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Argentina, chega o maxi empréstimo de 50 bilhões do FMI

É o maior desembolso de dinheiro já feito pelo FMI, é o que prevê o acordo

Argentina, chega o maxi empréstimo de 50 bilhões do FMI

Um maxi empréstimo de 50 bilhões de dólares, o maior já concedido pelo Fundo Monetário Internacional, será desembolsado para a Argentina que, por sua vez, usará esse dinheiro para tentar se reerguer após a enésima crise monetária ameaçou colocá-la de joelhos.

O acordo – que ainda não recebeu a aprovação final do FMI – foi feito da noite para o dia: o presidente argentino Mauricio Macri está comprometido com reformas ambiciosas que reduzem significativamente os déficits e a inflação. Em troca, receberá 50 mil milhões de dólares (cerca de 35 mil milhões de euros) ao longo de três anos, um valor muito superior às previsões dos analistas (que esperavam um empréstimo de cerca de 30 mil milhões) e que corresponde a 10% do PIB argentino.

Por meio de uma nota, a organização liderada por Christine Lagarde anuncia que, de acordo com o acordo, a Argentina receberá uma primeira parcela de ajuda "mas posteriormente eles querem tratar o empréstimo como uma medida cautelar". A liquidez concedida pelo FMI fortalecerá "a economia em benefício de todos os argentinos" e "vai aumentar a confiança do mercado dando às autoridades tempo para corrigir uma série de vulnerabilidades de longa data”, explica a instituição de Washington.

ARGENTINA – FMI: O QUE O ACORDO DISPONIBILIZA

O acordo, que ainda não foi aprovado pelo conselho do FMI, prevê que a Argentina receba um empréstimo "stand-by" de três anos em troca de certas medidas. Em detalhes, o plano estabelece um redução do déficit para 1,3% do PIB em 2019, abaixo dos atuais 2,2%, para depois equilibrar em 2021. Um esforço enorme se tivermos em conta que, para os próximos anos, as estimativas apontam para um abrandamento do crescimento e um aumento da inflação.

Ainda sobre preços ao consumidor, o plano apresentado por Buenos Aires também inclui um massivo redução da inflação que deve cair de 28% hoje para 17% em 2019%, 13% em 2020 e 9% em 2021. A Argentina também se comprometeu a "manter uma taxa de câmbio flexível e orientada pelo mercado".

O país sul-americano prometeu então garantir “independência jurídica e autonomia operacional ao banco central e colocar fim do financiamento do banco central do déficit federal". Simplificando, os banqueiros centrais não terão mais a capacidade de imprimir dinheiro para financiar o governo. Outros compromissos dizem respeito à manutenção de um nível mínimo de gastos com assistência social e à introdução de reformas fiscais e sociais que tornem "o campo de jogo igual para homens e mulheres", escreve o FMI.

"Não existe varinha de condão, o FMI pode ajudar, mas os argentinos têm que resolver seus próprios problemas", disse o ministro do Tesouro, Nicolas Dujovne, durante a entrevista coletiva de anúncio do acordo.

Segundo as previsões, o conselho do Fundo Monetário Internacional deve aprovar definitivamente o acordo na reunião de 20 de junho. Assim que o sinal verde for recebido, você começará imediatamenteprimeira parcela de dinheiro no valor de 15 bilhões de euros.

ARGENTINA: A CRISE DE PESO

O presidente Mauricio Macri perguntou a intervenção do Fundo Monetário Internacional no passado dia 8 de Maio, enquanto a Argentina enfrentava o espectro do chamado corralito.

A decisão de recorrer novamente ao FMI surge na sequência do colapso da moeda que, no início de maio, atingiu novos mínimos históricos face ao dólar, apesar de o Banco Central ter implementado medidas extraordinárias para tentar travar a desvalorização: as taxas de juro subiram vezes em única semana, a última das quais em 300 pontos base, chegando mesmo a 40%. Paralelamente, foram gastos 5 bilhões de dólares para defender o peso. Tudo inútil. A moeda argentina hoje está em 24.9 no dólar. Há apenas um ano, a taxa de câmbio era de 15 pesos por um dólar. Desde o início de 2018, o valor total ultrapassou -20 pontos percentuais.

Após os calotes de 2001 e 2014, quando todos começaram a pensar que as reformas implementadas por Macri estavam começando a funcionar, o fantasma de uma nova crise monetária voltou a assustar a Argentina. Um medo forte o suficiente para empurrar Buenos Aires de volta à égide do Fundo Monetário Internacional.

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