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BLOG ADVISE ONLY – Brasil, não é hora de investir

DO BLOG ADVISE ONLY – Bolsa brasileira registra as piores valorizações entre os países do BRIC – Desde 2011, o índice de ações brasileiro perdeu cerca de 23% – Lucro do último trimestre está estável – O país parece ter entrado em uma fase perigosa e imprevisível de turbulência política com risco de rebaixamento do rating soberano.

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Como já aconteceu com outros países emergentes (e não só), a história do Brasil também é repleta de sucessos e fracassos. Décadas de ditadura militar, altos níveis de inflação, alta pobreza generalizada e grandes desigualdades foram seguidas por governos democráticos que também conseguiram melhorar a condição financeira do Brasil.

Para entender os riscos aos quais o Brasil está exposto e as possíveis reações dos mercados financeiros, convém analisar brevemente a evolução econômica, social e política que caracterizou o país desde o início do novo milênio.

PERÍODO 2000-2010: LULA

Durante o governo Lula, na década de 2000-2010, a economia brasileira cresceu 4% ao ano. Medidas sociais e a conjuntura econômica favorável ajudam a tirar dezenas de milhões de brasileiros da situação de pobreza e aumentar o nível de emprego. Além disso, a expansão do sistema bancário contribui para a melhoria das condições do país. Segundo o Banco Mundial, entre 2004 e 2012 o Brasil teria reduzido em três quartos o estado de pobreza "crônica" do país. No final da década a situação económica é a seguinte:

– maior emprego e baixos níveis de inflação;

– facilidade de acesso ao crédito;

– baixa tributação;

– baixo déficit público;

– expansão dos mercados de bens e serviços.

PERÍODO 2011-2015: ROUSSEFF

O país muda de cara. Dilma Rousseff assume o governo, depois reconfirmado nas eleições de 2014:
– o nível de desenvolvimento é muito mais decepcionante;

– os investimentos estrangeiros são reduzidos;

– o mercado de trabalho ameaça congelar;

– o défice público está a aumentar;

– o índice de preços no consumidor de acordo com as últimas estimativas do FMI é de cerca de 7,8%.

Várias críticas vieram dos meios económicos e financeiros, que acusaram o governo de excessivo intervencionismo público e apelaram à redução do papel do Estado na economia. O Governo, por sua vez, defende-se atribuindo a culpa principalmente ao mau desempenho da economia internacional. Se no passado as benéficas intervenções públicas na economia tinham sido financiadas com o crescimento da procura externa de matérias-primas (especialmente chinesas) e produtos alimentares, hoje o colapso das matérias-primas também ligado ao abrandamento da economia chinesa está a influenciar negativamente o economia do país.

QUAIS RISCOS O BRASIL CORRE?

Em suma: uma crise fiscal e política. De acordo com o FMI, o Brasil tem um déficit fiscal estrutural devido ao aperto de gastos que impede um equilíbrio entre cortes de gastos e aumentos de impostos. As despesas sociais e previdenciárias estão atreladas ao salário mínimo indexado ao PIB. Consequentemente, o ajustamento fiscal está fortemente associado às receitas orçamentais, penalizado pela contração da atividade económica e pela deterioração demográfica.

O gráfico superior esquerdo mostra as estimativas e projeções do déficit fiscal estrutural do FMI para um período de 15 anos. No entanto, funcionários do governo negam o risco de uma crise fiscal. O ministro da Fazenda, Levy, anunciou um ambicioso programa fiscal para os próximos 7 anos: uma meta de superávit primário de 1,2% do PIB em 2015, seguida de superávits fiscais de 2% no médio prazo.

Mas as obras estão atrasadas e os resultados não têm sido muito vistos. Ineficiências burocráticas e corrupção também não ajudam (o caso da Petrobras às vésperas das eleições é um exemplo). O Brasil parece ter entrado em uma fase perigosa e imprevisível de turbulência política com risco de rebaixamento do rating soberano e crise política (possível até o final do ano).

INVESTIR NO BRASIL?

De acordo com nossa análise, o mercado de ações brasileiro tem as piores avaliações entre os países do BRIC. Desde 2011, o índice de ações brasileiro perdeu cerca de 23%. Os ganhos no último trimestre são estáveis. Se observarmos o P/L de Graham e Dodd (a relação entre as cotações e a média dos lucros gerados ao longo de 5 anos) ele é superior à média de longo prazo, embora decrescente.

Dadas as avaliações pouco inspiradoras dos mercados emergentes, já reduzimos conscientemente a nossa exposição aos mercados emergentes durante alguns meses (junho).

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