturbadora vem do Reino Unido: Theresa May, convencida de que pode alcançar grande sucesso, calculou mal. Os conservadores perderam a maioria absoluta e terão que encontrar aliados para governar. A primeira vítima da convulsão, impensável até poucas semanas atrás, é o duro Brexit, burro de carga do Premier, agora forçado a lidar com o trabalhista (marxista) Jeremy Corbin e com as formações pró-UE da Escócia e Irlanda do Norte. Mas as casas de apostas já estão aceitando apostas na renúncia do Premier.

Com a votação quase concluída, os conservadores têm 307 assentos (mais de 20 a menos que no Parlamento anterior) contra os 326 necessários para obter a maioria. Os trabalhistas ganham 30 assentos e sobem para 257. Uma derrota dura para os ativistas da independência escocesa (-14 assentos, para 34), enquanto o UKIP praticamente desapareceu. Os pró-europeus do Partido Liberal Democrático, com 12 assentos, recuam. Os sindicalistas da Irlanda do Norte, os únicos com os quais os conservadores poderiam se associar, caíram para 10 assentos.

A reação dos mercados foi imediata na expectativa de uma abertura da Cidade que promete ser difícil: os futuros de ações caem 1%. A libra perdeu participação em relação ao euro (0,877, -1,4%), ao dólar e ao iene, mas também em relação a todas as outras moedas, inclusive o real brasileiro. Na frente de ações, as ações mais ligadas ao Reino Unido sofrem em Hong Kong e na Austrália (-0,2%).

ELES MANTEM SACOS NA ÁSIA. SOFTBANK ENORME (+7,9%)

No entanto, o impacto nas tabelas de preços foi limitado. Tóquio começa a fechar em terreno positivo: o índice Nikkei é impulsionado pelo salto do Softbank (+7,9%) após o anúncio da compra pelo Google da Boston Dynamics, uma das líderes em robótica e inteligência artificial.

Os mercados chineses contrastaram: Hong Kong -0,2% e Xangai +0,2%. Seul ganha 0,5% Os demais mercados asiáticos estão em terreno positivo: o efeito Brexit não se repetiu.

COMEY COLOCA TRUMP NAS CORDAS, MAS NÃO HÁ KO

“Trump é um mentiroso e eu tenho provas.” O depoimento ao Congresso de William Comey, ex-chefe do FBI, deu mais de uma piada digna de uma história de espionagem de Hollywood. Durante três horas seguidas ao vivo na TV, o ex-chefe do Federal Bureau of Investigation rebateu a versão de Trump ("Eu o demiti porque ele não contava mais com a confiança de seus homens") e fez um retrato perturbador das pressões que sofreu porque não investigue o Russiagate e, em particular, os laços com Moscou do general Flynn, homem de confiança de Trump.

Comey também disse estar certo do comprometimento da Rússia na última campanha eleitoral, mas teve que admitir que não foi capaz de avaliar se o ativismo de Moscou pesou ou não na votação. Além disso, não há evidências de envolvimento direto de Trump. Em resumo, Trump foi colocado nas cordas, mas não houve nocaute. Não há extremos para o impeachment mas, dada a fragilidade do presidente, as reformas prometidas (tributária, comercial, desregulamentação) estão cada vez mais distantes.

ALIBABA (+13,3%) LEVA A NASDAQ ÀS ESTRELAS

Aqui está o veredicto de Wall Street: Dow Jones +0,04% quase estável, assim como o S&P 500 +0,03%. O Nasdaq está mais tônico: +0,39% a 6.321,78 pontos, novo recorde absoluto. O desempenho da tabela de preços tecnológicos está completamente desvinculado das vicissitudes da Casa Branca. A alta está ligada às contas sensacionais do Alibaba: +13,3% depois que a gigante chinesa do comércio eletrônico anunciou crescimento de lucro entre 45 e 48% no próximo ano fiscal. O Yahoo!, que detém uma participação de 15,5% na empresa de Jack Ma, ganhou 10,2%.

A Nvidia também voa (+7,3%) após a promoção do Citigroup na gigante dos chips. As tensões no Golfo Pérsico não dão sinais de diminuir, mas os preços do petróleo continuam a cair livremente: o Brent caiu para 47,87 dólares, o Wti para 45,64 dólares o barril. São os preços mais baixos desde o último dia 29 de novembro, quando foi anunciado o acordo sobre o teto para as extrações dos países produtores: é improvável que o acordo dure muito, se a tempestade diplomática não for vencida.

O BCE COMPACTO NA LINHA DRAGHI

Os eventos de um dia especial ofuscaram parcialmente a reunião do BCE em Tallinn. Mas a cimeira afastou muitos receios sobre as estratégias futuras do banco central de Frankfurt, alinhadas com as posições de Mario Draghi. O BCE reviu em baixa as suas estimativas de inflação na zona euro, que se manterá baixa nos próximos três anos. Assim, afastam-se as hipóteses de uma revisão da política monetária ultraexpansionista do Banco Central Europeu. 

