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Se as novas regras de falência são uma oferta pública de aquisição de bancos alemães sobre poupadores italianos

DO BLOG ADVISEONLY – As novas regras a aplicar aos bancos em risco de falência decididas pelo Ecofin só entrarão em vigor a partir de 2018, mas correm o risco de criar desde já graves problemas aos bancos de países menos estáveis, provocando fugas de capitais.

Se as novas regras de falência são uma oferta pública de aquisição de bancos alemães sobre poupadores italianos

O aperto de neurônios dos ministros das Finanças europeus em regras a aplicar aos bancos em risco de falência já foi excelentemente resumido neste blog, juntamente com oimpacto que poderia ter sobre poupadores e empresas.

Estou interessado apenas em fazer algumas reflexões mesquinhas adicionais.

Para Michael Noonan, ministro das Finanças da Irlanda, estamos perante “um marco no caminho que nos leva a quebrar o círculo vicioso entre Estados e bancos”. Mas pense… parece-me mais do que tudo que os políticos de países ricos como a Alemanha e a Finlândia conseguiram minimizar o risco de que seus eleitores, como contribuintes, tenham que resgatar bancos em outros países. Então eles, os políticos, talvez sejam reeleitos e não empalados.

Predominou uma linha de pensamento tipicamente teutônica que parece ser mais ou menos assim para clientes e poupadores: “Você deu dinheiro para aquele banco? É um SUA escolha de investimento. Então cuide-se." Excepto então, quem sabe, levantar objecções caso o banco à beira da falência venha a ser de nacionalidade alemã (um pouco como aconteceu em 2003 ao nível das contas públicas, quando Alemanha e França violaram o Pacto de Estabilidade). Eu sou reconhecidamente um mau pensador.

contudo, este acordo, este "marco", segundo o futuro ministro irlandês Noonan, aumenta os riscos para os poupadores, espero que esteja claro para você. O caro e ilíquidos títulos bancários que alguns de vocês compraram, provavelmente sem conhecer bem a ferramenta ou ações bem camufladas, hoje são ainda mais arriscadas e fedorentas em média. O mesmo para mim depósitos, se você estiver além do limiar de 100 mil euros. Agora, mais do que nunca, é necessário ler atentamente os contratos e as notas informativas.

vou te dar uma dica: agora espero que, sutilmente, bancos de países considerados de constituição sólida e robusta, como a Alemanha por exemplo, se apresentem, oferecendo a vocês seus títulos, mostrando a solidez de suas contas e o quão fantásticos são seus títulos (ou depósitos ) são).

Minha opinião vale como figos secos. Mas por mim o que for decidido na Europa, em caso de problemas graves, só vai causar medo e desestabilização. Pense bem: se o cheiro de incumprimento de um banco italiano, sabendo que os depósitos podem ser tocados, não acreditam que o as pessoas vão correr para coletar suas economias? O que você faria? Você não acha que muitos, por prudência, já estão levando avante a obra?

Assim, bancos nos países mais problemáticos estarão em desvantagem, porque é justamente aí que a fuga de capitais vai se concentrar. Bem, estamos diante de um gênio processo de geração de problemas. Talvez o "círculo vicioso" citado pelo lúcido ministro irlandês para criá-lo tenha sido quebrado outro ainda pior, porque vai para tocar a confiança dos poupadores (deveria ser tabu).

É preciso dizer que o acordo pode ser modificado (mas dificilmente em substância) e entrará em vigor em 2018. Mas direi desde já: antenas muito certeiras na hora de lidar com seu banco, agora mais do que nunca.

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