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Volkswagen e China, um coquetel mortal para mercados que esperam por Draghi

A quebra da Volkswagen, que em duas sessões perdeu 38% na bolsa, contagiando o automóvel e toda a bolsa, e a nova deterioração da China são os ingredientes inesperados de uma tempestade financeira que só Draghi pode mais uma vez contrariar aumentando a Qe – Grandes expectativas para as palavras do presidente do BCE.

O colapso da Volkswagen (-19,8% após o golpe de -19% na segunda-feira), mas também a crise chinesa e a queda acentuada das matérias-primas. Existem ingredientes para uma tempestade perfeita nos mercados financeiros. Ontem, nota Giuseppe Sersale da Anthilia, “as ações europeias caíram abaixo dos níveis do início do ano, para os valores já observados no final de 2013, quando o euro estava na zona de 1.35, o petróleo rondava os $100 e o QE não estava nem no predicado. Com base nisso, pode-se dizer que as ações continentais estão precificadas, se não uma recessão, pelo menos uma estagnação do crescimento”. 

Nesse cenário, os mercados aguardam as palavras de Mario Draghi: a queda do euro frente ao dólar sinaliza a previsão de aumento do Quantitative Easing europeu. Até porque a Alemanha acertada no prestígio (e na carteira) pode se beneficiar disso. 

EM PEQUIM, A CRISE ESTÁ PIOR 

O último sinal negativo veio da China esta manhã: o índice PMI semi-oficial (mas confiável) compilado pela Caixin caiu para 47 pontos, para o menor nível desde o início de 2009, de 47,3 no mês passado. As previsões eram de uma melhoria para 47.5. Xangai (-2,2%) retomou assim a sua tendência descendente. Abaixo também Hong Kong e o resto da Ásia. Tóquio está fechada para feriados.

Sydney também está pesada (-1,9%), puxada para baixo pelo setor de matérias-primas.O cobre está em queda livre e traz consigo as gigantes do setor: Bhp Billiton e Rio Tinto sofrem perdas em torno de 4%. A Glencore, número um, cai no vazio: -10,33% em Londres.

ATÉ WALL STREET TOCA O RETIRO

Wall Street também caiu ontem à noite. O índice Dow Jones caiu 1,09%, o S&P 500 cerca de 1,2% e o Nasdaq 1,5%. Entre os bancos, o Goldman Sachs perdeu 2,5% com a notícia de que o CEO Lloyd Blankfein, de 61 anos, passará por uma série de tratamentos quimioterápicos para curar o linfoma nos próximos meses. No comunicado de imprensa, a forma de câncer é definida como "altamente curável".

A Apple perde 1,5%. Segundo o Wall Street Journal, a empresa decidiu investir grandes recursos na criação de um dos seus carros elétricos, um veículo de alta tecnologia capaz de se deslocar de forma autónoma, sem intervenção do condutor.

A indústria automobilística foi pesada, a começar pelos fornecedores americanos da Volkswagen: Delphi -3,6%, Botg Warner -7,6%.

O ESCÂNDALO DE WOLFSBURG TOMA A EUROPA

As Bolsas do Velho Continente vacilam, traídas pelo carro alemão. Em Milão, o índice FtseMib fechou em baixa de 3,3%. A Bolsa de Londres perdeu 2,8%, Paris -3,4%, Frankfurt -3,8% e o spread Btp/Bund aumentou para 115 pontos. De fato, a Europa é o epicentro do terremoto da VW, talvez o mais grave escândalo da indústria alemã.

VW ADMITE: 11 MILHÕES DE CARROS DE TAROT

A Volkswagen caiu pelo segundo dia consecutivo: o preço é de 107,05 euros, o mais baixo dos últimos três anos. Em dois dias, a capitalização caiu 25 mil milhões de euros. Após a descoberta do software desonesto para reduzir as emissões nocivas de diesel vendidos nos EUA por Wolfsburg, houve desenvolvimentos sensacionais ontem: existem 11 milhões de carros turbinados. Em outras palavras, o escândalo não se limita aos Estados Unidos, mas também diz respeito à Europa, onde o diesel é muito mais difundido. Investigações foram realizadas na Alemanha, França, EUA, mas também na Coréia do Sul e na Austrália. 