Não houve menção de "tapering", ou seja, o corte de compras de títulos pelo Instituto de Frankfurt. Que continuará comprando títulos por 60 bilhões de euros por mês. Até dezembro, conforme previsto nos programas. Ou ainda, se "as perspectivas se tornarem menos favoráveis ​​ou se as condições financeiras" o tornarem adequado.

Como consequência, o euro perdeu posições face ao dólar, que voltou a subir esta manhã (1,1198) na sequência das notícias de Londres. As Bolsas vão bem: Paris regista um aumento de 0,1%, Frankfurt +0,3%. Melhor Madrid (+0,75%). O melhor mercado foi o italiano: Piazza Affari subiu 1,45%, o índice Ftse Mib em 21.242.

BTPs VOANDO: 5,5 BILHÕES DE TÍTULOS DE 3 E 7 ANOS EM LEILÃO

O mercado de títulos italiano está em forte alta, mas o impulso não veio apenas de Draghi, mas das vicissitudes do acordo sobre a lei eleitoral, que elimina o risco de uma votação antecipada no outono.

A taxa italiana de 2,181 anos caiu perto de 2,281% de 2,158%a, após uma queda para 204%. O spread com o Bund, que subiu para 19 pontos base na véspera, o maior desde 192 de abril, encerrou a sessão em 203 pontos de 190, após um mínimo de XNUMX bps.

O Ministério da Economia vai oferecer entre 14 e 4,5 bilhões de euros em BTPs de 5,5 e 3 anos em leilão na terça-feira, 7. No detalhe, entre 2 e 2,5 bilhões do Btp 3 anos junho de 2020, cupom 0,35% e 2,5-3 bilhões do Btp 7 anos maio 2024, cupom 1,85% serão oferecidos.

VOTO EM RISCO: BANCOS COMEMORAM

Foram as notícias políticas que caracterizaram a sessão do mercado financeiro italiano mais do que qualquer outra coisa; o torpedeamento na Câmara dos Deputados da nova lei eleitoral por alguns franco-atiradores provocou o declínio da hipótese de eleições antecipadas no outono, uma eventualidade que os mercados financeiros nunca acolheram, por considerá-la um risco elevado para o estabilidade do país.

A novidade deu asas à Piazza Affari, depois de uma manhã incerta. As ações dos bancos, em especial, dispararam: o índice setorial fechou em alta de 2,18%. Unicredit (+3,2%), Intesa (+1,9%) e Bper Banca (+3,7%) sobem. A Carige avança fora da lista principal (+4,51%) na véspera da reunião do conselho de administração de hoje em que terá lugar o confronto entre o acionista maioritário Malacalza e a direção de topo após os recentes desacordos.

As ações de gestão de ativos também tiveram progressos claros: Anima +4,5%, incluída por Kepler-Cheuvreux entre suas favoritas na Piazza Affari. Banca Generali +3,4%, Azimut +3,8%. 

RECORDE DE DESEMPENHO PARA ENEL

Decola a Enel (+3%) que em 24 de julho emitirá um dividendo de 18 centavos (yield 3,8%). Os elogios à gestão do grupo vieram dos analistas da Moody's, segundo os quais "o progresso do grupo Enel no plano estratégico 2017-2019 e a disciplina de capital fortalecem o perfil de crédito". A agência também estima que “a dívida da Enel crescerá apenas ligeiramente ao longo do plano e espera que os relatórios de crédito do fornecedor de energia italiano se estabilizem, apesar de um aumento nos dividendos pagos com operações de fundos/dívida líquida na faixa de 21%-22% e manutenção do fluxo de caixa/dívida líquida na faixa de 15%-16%.

FERRARI ACELERA. FCA PAGA PELA CONTROLE DO MERCADO DOS EUA

A Ferrari saltou entre as ações industriais, atingindo um novo recorde histórico de 82,90 euros. Desde o início do ano, a participação registrou +47%. Esta manhã, a Kepler-Cheuvreux ajustou o preço-alvo para 90 dólares (cerca de 80 euros), de 84 dólares. Sentença inalterada Suspender.

Já a Fiat Chrysler foi fraca: -1,13% para 9,62 euros. A ação foi pressionada por um relatório do Morgan Stanley que revisou negativamente as previsões de vendas do mercado automotivo americano. Segundo o banco americano, um total de 2017 milhões de carros serão vendidos nos Estados Unidos em 17,3, um milhão a menos do que o esperado. O Morgan Stanley confirma as estimativas anteriores para 2017 para a Fiat Chrysler, mas corta as de 2018 e 2019. Confirma a opinião positiva do Overweight e baixa o preço-alvo para 14 dólares (cerca de 12,50 euros) de 15 dólares.

FERRAGMO FLOP, STM NOS ESCUDOS

Leonardo se destaca entre os industriais que ganharam 2%. Stm (+1,13%) recebeu um aumento no target p por Ubs (14,8 para 15 euros, rating neutro). A queda de Ferragamo continua (-3,5%), rebaixada por MeinFirst.

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