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A rejeição da UE à manobra italiana paira sobre a bolsa e se espalha

O cabo-de-guerra entre o governo italiano e a Comissão Europeia sobre a manobra orçamental está a afetar os mercados, já testados pelo desconhecido Brexit e pelos efeitos da crise do petróleo na Arábia Saudita – a Piazza Affari está no seu nível mais baixo desde março de 2017 – Vendedores a descoberto em bancos

A rejeição da UE à manobra italiana paira sobre a bolsa e se espalha

Considere a crise diplomática da Arábia Saudita, que cria problemas para as estratégias de petróleo dos EUA. Acrescente-se a delicada situação da União Européia, às voltas com a recusa do governo italiano em revisar a lei orçamentária. E misture tudo à luz da posição instável de Teresa May, que não consegue fazer um acordo do Brexit (esta manhã a libra é negociada a 1,1296 em relação ao dólar).

O resultado é um coquetel indigerível para as finanças globais, que já lutam contra a guerra de tarifas e o risco de um retorno à Guerra Fria após as últimas ações de Donald Trump sobre os tratados de não proliferação nuclear.

As tabelas de preços asiáticas registraram a onda de incerteza geral nesta manhã.

As bolsas de valores asiáticas estão todas em baixa. Tóquio perde 2,3%, Seul 2,5%.

As bolsas chinesas também caíram após a melhor sessão dos últimos três anos. Índice CSI 300 de Xangai e Shenzhen -1,7%, índice Hang Seng de Hong Kong -2,3%.

A cruz dólar-yuan chinês está perto de suas máximas desde o final de 2016 em 6,94. As tensões continuam altas entre os Estados Unidos e a China, tendo em vista o encontro entre Donald Trump e Xi Jinping, marcado para o final do mês em Buenos Aires, onde acontecerá o G20. O conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, reclamou em entrevista ao Financial Times da atitude não cooperativa da China.

Tanto o índice Dow Jones (-0,5%) quanto o índice S&P 500 (-0,43%) estiveram fracos em Wall Street ontem. O Nasdaq sobe (+0,26%) graças ao impulso da Intel e da Amazon, que divulgarão as contas trimestrais esta semana, juntamente com a Alphabet e outras empresas do setor de tecnologia.

O rendimento dos títulos cai: o Tesouro de 3,17 anos é negociado a 2,3%. As ações dos bancos foram afetadas: Goldman Sachs -XNUMX%.

O petróleo continua flutuando em torno de 80 dólares (79,7 dólares a cotação do Brent nesta manhã). Diante do embargo ao Irã e sob pressão internacional pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, Riad se mostra muito cooperante: o ministro saudita do petróleo, Khalid al Falih, disse que, se necessário, a produção de seu país pode ser aumentou para 11 milhões de barris por dia.

Esta manhã, tanto os futuros de Wall Street quanto os de ações europeias registraram queda de 0,4%. É sobretudo a Itália que condiciona os ânimos. Em nota do Goldman Sachs editada pela estrategista Silvia Ardagna, nota-se que a Moody's se limitou a lançar um alerta inicial. Seria sensato se, antes do veredicto dos demais órgãos, a manobra fosse corrigida sobretudo na parte referente à reforma da previdência.

A REJEIÇÃO DA MANOBRA ITALIANA ESTÁ CHEGANDO

Hoje a situação ameaça piorar: o colégio de comissários da UE reunido em Estrasburgo à margem do plenário do Eurogrupo poderia proceder à rejeição do projeto de lei do orçamento italiano. Sebastian Kurz, o primeiro-ministro austríaco e atual presidente da UE, já se manifestou nesse sentido. Assim, pela primeira vez, surge a possibilidade de rejeição de uma lei orçamentária. Neste caso, a Itália terá três semanas para elaborar um novo texto que leve em conta as conclusões dos parceiros comunitários. Em seguida, o processo de déficit excessivo poderia abrir.

MILÃO ABAIXO DE 19, NO MAIS BAIXO DESDE MARÇO DE 2017

A Piazza Affari começou a semana em balanço. A recuperação inicial, em grande parte devido ao alívio de que a Moody's, apesar do corte do rating para Baa3, manteve a perspectiva italiana estável, desapareceu após a publicação do carta do Ministro Giovanni Tria a Bruxelas que reitera que o Governo se diz “confiante de que a manobra orçamental não irá expor a riscos a estabilidade financeira de Itália, nem dos restantes países membros da União Europeia”.

Desde então, a bolsa mudou de rumo: o índice Ftse Mib, após ter atingido a máxima de 19.467 (+2%) iniciou sua queda, fechando com queda de 0,60% em 18.966, a menor desde março de 2017.

O resto da Europa também enfraqueceu durante o dia, embora com quedas menos pronunciadas: Frankfurt Dax -0,26%, Paris -0,62%. Madrid faz pior (-0,98%).

