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Grieco: "O nosso tablet já está no break even mas a Olivetti vai lançar em breve 2 novos Olipads"

por Franco Locatelli – A empresa Telecom Italia está entregando 30 tablets ao mercado e se prepara para lançar dois novos modelos de sete e dez polegadas com foco em competitividade de preço e qualidade – A meta é vender 100 Olipads no ano: “é ao nosso alcance”, afirma o CEO da Ivrea. “A inovação contínua é a nossa bússola”.

Grieco: "O nosso tablet já está no break even mas a Olivetti vai lançar em breve 2 novos Olipads"

Desde que se tornou herdeira de Marisa Bellisario no topo da Italtel, Patrizia Grieco, uma das poucas gestoras italianas de topo desde antes da invenção das quotas femininas, sempre gostou de desafios impossíveis. Quando há três anos o número um da Telecom Italia, Franco Bernabè, a chamou para liderar a Olivetti confiando-lhe a cadeira de diretora geral, muitos duvidaram que ela seria capaz de ressuscitar uma empresa cheia de emblemas, mas praticamente podre como a de Ivrea. Mas, se o relançamento da Olivetti pode parecer um desafio quase imprudente, o lançamento no mercado do Olipad, o primeiro tablet italiano após o boom do iPad, não parecia menos audacioso no início da primavera. É muito cedo para dizer se a Olivetti de Patrizia Grieco vencerá o desafio do tablet, mas os números dos primeiros três meses e os projetos que estão prestes a ser implementados parecem dar razão a ela também desta vez. “Uma coisa é certa: a Olipad já está no break even hoje”, diz o CEO da Olivetti nesta entrevista ao FIRSTonline.info.

FIRSTONLINE – Doutor Grieco, há três meses a Olivetti decidiu entrar no mercado de tablets com a Olipad: diante do boom do Ipad, não é uma empreitada desesperada?

GRIECO – Para responder, temos que imaginar que o mercado de tablets está dividido em duas partes: a primeira metade é monopolizada pela Apple e é, pelo menos por enquanto, inexpugnável, mas a segunda metade é um território livre que também pode ser atacado por players menores como nós. É precisamente nesta segunda vertente do mercado que nos posicionamos com um produto como o Olipad que é competitivo a nível de preço, pois custa cerca de 200€ menos que o iPad e oferece aplicações personalizadas para o mundo empresarial onde a Olivetti tem mais mais de uma carta para jogar.

FIRSTONLINE – No momento do seu lançamento, você anunciou que a meta da Olivetti é vender 2011 Olipads em 100 em um mercado que absorve 1 milhão de tablets por ano na Itália e mais de 44 milhões de tablets no mundo: não Parece uma meta muito ambiciosa?

GRIECO – Pela tendência dos primeiros meses, eu diria que não. Iniciamos no início de março e em menos de três meses já estamos em linha com nossos planos, que são deliberadamente conservadores. Os números falam por si.

FIRSTONLINE – Quantos Olipads foram vendidos até agora?

GRIECO – Só na Itália estamos entregando, a pedido dos distribuidores, cerca de 30 mil até julho, o que é um excelente resultado para nós e em linha com nossos objetivos que são focados em clientes em movimento. Se somarmos ao resultado italiano o potencial do mercado externo e em particular da Europa e Brasil e Argentina, onde só agora entramos com nosso tablet mas onde a presença do grupo Telecomitalia é muito significativa, fica claro que o meta de 100 Olipads a serem vendidos dentro do ano é tudo menos irreal.

FIRSTONLINE – Quantos Olipads você pretende vender na Itália e quantos no exterior?

GRIECO – Metade no mercado interno e a outra metade no exterior e sobretudo na América do Sul, aproveitando a oferta sinérgica com a Telecomitalia.

FIRSTONLINE – O alvo do seu tablet é o mercado consumidor ou o mercado empresarial?

GRIECO – Ambos. Em nossos planos de vendas, o mercado consumidor representa cerca de 30% do total e o mercado empresarial os outros 70%.

FIRSTONLINE – Como você planeja atacá-los? A rede de distribuição da Tim-Telecom é capaz de potencializar uma nova oferta comercial como a dos seus tablets?

GRIECO – No que diz respeito à oferta ao consumidor, alavancamos os canais de distribuição do grupo Telecomitalia, mas não descuramos outras potencialidades que queremos explorar – a partir de setembro – nas grandes redes de distribuição de eletrónica de consumo. No que diz respeito ao mercado empresarial, o tablet revela-se uma ferramenta ideal para servir o mundo da mobilidade apostando no know-how, na rede de distribuição dos concessionários Olivetti, no serviço de proximidade ao cliente, também graças a uma qualificação e difusão assistência. Não esqueçamos que a Olivetti conta com 4 operadores e técnicos distribuídos por todo o país.

FIRSTONLINE – Quando você vai começar a ganhar vendendo Olipad?

