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Aivazov: a crise vista da Rússia. Parceiro estratégico de Moscou? Coreia do Sul

Segundo o economista russo, a crise da dívida europeia é apenas um reflexo do declínio do consenso de Washington, iniciado com o colapso do Lehman Brothers em 2008 – Um mundo dividido em 6 grandes regiões nas quais os BRICS terão papel fundamental é esperado – O parceiro estratégico para Moscou não é a Europa, mas a Coreia do Sul.

Aivazov: a crise vista da Rússia. Parceiro estratégico de Moscou? Coreia do Sul

A Rússia é o único país do BRICS que foi significativamente afetado pela crise europeia. O Banco Mundial baixou suas estimativas de crescimento do PIB para 4% em 2011 e 3,8% em 2012. No debate acadêmico, a maioria dos economistas russos vê na desaceleração global o sinal do fim do domínio dos EUA e de sua liderança no mundo sistema econômico. A FIRSTonline entrevistou Aleksandr Aivazov, um economista independente interessado nos BRICS e na expansão comercial da Rússia na Ásia Central e na Coréia. 

PRIMEIRO Online – Seu último livro "Os BRICS como realização do consenso de Pequim" acaba de ser publicado na Rússia. O que exatamente você quer dizer com este último termo?

Aivazov - Acredito que a crise iniciada em 2008 marcou o fim do chamado consenso de Washington: ou seja, daquele mundo político e econômico caracterizado pela unipolaridade dos Estados Unidos, que impuseram sua ideologia liberal ao resto do mundo. O termo “consenso de Pequim” indica um mundo multipolar em que coexistem várias economias com diferentes estratégias e onde não haverá mais um único líder dominante, mas diferentes centros de influência. E onde os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) terão um papel fundamental. Em suma, não mais uma única economia liberal, mas vários países soberanos e diferentes sistemas econômicos, com prevalência de políticas keynesianas.

PRIMEIRO Online Você poderia definir a economia chinesa como keynesiana?

Aivazov - Claro. Os princípios são os de Keyenes, mas com um ponto de vista mais asiático.

PRIMEIRO Online – Então você vê um fim preciso para esta crise e um desenvolvimento preciso do que acontecerá a seguir.

Aivazov – Sim, em um dos meus trabalhos, publicado em 2008 com o professor Kobyakov, elaboramos uma curva que mostra evidentemente que a leve recuperação que se vinha observando e que muitos pensavam ter marcado o fim da crise, era na verdade uma lufada temporária de ar fresco . nós provamos que em 2012 o mundo teria entrado em uma recessão muito mais longa, o que teria destruído o sistema financeiro baseado no dólar. De acordo com nossos dados, a economia está entrando em uma recessão que durará até 2016, quando experimentará uma leve expansão, voltará a cair em 2018 e começará a se recuperar somente em 2020 e a partir daí haverá outro boom e entraremos em uma nova fase: a sexta era tecnológica.

PRIMEIRO Online – E a geopolítica global mudará nesse meio tempo?

Aivazov - Exatamente. Como disse Braudel: "A queda de um ciclo de acumulação é a primavera de outro." E agora, seguindo a teoria dos ciclos de Arrighetti, terminará o período americano e começará o ciclo asiático. In Na realidade, essa mudança poderia ter ocorrido muito antes, mas os Estados Unidos fizeram de tudo para não perder o cetro do poder pelo instrumento da especulação financeira. Eles sufocaram o crédito japonês e mergulharam o país na estagnação. Eles fizeram o mesmo com os tigres asiáticos. Mas do nada apareceu a China e isso não fazia parte dos planos dos EUA. Mas como o gigante asiático continua fechado financeiramente, os EUA não têm como usar suas armas especulativas contra a China. 

PRIMEIRO Online – Então os BRICS representariam os centros do novo mundo multipolar?

Aivazov - Sim, 6 sindicatos serão formados: a norte-americana, cujo líder será o México; A América do Sul, por outro lado, contará com o Brasil; a zona euro-asiática para a Rússia; Leste da Ásia para a China; A Índia seria uma união em si mesma; na África, a África do Sul conduzirá os demais países rumo ao desenvolvimento; finalmente, devemos também considerar os países islâmicos, cujos destinos ainda estão a ser definida.

PRIMEIRO Online – Como a Rússia vai liderar a união da Eurásia? Por um lado, nem faz parte da UE, por outro, os países da Ásia Central parecem mais interessados ​​em se vincular à China do que em manter relações com o antigo regime?

Aivazov – A Europa continuará sendo uma entidade separada, é claro, mas a Rússia tem muito espaço para crescer: como o Japão já havia proposto em 1994, A Sibéria poderia ser o novo território de desenvolvimento, se o Japão e a Coréia do Sul também fossem incluídos na união eurasiana. É verdade que os países da Ásia Central têm feito recentemente acordos com a China, mas o gigante não consegue absorver tudo. Vai depender muito das políticas que a Rússia adotar no futuro.

PRIMEIRO Online – E você acredita que Putin é o homem certo para realizar esse plano?

Aivazov – O maior desafio para Putin agora será responder adequadamente à crise, mas não vejo muitos especialistas em sua equipe. Acho que Putin ainda está muito apegado à Europa e suas políticas são muito eurocêntricas. Se também nos vinculássemos comercialmente com o Japão e a Coreia do Sul, adicionaríamos 250 milhões de consumidores a um mercado de cerca de 500 milhões - seria uma área perfeita para expandir e formar alianças.

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