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Imposto único mata a classe média: diz ex-ministro Visco

Rejeição contundente ao imposto único, a bandeira da centro-direita, por Vincenzo Visco, ex-ministro da Fazenda e agora membro da LeU com Bersani e D'Alema - Em sua opinião, o imposto único recompensa os ricos, não pune os pobres mas destrói dramaticamente as classes médias.

Imposto único mata a classe média: diz ex-ministro Visco

Vicenzo Visco, ex-Ministro das Finanças e da Economia, um dos maiores tributaristas italianos rejeita sem recurso a taxa fixa pela sua característica de abandono do princípio da progressividade, com a consequência de penalizar "drasticamente" as classes médias e "beneficiar muito" a rico.

“A proposta fundamental da direita nesta campanha eleitoral – explica Visco em discurso, recém publicado, no site do Inpiù – é representada pelo flat-tax, o imposto com alíquota única (proporcional) para todos os rendimentos e com a progressividade confiados a deduções com o objetivo de proteger os rendimentos mais baixos, e, portanto, a chamada área não tributária é levantada para que não se possa dizer que a proposta prejudica os pobres. E de fato é verdade: a proposta não prejudica os pobres, ou seja, aqueles com renda de subsistência. Por outro lado – sublinha o economista – a proposta beneficia muito os ricos e penaliza drasticamente as classes médias ou seja, contribuintes situados nos decis centrais da distribuição do rendimento, ou seja, entre 15 e 50 euros”. De facto "pelo mesmo montante de receitas, de facto, um imposto fixo face a um imposto escalonado tradicional reduz os impostos dos ricos e aumenta na mesma medida o impacto sobre as classes médias, já penalizadas pela polarização da distribuição do rendimento, pelo desemprego e cortes no bem-estar. A importância das classes médias para o bom funcionamento e coesão da sociedade já era bem conhecida de Aristóteles (Política, livro IV, cap. I), mas é evidentemente negligenciada no debate político atual”.

De acordo com Vincenzo Visco “a proposta de taxa fixa pum também o problema mais geral da progressividade dos impostos: se a progressividade é assegurada apenas por deduções, ela é aparente e representa uma intervenção de natureza substancialmente assistencialista, enquanto a alíquota é a mesma para todos, ricos, pobres e classes médias. Pode-se perguntar se isso está certo, e esta questão está no centro da reflexão de filósofos, pensadores sociais, religiosos e políticos desde tempos imemoriais. Já no Antigo Testamento há afirmações a favor da progressividade dos impostos; já era praticado em Atenas no tempo de Sólon, e na Europa, mas também na Ásia, na Idade Média e posteriormente".

“Adam Smith, que era um filósofo moral – lembra o ex-ministro – não era muito favorável às intervenções públicas na economia, mas escreveu: “Não é descabido que um rico contribua um pouco mais do que a simples proporcionalidade com relação à renda". Em essência, a proposta em discussão hoje expressa um colapso dramático da consciência e postura ética em nossa sociedade: os ricos não querem contribuir para o financiamento do bem-estar dos pobres, enquanto as classes médias perderam não só status e papel, mas também a consciência de sua identidade e função”.

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