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Tlc, os cortes chocantes da British Telecom e da Vodafone atestam a crise de um setor deslocado pelas OTTs: o Governo sabe disso?

Os sinais de choque que chegam do Reino Unido deixam clara a crise estrutural das telecomunicações que se baseia sobretudo no avanço ilimitado dos gigantes da Internet - É hora de o governo Meloni acordar e exortar a Europa a fazer a sua parte

Tlc, os cortes chocantes da British Telecom e da Vodafone atestam a crise de um setor deslocado pelas OTTs: o Governo sabe disso?

Dois golpes de machado em poucos dias para os gigantes britânicos de telecomunicações certificam que, sem intervenções extraordinárias, o declínio de um setor outrora vanguardista corre o risco de se tornar irreversível sob todas as bandeiras. Tornou-se CEO da Vodafone Grupo há poucos dias, Margherita Della Valle não perdeu tempo e anunciou o corte de 11 postos de trabalho em três anos. Ontem foi a vez de Telecom britânica lançar um sinal ainda mais dramático: 55 empregos a menos até 2030, quando toda a força de trabalho da BT cairá pela metade dos atuais 130 funcionários para apenas 75.

TLC: A ASCENSÃO DE OUTUBRO É A VERDADEIRA FONTE DA CRISE

Culpe o Brexit? Culpe a chegada deInteligência artificial? Há também isto na crise dos dois gigantes britânicos das telecomunicações, mas o declínio desta indústria que afecta todo o mundo e sobretudo a Europa tem outras origens: a concorrência desenfreada de preços, a regulamentação excessiva, os custos das novas frequências, a onerosidade das investimentos, mas sobretudo o avanço do Over The Top (OTT), os gigantes da Internet. A principal causa do declínio dos grandes grupos telefônicos é muito clara e está, há anos, na ascensão sem limites dos gigantes da Internet que obtêm enormes lucros em redes cujos custos - investimentos, pessoal, dívidas - são todos suportados pelos grupos de telecomunicações que as possuem.

Não podemos continuar assim e não é por acaso, como recordou esta manhã o Il Sole 24 Ore, que os grandes grupos europeus de telecomunicações - desde Deutsche Telekom a Laranja e Telefonica a Tim – apresentou uma proposta ao Ue para "apresentar uma lei destinada a impor o compartilhamento de custos às empresas de Big Tech e OTT para a implantação de 5G e banda larga na Europa".

TIM: OS MOTIVOS DA VENDA DA REDE E A URGÊNCIA DO GOVERNO ACORDAR

É, pois, deste ponto de vista que se deve encarar a complexa venda da rede da Tim, sobrecarregada pelas dívidas da infeliz OPA de 1999 que a atingiu de morte. O CEO da companhia telefônica italiana, Pietro labriola, ele já explicou várias vezes: com a modesta lucratividade atual da Tim, não há possibilidade de cancelar a dívida e, portanto, a venda da rede, a transformação da empresa e a solicitação de novas regras europeias anti-OTT. de uma crise que de outra forma não teria retorno.

Depois de muitas palavras ao vento que confundiram muito o mercado e penalizaram as ações da Tim na Bolsa de Valores, chegou a hora do Governo acordou e compreendeu a dramaticidade dos sinais vindos da Vodafone e da BT para fazerem a sua parte no país, levando a UE a intervir e a esclarecer como proceder na venda de um ativo estratégico como é a rede. Nas últimas horas, um rascunho foi divulgado pelo Ministério das Empresas que supostamente está estudando um fundo de 1,5 bilhão para apoiar os TLCs italianos. Está tarde? Definitivamente sim, mas antes tarde do que nunca se as promessas forem realmente seguidas pelos fatos.

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