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Muitas crises globais em poucos anos e seus efeitos no sistema produtivo italiano: erros a não repetir

O último livro de Giorgio Brunetti, economista de negócios de longa data, nos lembra o que aconteceu entre 2007 e 2021, período que marcou profundamente a história política e econômica italiana, inclusive em termos de estruturas produtivas.

Muitas crises globais em poucos anos e seus efeitos no sistema produtivo italiano: erros a não repetir

Vivemos na era das crises. Não temos tempo de sair da escuridão do túnel de um em que imediatamente entramos, como um comboio lançado a toda a velocidade, para a escuridão total do seguinte. Tanto que até a história do trágico período de 2008 a 2021, em que o Grande crise financeira, a crise da dívida soberana e o pandemia, envelhece precocemente porque é rapidamente ultrapassado pela crônica que conta uma nova tragédia, como é o guerra desencadeada pela Rússia contra a Ucrânia.

DA GRANDE CRISE FINANCEIRA À PANDEMIA, GUERRA E CHOQUE ENERGÉTICO

Guerra que traz como corolário a mais grave crise energética que a Europa conhece desde o primeiro choque do petróleo, há meio século. Tanto porque o racionamento do fornecimento de gás russo é uma arma de chantagem para enfraquecer a vontade europeia de defender a liberdade dos ucranianos, como porque tal racionamento ocorre quando o Velho Continente está envolvido na já difícil transição para novas fontes de energia e zeramento de CO2 emissões.

Essa rápida obsolescência provavelmente atingirá também Entre uma crise e outra, o último trabalho de Giorgio Brunetti, que narra precisamente as origens, desdobramentos e consequências para o tecido produtivo italiano das três grandes crises indicadas acima. Brunetti é uma pessoa de grande valor humano e profissional. No nível humano, graça, gentileza, sorriso, carinho, ironia, disponibilidade, curiosidade, honestidade, justiça e alegria de viver falam alto e bom som em homenagem a Giorgio. A nível profissional, o Professor Brunetti lecionou Estratégia e Política Corporativa na Universidade Bocconi em Milão por quinze anos e agora é Professor Emérito. Ao mesmo tempo, ele fez parte de muitos conselhos de administração e foi consultor de muitos empresários, principalmente do Veneto, pois é um veneziano de Cannaregio.

Brunetti tem outro dom: escreve de forma cristalina, portanto agradável. Sem floreios estilísticos. Isso ajuda o leitor, mesmo que não seja um especialista, a acompanhar os eventos nada simples que ocorreram nesses perigosos quinze anos. A história narrada neste volume começa, de facto, no verão de 2007, com os primeiros sinais da crise financeira, não sem antes recordar em poucas linhas o que foi relevante anteriormente para provocar a própria crise. E Brunetti, apesar de ser um contador de histórias, um homem que gosta de ouvir e contar a história das pessoas, não gosta de se alongar. Suas publicações são apreciadas também porque são curtas (neste caso, 150 páginas finas).

Voltando à era das crises, pode-se perguntar se realmente houve um tempo sem elas. Tomemos o período do final da Segunda Guerra Mundial até hoje, talvez o mais pacífico e tranquilo da história da humanidade. E temos que listar: Guerra da Coréia, invasão soviética da Hungria, crise de Cuba, guerra do Vietnã, movimento juvenil, outono quente, primavera de Praga sufocada em sangue pela URSS, golpes de Estado dirigidos por outros na América do Sul, inconversibilidade do dólar e desordem monetária internacional, choques do petróleo, estagflação na década de 70, dissolução da URSS, crise do Sistema Monetário Europeu, explosão da ex-Iugoslávia, concorrência chinesa, bolha ponto.com, terrorismo islâmico, guerra no Iraque... Na época em que esses eventos se desenrolaram, eles mesmos pareciam o fim do mundo. Por exemplo, nos relatos dos adultos da época, a crise cubana foi vivida como o início da terceira guerra mundial.

E, no entanto, não podemos negar que as últimas crises foram um crescendo rossiniano (Brunetti adora música clássica e ópera). Então, de que serve uma história que na verdade é apenas um capítulo de uma história mais longa e inacabada, e da qual ninguém sabe o fim, nem como nem quando?

Na verdade, os acontecimentos narrados por Brunetti são muito úteis para nós, italianos: sendo um povo de memória pobre, este livrinho poderia nos ajudar a relembrar os acontecimentos da crise de 2010-2011. Tendo em vista eleições e considerando as incríveis promessas dos partidos (especialmente do centro-direita), não seria de admirar se nos encontrássemos novamente em apuros. Diz-se que a história se apresenta primeiro como uma tragédia e depois se repete como uma farsa. E de fato tudo o que está acontecendo na atual campanha eleitoral soa muito ridículo. Mas temo que no final teremos muito pouco do que rir.

A CRISE, OS EFEITOS NO SISTEMA DE PRODUÇÃO E OS DESAFIOS DO FUTURO

Um elemento único deste volume é que Brunetti, em cada capítulo, insere uma visão interessante sobre o tecido produtivo Italiano, seus sofrimentos e suas vitórias, suas fraquezas e suas virtudes. E mesmo nisso há muito a aprender no mundo dos negócios e no mundo de quem pretende governar o país.

Finalmente, Giorgio nos dá sua visão do futuro e os desafios que nos esperam em dezesseis pequenas páginas. Não adianto nada, para deixar ao leitor a curiosidade de descobrir seu conteúdo.

Ps: nem tudo que Brunetti escreve é ​​aceitável; de fato, às vezes algumas de suas leituras dos eventos são passíveis de crítica. Mas um pouco de palha não desperdiça muito grão.

°°°°Giorgio Brunetti, Entre uma crise e outra. História da economia italiana nos últimos 15 anos, Bollati Boringhieri, Turim 2022, p. 160, 14,00 euros.

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