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Putin: Rússia pronta para intervir na Ucrânia, tensão disparada com Obama

O Presidente russo obteve autorização parlamentar, mas a decisão final ainda não chegou – Tensões disparadas com a comunidade internacional – Obama: os EUA “condenam a intervenção, Moscovo retira as suas tropas” – UE: “A Rússia respeita os tratados internacionais” – O ucraniano embaixador na ONU: “15 soldados russos já estão na Crimeia”.

Putin: Rússia pronta para intervir na Ucrânia, tensão disparada com Obama

Vladimir Putin está pronto para enviar o exército para a Crimeia. O presidente russo solicitou e obteve autorização parlamentar, mas a decisão final ainda não chegou. Moscou joga no fio da meada da tensão e preocupação da comunidade internacional, cada vez mais alta, pelo cabo de guerra em curso com a Ucrânia. Por meio de seu porta-voz Dmitri Peskov, Putin expressa "a esperança de que Kiev ponha fim à escalada", sugerindo que não irá além do provável ponto sem retorno se as novas autoridades ucranianas adotarem conselhos mais brandos.

O próprio Conselho da Federação, que autorizou o envio de tropas para a Crimeia, pede que "se realize uma ação diplomática junto às estruturas políticas de Kiev, a fim de recolocar a situação no marco constitucional". Um apelo sobretudo à UE, que se reunirá urgentemente com os seus ministros dos Negócios Estrangeiros na segunda-feira para decidir o que fazer. Além disso, a crise está se espalhando para o leste da Ucrânia e isso também é uma fonte de alarme crescente. Os senadores russos também pediram que o embaixador russo fosse chamado de volta de Washington: Putin também está ganhando tempo com isso. 

Em um telefonema de 90 minutos, Putin disse ao presidente dos EUA, Barack Obama, que "Moscou se reserva o direito de proteger seus interesses e os interesses dos russos se houver violência na Crimeia e no leste da Ucrânia". Uma nota do Kremlin revela isso. Em vez disso, a Casa Branca anunciou que Obama disse a Putin que os Estados Unidos "condenam a intervenção militar russa no território ucraniano" e também convidam a Rússia a reduzir a tensão "retirando suas forças armadas e devolvendo-as às bases na Crimeia para impedir qualquer interferência deles em qualquer outro lugar dentro da Ucrânia”.

O presidente dos EUA acrescentou que “os Estados Unidos não participarão das próximas reuniões preparatórias do G8. Essas contínuas violações do direito internacional por parte da Rússia – argumenta Obama – levarão a um maior isolamento político e econômico de Moscou”. A chefe da política externa da UE, Catherine Ashton, também pediu à Rússia que respeite os tratados internacionais e se abstenha de uma intervenção armada na Ucrânia. Mas o embaixador ucraniano na ONU Yuriy Sergeyev, citado pela CNN, denuncia que "quinze mil soldados russos já estão na Crimeia".

A região, com o apoio de Moscou, parece ter decidido seguir seu próprio caminho, oposto ao pró-europeu do novo primeiro-ministro ucraniano Arseni Yatseniuk e do presidente interino Olexandr Turchynov. Com a fuga de Viktor Yanukovych e a instauração em Kiev de um bloco de poder que o Kremlin considera anti-russo, a situação acelerou-se fortemente, centrada na península, onde os poderes foram assumidos pelo novo governador Serghei Aksyonov, que convocou um referendo sobre a situação da região para 30 de março. O risco de secessão da Crimeia, que faz parte da Ucrânia desde 1954 e tem uma grande maioria russa, parece mais real do que nunca, considerando que as autoridades de Simferopol pediram explicitamente a ajuda da Rússia.

De Kiev, Yatseniuk e Turchynov, que declararam não reconhecer Aksyonov, acusaram o Kremlin de querer desestabilizar a Ucrânia, falando em agressão contra a soberania. No entanto, em várias cidades do país, nas regiões leste e sul mais próximas da Rússia, houve manifestações a favor de Moscou.

Depois de três meses com o oeste da Ucrânia em tumulto, com palácios do poder invadidos e declarações beligerantes de ultranacionalistas tanto ao então presidente Yanukovych quanto à Rússia, a comunidade internacional agora enfrenta uma degeneração da crise no leste e no sul do país, onde a mudança de regime em Kiev suscitou reações opostas às do Ocidente. Pravyi Sektor, a linha dura dos protestos de Maidan - que deu um ultimato a Viktor Yanukovych na última sexta-feira, apesar de o acordo para uma saída compartilhada da crise ter sido assinado entre o ex-presidente e a então oposição - hoje ele pediu todas as suas unidades para mobilizar armadas para a defesa da soberania nacional e "a destruição do império russo".

O “Setor de Direita” reúne vários movimentos extremistas e paramilitares, que segundo informações do semanário alemão Der Spiegel já formaram alianças com elementos radicais da minoria tártara na Crimeia para realizar ataques contra alvos russos.

O Conselho de Segurança Nacional foi convocado com urgência em Kiev liderado pelo recém-nomeado presidente Andrei Parubyi, ex-comandante do Maidan, pró-governo próximo a Yatseniuk e Yulia Tymoshenko, mas com um passado recente ao lado do nacionalista Oleg Tihanybok como fundador do Partido Ucraniano social-nacionalista (mais tarde renomeado Svoboda). Já no domingo o parlamento se reunirá em sessão extraordinária, após a reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde a Rússia tem o mesmo direito de veto que os demais membros. Em seguida, na segunda-feira, os ministros das Relações Exteriores da União Europeia discutirão a emergência que, a partir da Crimeia, corre o risco de infectar as outras regiões de língua russa da Ucrânia.

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