As investigações criminais dos judiciários dos EUA e da Alemanha estão em andamento. A Volkswagen reservou 6,3 bilhões de euros para atender pedidos de indenização que, sem dúvida, serão muito maiores. “Vamos esclarecer” promete o CEO Martin Winterkorn, em resposta a Angela Merkel. Mas seu assento está tremendo: na sexta-feira, o conselho de administração que deveria confirmar sua confiança até 2018 pode exigir sua renúncia. 

CARROS EM DISRUPÇÃO: FCA PERDE 6,2%. PSA 8,7%

Inevitavelmente, o escândalo da Volkswagen atingiu também a Fiat Chrysler (-6,2%) e outras montadoras europeias. Prevalece a preocupação de que investigações abrangentes estão sendo iniciadas em todos os fabricantes de automóveis, e talvez se descubra que os alemães em Wolfsburg não são os únicos que falsificam os dados de emissões.

Consequentemente, Daimler e BMW perderam respectivamente 7% e 6%, em Paris a Peugeot caiu 8,7%, a Renault -7,1%. Exor também caiu fortemente em Milão (-6,3%). A Brembo também caiu (-4,3%), um importante fornecedor da Porsche, bem como de outras marcas alemãs. Outros industriais também estão sob pressão: a Finmeccanica fechou em queda de 5,2%, a Cnh Industrial -3,4%. 

A SOMBRA DO TAXO ROBIN ASSUSTOU OS UTILITÁRIOS

As concessionárias italianas foram penalizadas por rumores sobre o retorno, após os devidos ajustes e disfarces, do Imposto Robin Hood, abolido pelo Tribunal Constitucional em fevereiro. A notícia foi negada pelo governo. A queda de Enel (-4,2%), A2A (-3%), Terna (-1,7%), Snam (-2,9%) foi forte.

A Eni caiu 3,8%. Os analistas da Equita sim reduziram o preço-alvo do cão de seis patas de 17 para 16,5 euros (manter opinião) na sequência da queda dos preços do petróleo. O Credit Suisse, por outro lado, aumentou seu preço-alvo de 15 para 15,3 euros (rating neutro) após a descoberta do campo de gás em águas egípcias. Tenaris -1,9%, Saipem -4,3%.  
BANCOS CONTAM COM O SREP

Entre os bancos listados na Piazza Affari, o Unicredit perdeu 2,7%. O mercado questiona se a instituição conseguirá evitar um aumento de capital após as novas solicitações de requisitos de solidez de capital (SREP). Os analistas da Mediobanca Securities reduziram o preço-alvo de 9,1 para 8,1 euros (rating outperform). 

Compreensão -2,7%. A queda mais violenta foi a de Monte Paschi (-4,9%). Mediobanca -3,74%. O conselho de administração aprovou o novo governo do instituto que entrará em vigor em 2017. As novas disposições prevêem um presidente não executivo, a redução do número de administradores de um mínimo de 9 para 15 (dos atuais 18 e contra 15 a 23 previstos no estatuto), a queda de gerentes na diretoria de 5 para 3. Os representantes da lista minoritária na diretoria também sobem de um para dois.

Entre as seguradoras, Generali -2,7%.

A INWIT RESPONDE À TENDÊNCIA. OUTPERFORM PARA Mondadori

Inwit vai contra a tendência (+1,36%). A subsidiária da Telecom Italia, que administra uma rede de torres de transmissão, voltou aos holofotes depois que Marco Patuano, CEO da antiga titular, disse que o grupo estava aberto a todas as opções, incluindo a venda. 

Na primeira fila entre os pretendentes está a Cellnex controlada pelo grupo Abertis de Barcelona, ​​está cotada na Bolsa e tem um capital de 3,5 mil milhões de euros. A empresa opera uma rede de aproximadamente 15.000 torres na Espanha e na Itália, onde adquiriu aproximadamente 7.300 torres da Wind. 

No restante mercado, destaca-se o Mondadori (-0,11%), sobre o qual o Mediobanca Securities elevou a recomendação de neutral para outperform, com o preço-alvo a subir de 1,31 para 1,34 euros. Todas as empresas de luxo caíram: Yoox -4,1%, Moncler -2,9%.

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