GRIECO – Já estamos no break even e isso por si só já é um ótimo resultado. Se atingirmos, como tudo indica, os 100 comprimidos vendidos no ano, teremos lucros capazes de melhorar a conta de resultados global, já impulsionada pela oferta mais inovadora, sem contar os efeitos das aplicações. Considere que de um mercado mundial de 44,6 milhões de tablets, o valor do mercado de aplicativos é de 30 bilhões de dólares. Além disso, a Olivetti tem outras novidades em carteira que em breve serão lançadas no mercado.

FIRSTONLINE – Em comprimidos ou em outro lugar?

GRIECO – Mesmo em tablets, porque o jogo é aberto e queremos jogá-lo da melhor forma possível, modulando cada vez mais a nossa oferta às expectativas do mercado e apostando na competitividade dos preços e na qualidade dos produtos. Ainda no ano lançaremos dois novos modelos Olipad mantendo um posicionamento de preço competitivo, custo-benefício: um tablet de 10 polegadas, como o que existe atualmente no mercado, mas mais fino e com tela melhor, e um tablet de 7 polegadas, mais fino e mais ágil, mas com excelente visibilidade.

FIRSTONLINE - O tablet é apenas a mais recente das inovações lançadas sob a sua gestão pela Olivetti e no ano passado surgiu a nova gama de netbooks/notebooks e no verão de 2009 a plataforma de gestão documental HDO: significa que Has Olivetti percebeu que é na encruzilhada entre renovar-se ou perecer e que a inovação contínua é a garantia de sobrevivência?

GRIECO – Sim, a inovação é a chave para a sobrevivência, mas isso não se aplica apenas à Olivetti. Aplica-se a todos. Um terço das empresas que em 1970 fizeram parte da lista da Fortune 500 das principais corporações americanas em 1983 já havia desaparecido. 98% das empresas americanas não vivem mais que 11 anos e na Europa e no Japão a vida média das empresas é de 12 anos. Muitas grandes empresas de TIC não estão mais no mercado: pense na Compaq, Burroughs, Bull, NCR, Mita, Minolta e muitas outras. Hoje os novos gigantes são jovens: o Google nasceu em 1999, o Facebook em 2004. Todo o cenário de referência está mudando e o mundo da Tecnologia da Informação – que vale 1.177 bilhão de dólares – vive revoluções de época que transformam o mercado. Habilidades, regras, ativos mudam e a taxa de inovação é muito alta, mas nenhuma empresa sozinha pode replicar as capacidades de inovação do mercado. Hoje a inovação segue um modelo híbrido, não é mais apenas endógena e o sucesso depende cada vez mais do ecossistema.

FIRSTONLINE – A Itália, porém, não parece estar em grande forma.

GRIECO – Infelizmente a crise económica e financeira complicou tudo e a Itália – onde a TI, incluindo software, assistência técnica e hardware, vale mais de 18 mil milhões e meio de euros mas padece de uma baixa cultura digital das empresas e da população – terá esperar até o final de 2011 para estancar as perdas sofridas nos últimos anos. Esperamos que mais cedo ou mais tarde se entenda que o investimento em TIC não é opcional e que cada euro gasto em TIC gera 1,45 euro de PIB.

FIRSTONLINE – Nesse contexto em constante mudança, como a Olivetti está se reposicionando?

GRIECO – Até dois anos atrás, a Olivetti ainda estava focada em produtos de TI. Diante da evolução do mercado de TIC e das novas oportunidades oferecidas pela Cloud, especialmente em sinergia com o grupo Telecomitalia, desde 2009 desenhamos uma nova estratégia de HW a Solution Provider com o desenvolvimento de uma oferta integrada de HW e SW, customizada para o cliente e apoiado por uma rede capilar de assistência. É neste contexto que nascem os novos produtos: a plataforma de gestão documental HDO, a nova gama de netbooks/notebooks com serviços integrados de PC e protecção de dados e agora o Olipad, o primeiro tablet italiano do mercado que, tal como os restantes telemóveis do O portfólio da Olivetti se encaixa perfeitamente na estratégia de "dispositivo capacitador". Por fim, a constante expansão da oferta de software e aplicativos de valor agregado para o negócio alimenta o armazém virtual Application Warehouse.

FIRSTONLINE – Mas onde você pretende obter os lucros?

GRIECO – Aproveitando nossos produtos proprietários e ofertas inovadoras. O desempenho da Olivetti em 2010 foi emblemático do novo rumo: contra um mercado de TI que caiu 10%, nosso faturamento, impulsionado por produtos inovadores, cresceu 12%.

FIRSTONLINE – A demonstração de resultados, no entanto, ainda está no vermelho.

GRIECO – Infelizmente, o brasão das marcas não chega e o reposicionamento não pode ser feito em um dia. Hoje, porém, a Olivetti voltou a ter futuro, mas ainda sofre com o peso de uma empresa que há anos não consegue se renovar. A estratégia de relançamento está traçada e nos próximos dois anos atingiremos o break-even com base numa oferta inovadora e continuamente enriquecida com novos produtos e novos serviços. Deixe-me dizer-lhe que para uma empresa que foi dada como morta até três anos atrás, este não é um resultado pequeno.

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