Londres perde apenas 0,1%. Mas a preocupação com o Brexit pesou sobre a libra, que caiu abaixo de 1,30 em relação ao dólar.

O SPREAD SOBE ACIMA DE 300

Até os BTPs perderam parte do avanço registrado pela manhã na sequência do rebaixamento da Moody's durante a sessão.

O spread Btp/Bund fechou o dia em 302,50 depois de cair para uma mínima de 280. O yield de 3,30 anos caiu para 3,45%, antes de se recuperar aproximadamente aos níveis da última sexta-feira, em torno de XNUMX%.

CREDIT SUISSE CORTA RATINGS DE BANCOS

A reviravolta dos mercados atingiu em particular o setor bancário: após um início brilhante, o setor foi atingido por uma chuva de vendas após a publicação de um relatório do Credit Suisse que cortou os preços-alvo dos títulos em até 33%, antecipando o impacto negativo opinião das agências de rating que se pronunciarão após a Moody's. No entanto, o relatório também tem em conta o projeto de balanço apresentado na semana passada com o “imposto sobre os bancos” (um valor tributável agregado de cerca de 9 mil milhões a mais segundo os cálculos dos analistas). Os grandes nomes foram negativos: Intesa Sanpaolo -0,9% (o instituto decidiu proceder à fusão por incorporação da Cassa di Risparmio di Forlì e della Romagna) e Unicredit -1,9%.

DESCOBERTORES COMO BANCA BPM

Analistas do instituto suíço também constataram que o setor tem atraído short sellers em escala global. Os bancos italianos de médio porte, graças ao seu free float elevado, são alvo de especulação: o banco que mais vende a descoberto na Europa é o Banco Bpm, fechando ontem em -3,12% (subperform rebaixado) seguido pelo Bper (-3,65%) e Ubi (-2,18%).

MPS À CAÇA DE FUNDOS NAS HEDGES

Por falar em especulação, segundo o Financial Times, representantes do Monte dei Paschi (-5,31%) participaram no início do mês de reunião organizada em Londres pelo JP Morgan com alguns investidores especializados em operações de alto risco para garantir novos ativos ( 200 milhões) caso a situação o exija. O vice-primeiro-ministro disse ontem que “para já mantemos sob controlo as instituições de crédito. Estamos monitorando a situação". Segundo analistas do Credit Suisse, uma ampliação do spread de 100 pontos base reduz o patrimônio tangível do MPS em 4,2%, a maior reatividade entre os grandes bancos italianos.

As economias gerenciadas também estão sob fogo. Pelo quinto mês consecutivo, os resgates superaram as assinaturas na Europa. Enquanto isso, uma investigação do Consob certifica que os italianos, já os primeiros no Velho Continente na criação de novas poupanças, agora fecham a retaguarda.

Azimut cai 2%. Banca Generali -2,5% após anunciar a compra de 100% da Nextam Partners, que detém cerca de cinco bilhões de euros em ativos.

DEPOIS DE MARELLI: O CASO DA FCA NUNCA FOI TÃO RICO

A Fiat Chrysler (+2,98%) cuidou de dar um polimento na Piazza Affari, que concluiu a venda da Magneti Marelli por 6,2 bilhões de euros, (acima das estimativas circuladas no mercado) à japonesa CK Holding, da Calsonic Kansei Corp. (Grupo KKR). Espera-se que o negócio seja fechado no primeiro semestre de 2019. A Fiat Chrysler também assinou um contrato de fornecimento de vários anos com a Magneti Marelli CK Holdings. A Magneti Marelli Holdings terá um faturamento total de 15,2 bilhões de euros, ocupando o sétimo lugar no ranking mundial de componentes automotivos.

No final do ano a FCA terá 9 mil milhões de liquidez industrial líquida, o maior valor da sua história. Jefferies supõe um cupom extraordinário de 2 bilhões de euros.

A FEBRE DE FERRAGAMO EXPLODE

Outro tema quente, o destino de Salvatore Ferragamo (+7%). O que chamou a atenção do mercado foi o desaparecimento Wanda Ferragamo, viúva do fundador e presidente honorário da empresa familiar. A despedida de uma das figuras históricas do grupo pode reacender as hipóteses de uma venda da marca.

UM ÚLTIMO ADEUS A GILBERTO BENETTON, A MENTE DO GRUPO

Olhos em Atlantia e Autogrill na abertura de hoje. O capitalismo italiano teve que registrar mais uma derrota ontem: Faleceu Gilberto Benetton, 77 anos, a mente financeira do grupo Ponzano Veneto, ex-vice-presidente da Edizione, holding do grupo, da Autogrill e diretor da Atlantia, Mediobanca, Pirelli e Allianz.

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