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Títulos MPS: devo me preocupar?

DO BLOG ADVISE ONLY – Mps precisa de 5 bilhões de euros de capital, mas faltam ofertas e o estoque sofre (novamente) na Piazza Affari. Vejamos o que os obrigacionistas do grupo de Siena arriscam em termos concretos.

Nos últimos dias, as notícias do Monte dei Paschi di Siena fizeram muitos poupadores pularem de seus assentos e os preços das ações da Borsa Italiana aceleraram para baixo – o gráfico a seguir fala por si. Agora, com calma, vamos ver o que aconteceu e o quanto há com o que se preocupar.

O FATO: A CONVERSÃO DE TÍTULOS SENIORES SEM GARANTIA

Premissa: o Banca Mps precisa de capital, 5 bilhões de euros, e no momento o mercado certamente não está repleto de investidores ansiosos para investir na antiga instituição sienense. Assim, em poucas palavras, se não vem do mercado, o dinheiro deve vir dos obrigacionistas, em estrita ordem hierárquica de subordinação, do mais arriscado ao mais seguro - se estas palavras soam tão obscuras quanto a linguagem de Mordor para você, leia aqui quais são os graus de subordinação dos títulos e como eles funcionam.

Nesse contexto, surge a ideia do banco italiano mais imaginativo: além da conversão em ações (também chamada de swap de dívida-capital) dos títulos subordinados Tier 1 e Tier 2, o Banca Mps reserva-se a possibilidade de oferecer o conversão em ações, incluindo obrigações seniores.

QUANTO OS OBRIGATÓRIOS DEVEM SE PREOCUPAR?

Um pouco e muito. Mas vamos proceder em ordem. Os detentores de títulos seniores sem garantia precisam se preocupar relativamente pouco (os com garantia são, como o nome sugere, cobertos pela garantia), já que a hipótese de conversão é, justamente, apenas uma hipótese. E, sobretudo, não seria uma obrigação, mas uma hipótese de oferta de conversão. Oferta que pode ser recusada: é difícil que os termos da oferta sejam mais atraentes do que um bolo de carne esquecido na geladeira.

Como bem observou Mario Seminerio durante o programa de rádio "I Conti della Belva" no dia 5/11 (do qual também participei), basta aplicar um pouco de teoria dos jogos para perceber que, se alguma vez essa oferta fosse concretizada, os provavelmente seria melhor para o detentor do título recusar e ver o que acontece. Na pior das hipóteses, o banco será resgatado - se esse é um termo misterioso para você, aqui encontre a explicação - e antes que os títulos seniores não garantidos se envolvam, leva muito tempo.

O maior risco é que o banco tente convencer os poupadores da "fabulosa oportunidade de converter títulos seniores em ações MPS". Persuasão não falta, dada a quantidade de títulos subordinados colocados junto aos poupadores no passado. Então: é só uma hipótese, mas cuidado, porque, quando encurralado, o MPS vai tentar converter qualquer coisa em ações, até garrafas de Chianti, lotes de banha Cinta Senese e finocchiona.

O próprio fato de temer uma possível conversão de títulos seniores é um grande erro de comunicação: certos tabus não devem nem ser tocados (sobre o assunto "coisas que é melhor não dizer, principalmente se você for um banco" vou volte logo).

COMO É A MASSA DO MONTE DEI PASCHI?

No geral, a situação do banco é certamente preocupante, pois carece de uma estratégia convincente de médio e longo prazo – caso tenha curiosidade, eis plano de negócios MPS. Acima de tudo, falta um investidor para tomar as rédeas da situação: o Lancelot que lança o banco em segurança é atualmente indetectável.

A situação é de molde a fazer com que o banco sienense declare, colocando a preto e branco no documento destinado à assembleia geral, que a recapitalização depende do resultado do referendo constitucional de 4 de Dezembro. Gesto irresponsável.

É verdade que todos sabem que existe uma ligação íntima entre o governo de um país e seu sistema bancário (relembro que o MPS é o terceiro maior banco italiano), já que os bancos são empresas "especiais", centrais para o funcionamento da máquina econômica. E todos sabem que o referendo constitucional será um cheque importante para a Itália.

Mas algumas coisas também não podem ser ditas publicamente. Na vida algumas coisas podem ser deixadas de lado, certo? Mas não, o MPs achou por bem escrevê-los em um documento oficial, que foi direto para as primeiras páginas dos jornais. Portanto, agora o risco sistêmico associado ao referendo constitucional é agravado. E o Mps se mostra, mais uma vez, um grande compêndio dos erros que um banco pode cometer, até mesmo na comunicação corporativa.

Com a incerteza em torno da futura propriedade do banco, se não for encontrado um grande investidor para o MPS, é muito provável alguma forma de envolvimento dos detentores de títulos subordinados, mesmo de varejo, não adianta contar histórias: a probabilidade de inadimplência em 1 ano sacado das cotações do CDS está atualmente igual a 44% para MPS (sim, quarenta e quatro, mas oscila muito... na sexta estava em 65%...), duas ordens de grandeza acima a da Intesa Sanpaolo, e uma ordem de grandeza maior que a da Unicredit – e ordens de grandeza são quase tudo na vida…

fonte: Aconselhar Blog

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