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Telecom-Telefonica, um divórcio anunciado

Após a queda de 14 para 8%, é provável um recuo total dos espanhóis em relação à empresa italiana - Uma possível vantagem para a futura Telecom passa pelo acordo em terras cariocas entre Tim Brasil e Gvt - Duas partes podem surgir na Itália: a ex-incumbente e Sky (que visa multiplexes Ti Media) contra o eixo Mediaset-Telefonica em Premium.

Telecom-Telefonica, um divórcio anunciado

Nenhum acionista da Telecom Italia pode mais contar com uma participação de dois dígitos. Quando o "cozido" da Telco estiver concluído (transação que ficará concluída até ao final do ano), a Findim de Marco Fossati vai encontrar-se no segundo lugar entre os fortes accionistas do ex-incumbente da tcl com uma quota ligeiramente inferior à da Telefonica (abundantes 5% contra cerca de 8%), a menos que, entretanto, alguma mão forte não tenha hipotecado as acções dos antigos accionistas da Telco, nomeadamente Generali, Intesa e Mediobanca. 

Estas e outras considerações são necessárias depois do último golpe de teatro na casa das Telecom, saudado na Bolsa com uma queda acentuada, na ordem dos 2,7%, espelhando a forte subida de ontem, quando a cotação ultrapassou os 0,90 euros. Vamos tentar entender o porquê e, principalmente, o que podemos esperar desse verão louco e turbulento.

A) Na noite de quarta-feira, como se sabe, a Telefonica anunciou o lançamento de um 750 milhões de títulos conversíveis em ações da empresa italiana. Este é um valor igual a cerca de 6% do capital ordinário. Desta forma, a participação do grupo espanhol através da Telco cai dos atuais 13 para 8%. 

B) A queda na Piazza Affari não surpreende as operadoras: quem tem posição aberta na Telecom, de fato, vende a ação e subscreve o título para manter a exposição inalterada, ainda mais garantida pelo rendimento do título.

C) Por que a Telefonica encolheu para a Telecom Italia? A resposta é unânime: Madri teve que se curvar aos pedidos do Cade brasileiro, que lançou um ultimato peremptório: ou a Telefonica caiu abaixo de 10% na empresa italiana que controla a Tim Brasil, ou teria que ceder a Vivo, subsidiária no país sul-americano. Daí a decisão de dar um passo atrás. 

D) E agora? A venda, sublinha Equita Sim, “foi ditada pela necessidade de cumprir as disposições do Código da Concorrência brasileiro. É, portanto, uma venda forçada e não inspirada por considerações estratégicas ou oportunidade financeira". Mas, dada a ausência de sinergias industriais entre a Telefonica e a Telecom, não é preciso muito para entender que o grupo madrilenho está, olhando para frente, pronto para vender o que hoje é uma participação financeira com um único valor estratégico: acompanhar de perto o decisões sobre o futuro da Tim Brasil, agora apenas concorrente. A retirada, portanto, poderá ocorrer em curto ou médio prazo, conforme cronograma a ser acordado com os demais ex-sócios da Telco. Ninguém quer uma venda confusa.

E) Não é difícil imaginar que um caminho possível para a futura Telecom passe pelo acordo em terras cariocas entre a Tim Brasil e a Gvt, subsidiária da Vivendi, grupo francês presidido por Vincent Bolloré, segundo acionista do Mediobanca. O casamento no Brasil daria vida a uma empresa forte tanto no fixo quanto no móvel, entre outras coisas abençoada pela presidente Djlma Roussef, que visa diminuir o número de concorrentes. 

F) A essa altura, a Telecom poderia manter uma posição estratégica no front brasileiro e aproveitar o clima de recuperação do mercado doméstico. Conforme aponta um relatório do JP Morgan, as perspectivas industriais estão melhorando na Itália por pelo menos dois motivos: a reorganização do mercado, a começar pela provável integração entre Wind e 3 e a ressurreição da telefonia fixa, relançada pela tecnologia, e a expansão de novos serviços.

G) Nesse contexto, jogos impensáveis ​​até recentemente estão se abrindo para a empresa pública Telecom Italia. Por um lado, o debate sobre os investimentos na nova rede (ou em soluções menos dispendiosas) em que a F2 I o Cdp setssa poderia desempenhar um papel. Por outro lado, é claro que a Telecom Italia estará envolvida na competição entre mídia de TV, Internet e TLC para combinar poder de transmissão e conteúdo. E assim a retirada da Telefonica da Telecom Italia não está em contradição com o nascimento de duas "partes": a ex-incumbente aliada da Sky (que pretende ter seus conteúdos rodando em multiplexes Ti Media) contra o eixo Premium entre Mediaset e Telefonica.

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