A sucessão de eventos aparentemente irracionais nas últimas semanas sugere que até mesmo os Estados Unidos podem estar prestes a viver sua "temporada do magnata". Ou seja, as chances de Donald Trump se tornar presidente são crescentes.
Certamente foi irracional para o Reino Unido se aventurar fora da UE. É um voto instintivo guiado pela nostalgia de um Reino Unido manufatureiro, poderoso e menos multiétnico. É um Reino Unido que não existe mais e os obstáculos que o Brexit de alguma forma imporá ao setor de serviços cruciais – das finanças à academia – empobrecerão o Reino Unido.
Igualmente irracional é a campanha de ódio jihadista que gera atos terroristas hediondos contra cidadãos europeus inocentes, que são tudo menos cruzados. Isso só vai piorar a condição dos muçulmanos, na Europa e no resto do mundo.
O golpe fracassado contra Erdogan também foi desajeitado e irracional. Ninguém o ama, mas você não pode derrubá-lo com jogos palacianos inexperientes. E saiu fortalecido. E também é irracional que, nos Estados Unidos, cidadãos negros enraivecidos atirem na polícia, que se tornará ainda mais perversa.
Em suma, parece que o espírito da época escapa à racionalidade. Já aconteceu. Todo o interlúdio entre a Primeira Guerra Mundial e a Segunda Guerra Mundial trouxe a irracionalidade ao poder. A perda da razão alimenta uma escalada para o uso da força e o advento de homens fortes.
Na corrida para a eleição presidencial de 8 de novembro, isso pode dar a Donald Trump uma clara vantagem sobre Hillary Clinton, cuja liderança já está diminuindo nas pesquisas. Se isso acontecer, será preciso ver se Trump faz parte da solução ou do problema.